Você acredita em contos de fadas? A primeira coisa que me ocorreu ao iniciar a leitura foi: no mundo atual, é necessário acreditar, pelo menos enquanto lemos, para sobrevivermos ao mundo real. A segunda consideração é que temos uma excelente reinterpretação de diversas referências literárias e cinematográficas, e eu amei cada minuto desta história, e agora vou explicar o motivo.
A narrativa será conduzida por Izumi, uma jovem descendente de japoneses que reside em uma cidadezinha no norte da Califórnia. Esse simples fato de se sobressair por ser diferente dos demais sempre acompanhou Izzy, como ela gosta de ser chamada, gerando, além de situações de xenofobia, um questionamento adicional: onde eu me encaixo no mundo? Além disso, a identidade de seu pai sempre foi uma grande incerteza em sua vida, contribuindo para essa sensação de não pertença.
Me sinto em um filme antigo. É tudo muito O Grande Gatsby.
A partir do momento em que a identidade de seu pai é revelada, o mundo de Izumi muda completamente e nossa história se desenrola. Para mim, isso me lembrou uma deliciosa releitura de O Diário da Princesa em uma versão oriental, em um país com milênios de história e tradição — o Japão. Com a entrada do guarda-costas de Izumi na história, é evidente que esse casal, que não se entendeu inicialmente, vai estabelecer o clima romântico na história.
Acho que você é muito responsável com as coisas que lhe são importantes. Acho que você age com o coração.
Devo esclarecer que este não é um livro focado em um tema específico, mas consegue, com delicadeza e habilidade, tratar de todos eles sem torná-los superficiais ou dramáticos demais. Apesar de ser a narrativa de uma adolescente em desenvolvimento, com temas como identidade, pertença, drama familiar e xenofobia já discutidos nos capítulos iniciais, todos esses tópicos vão ser abordados de maneira muito cativante ao longo da trama. À medida que Izumi, agora uma princesa, vai descobrindo o significado de tradição, rituais e responsabilidades atribuídas, percebemos que para nos encontrarmos, precisamos nos perder e decidir qual direção queremos tomar.
As confusões, erros e situações constrangedoras em que ela se mete ilustram bem o quão desafiador é mudar e se adaptar em várias circunstâncias. No entanto, ela é humana o suficiente para chorar, sentir tristeza e reconsiderar suas ações, afinal, mesmo amadurecendo bastante ao longo da história, ela ainda é uma adolescente. Em relação ao crescimento, foi gratificante observar a evolução do romance e o conflito de Akio entre seu amor crescente por sua princesa e seu dever e honra. Embora Izumi tenha tanto desejo de experimentar esse amor com Akio, ela se sente ainda incapaz de atravessar a ponte que a separa do pai. Ela está em busca de aceitação, acolhida e aprovação, pois deseja deixar de ser uma estrangeira tanto nos Estados Unidos quanto no Japão.
Eu pensava que o mundo pertencesse a mim. Mas estava errada. Eu pertenço ao mundo. E às vezes... acho que, às vezes, nossas escolhas precisam refletir isso.
Sem dúvida, não seria simples para ela, que chegou e já se "acomodou na janela", lidar com alguns ressentimentos cultivados na família. As suas primas gêmeas ganham uma referência agradável que atenua o peso desses momentos de batalha silenciosa. Os instantes em que fazemos uma pausa com nossa querida protagonista em sua imersão na cultura, história e tradições japonesas são preenchidos com amizades à distância, novas direções de vida e um vínculo materno que se torna mais forte mesmo estando longe, e nossa Izumi não se sente desamparada, porque tem um porto seguro onde se refugiar.
Vocês perceberam que me apeguei bastante à história e, honestamente, amei descobrir mais sobre o Akio, não apenas como um par romântico. A leitura foi leve, divertida e equilibrada, proporcionando uma agradável viagem à cultura japonesa, respeitando os limites da ficção. O final foi surpreendentemente surpreendente, e a maneira como Izumi lidou com tudo me deixou ansiosa pelo próximo livro. Boa leitura e divirta-se!!
Informações Técnicas do livro
Uma Princesa em Tóquio
Emiko Jean
Título Original: Tokyo Ever After
Tradução: Raquel Nakasone
Ano: 2021
Páginas: 312
Editora: Seguinte
Sinopse:
Nesse conto de fadas contemporâneo, uma jovem atravessa o mundo em busca de pertencimento e um final feliz.
Izumi Tanaka nunca sentiu que pertence ao lugar onde vive. Afinal, ela é uma das únicas garotas com ascendência japonesa em sua cidadezinha natal, no norte da Califórnia. Criada apenas pela mãe, as duas sempre foram muito unidas -- até Izzy descobrir que seu misterioso pai é ninguém mais, ninguém menos do que o príncipe herdeiro do Japão. O que significa que Izumi é literalmente uma princesa.
Não demora muito até a família imperial japonesa ir atrás de Izzy e ela partir em uma viagem para Tóquio. Em meio a confusões com um jovem guarda-costas mal-humorado (apesar de lindo!) e com primos envolvidos em diversas polêmicas, a garota vai perceber que a vida da realeza está longe de ser só glamour. E, enquanto tenta conhecer o pai, talvez acabe encontrando a si mesma.
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