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25 setembro, 2020

Resenha :: O Martelo de Thor (Magnus Chase e os deuses de Asgard #2)

setembro 25, 2020 0 Comentários

  Pode conter spoiler do livro anterior.

Confira a resenha de A Espada do Verão, clicando aqui.



Eu já havia me redimido com o primeiro livro da trilogia depois de uma releitura anos depois e de uma mente mais aberta, mas, diferente de A Espada do Verão, eu sempre gostei da sua sequência, O Martelo de Thor, só não imaginava gostar mais agora do que antes! Sério, essa, com certeza, é uma das minhas séries favoritas do Tio Rick!

 

15 setembro, 2020

Resenha :: O Rei Demônio (Os Sete Reinos #1)

setembro 15, 2020 0 Comentários

Apesar de o primeiro livro da série Os Sete Reinos ter certa força e denotar algo mais sombrio, O Rei Demônio é uma fantasia infantojuvenil medieval bem mais leve do que aparenta e não estou falando isso de modo negativo, muito pelo contrário, eu amei demais a narrativa e cada personagem que nos foi apresentado aqui. 

De onde vem isso?, perguntou-se ele. A ideia de que você merece mais do que a sua cota do mundo?

Nessa história temos dois protagonistas, vou começar apresentando o meu favorito, Han Alister, também conhecido como Alister Algema e Caçador Solitário. Sim, Han tem muitos nomes para um livro só, e isso não é confuso no decorrer do livro. Ele é um garoto de 16 anos sobrevivendo na periferia da cidade de Fells, tentando ajudar a manter a mãe e a irmãzinha mais nova, ele passa por muitas dificuldades ainda mais agora que saiu da vida do crime e não é mais chefe da gangue dos Trapilhos. Han divide sua vida na cidade e passando um bom tempo também com os clãs da montanha (em que ele é conhecido com o nome de “Caçador Solitário”), onde ele passa quase todo o verão, e tem como melhor amigo Dançarino de Fogo (esse é o nome dele).

Verdade seja dita, Raisa não tinha a menor intenção de se casar tão cedo com quem quer que fosse.

A outra protagonista é Raisa, a princesa herdeira do Reino de Fells. Ela será a próxima rainha do reino já que, segundo as tradições políticas do lugar, apenas mulheres governam desde a Grande Cisão. Ela é filha da Rainha Mariana, que tem como seu consorte um guerreiro Demonai, que é dos clãs da montanha, onde ela é conhecida como Rosa Agreste, em uma escolha de casamento político. E Raisa sabe que se casará da mesma forma com um pretendente que seja melhor para o Reino, mas, diferente do que se espera, ela não se sente particularmente revoltada por isso, ela sabe que é seu dever como rainha, mas prefere adiar bastante esse momento. Enquanto isso, ela prefere passar seu tempo de solteira aproveitando, flertando e beijando outros rapazes (risos). Eu amo como ela não é nem um pouco inibida e bem decidida sobre o que quer. 

Nesse universo no Reino de Fells, ele é dividido em três grupos, os clãs da montanha, os magos e o povo do vale (que moram na cidade), que não são particularmente próximos, mas todos governados pelas Rainhas de Fells há mil anos, desde a Cisão, que segundo a história foi o evento que tiveram o último dos Reis Magos, que hoje é conhecido por Rei Demônio, que foi derrotado e morto pela primeira rainha da descendência de Raissa, mas antes de morrer esse mago desencadeou eventos catastróficos na natureza, que só conseguiu ser controlado com a ajuda dos clãs e sua magia da terra. Desde então existe um controle político para que não haja mais reis magos e eles não terem mais tanto poder nas mãos, esse trato político, que existe durante mil anos, fica cada dia mais abalado pelos atritos entre magos e os clãs.

Explicar todo o sistema político desse livro é bem mais complicado do que realmente é, mas é importante porque toda a história gira em torno das questões políticas, magia e conflitos causados a partir de algo que aconteceu há mil anos e que algumas pessoas nem acreditam ser verdade. 

Havia algo de malévolo, mas fascinante, naquele amuleto. Ele emanava poder como o calor de um fogão num dia de frio.

Han sempre acreditou que estava longe de tudo isso, até ficar de posse de um amuleto que vai complicar ainda mais sua vida. Uma coisa sobre Han: quase tudo dá errado para ele ou ele leva a culpa, por isso não tem como não se apegar a ele. E agora as tragédias se acumulam na vida dele, mas, apesar de todos os acontecimentos,  ele consegue ser um personagem inteligente e bem mais esperto do que a maioria, acho ele o mais interessante dessa história toda. Raissa se vê presa em um jogo político que ela não estava conseguindo prever, o que pode ameaçar seu reinado.

Posso dizer que essa série é surpreendente incrível, cada detalhe e também como as coisas não são jogadas às pressas. É tudo muito bem explicado, sem se tornar maçante. Os personagens secundários são muito bem trabalhados, um destaque para Amon, Capitão/amigo de Raisa, e Dançarino de Fogo, amigo de Han, vamos ver que eles terão mais destaque ainda na sequência.

Muitas coisas serão descobertas e reveladas até o final desse livro, os detalhes deixo para a leitura de vocês, mas garanto que os plots são ótimos. Boa leitura.


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

O Rei Demônio
Os Sete Reinos #1
Ano: 2014
Páginas: 384
Editora: Suma
Sinopse:
Aventura, magia, guerra e ambição em uma saga para salvar o Reino de Fells. Os tempos são difíceis na cidade de Fellsmarch, nas montanhas. O jovem Han Alister é capaz de quase qualquer coisa para garantir o sustento da mãe e da irmã, Mari. Ironicamente, a única coisa valiosa que ele possui não pode ser vendida: largos braceletes de prata, marcados com runas, adornam seus pulsos desde que nasceu. São claramente enfeitiçados - cresceram conforme ele crescia, e o rapaz nunca conseguiu tirá-los. Certo dia, depois de uma discussão, Han toma um amuleto de Micah Bayar, filho do Grão Mago, para evitar que o rapaz o usasse contra ele. Han logo descobre que o amuleto tem uma história maldita - ele pertenceu um dia ao Rei Demônio, o mago que quase destruiu o mundo, mil anos antes. Com um artefato mágico tão poderoso em jogo, Han sabe que os Bayar farão de tudo para recuperá-lo. Enquanto isso, Raisa ana'Marianna, princesa herdeira do Reino de Fells, enfrenta suas próprias batalhas. Ela acaba de retornar à corte depois de três anos de relativa liberdade com a família do pai no Campo Demonai. Raisa poderá se casar ao completar 16 anos, mas ela não está muito interessada em trocar sua liberdade por aulas de etiqueta e bailes esnobes. Almeja ser mais que um enfeite, aspira ser como Hanalea, a lendária rainha guerreira que matou o Rei Demônio e salvou o mundo. Mas parece que sua mãe tem outros planos para ela - planos que incluem um pretendente que renega tudo que o reino representa. Os Sete Reinos tremerão quando as vidas de Han e Raisa colidirem nesta série emocionante da autora Cinda Williams Chima.

01 setembro, 2020

Resenha :: A Espada do Verão (Magnus Chase e os deuses de Asgard #1)

setembro 01, 2020 0 Comentários

Meus caros leitores, eu vim aqui me redimir com a Trilogia Magnus Chase! Sou a prova viva de que, às vezes, só não estávamos prontos para a história, não é culpa do livro.

Para quem não está entendendo, alguns anos atrás eu li o primeiro livro da trilogia e resenhei aqui que não gostei tanto, a resenha do segundo livro foi mais positiva, mas mesmo assim não é digna do que achei relendo tudo esse ano para, finalmente, ler o último livro de Magnus Chase. Vamos aos fatos: como se passa no mesmo universo de Percy Jackson, talvez na época que li eu não estava pronta para desapegar do protagonismo de Percy e dos deuses gregos e aceitar de coração aberto Magnus Chase e seus deuses nórdicos. 

Mas chega de enrolação! Preciso falar dessa trilogia que, sim, é incrível e que Odin me perdoe pelo tempo que demorei para admitir isso. 


Espada do Verão é o primeiro livro da trilogia Magnus Chase e os Deuses de Asgard, e o primeiro livro de Rick Riordan enveredando para a mitologia nórdica depois de já ter trabalhado com a grega, romana e egípcia. 
         
Nessa história temos um semideus nórdico que vive nas ruas de Boston depois da morte de sua mãe de forma misteriosa. Quando ele completa certa idade, começa a ser perseguido por monstros que tentam matar ele, e descobre que é filho de um deus nórdico e tal (para quem já leu os livros com essa pegada do tio Rick, sabe que isso iria acontecer uma hora ou outra), mas dessa vez a missão profetizada  é impedir que o Ragnorök aconteça (que para quem não sabe é o juízo final, segundo a mitologia nórdica, onde acontecerá a batalha entre os deuses – Clube do Farol também é cultura Nórdica). 

Meu nome é Magnus Chase. Tenho dezesseis anos. Esta é a história de como minha vida seguiu ladeira abaixo depois que eu morri.

Nesse primeiro livro da trilogia, diferente do que se era esperado pelos outros livros de Rick, Magnus não consegue sobreviver ao ataque dos monstros (isso não é spoiler já que ele fala bem no início que morre, acontece. Fim do livro. Brincadeira.). Mas na mitologia nórdica existe um lugar chamado Valhala (Salão dos Mortos) com 540 quartos em que metade dos que morrem em batalha são levados pelas Valquírias para se tornarem “einherjar” (guerreiros de Odin) para viverem lá até a chegada do Ragnarök.


Bom é para lá que Magnus Chase é levado, depois de sua morte ele acaba virando um einherjar a ter sua alma levada pela Valquíria Samirah all-Abbas, uma personagem incrível, muito baddas e mulçumana, sua religião e cultura são tratadas de uma maneira muito incrível e delicada por Rick Riordan, que a cada livro traz cada vez mais e mais representatividade. Mas Sam não é a Valquíria mais popular de Valhala, por ser filha de um deus não muito querido, e as coisas não melhoram por ela trazer Magnus para o salão. 

Outros personagens que merecem destaque são o elfo Hearth, com ele se traz mais uma representatividade, como ele é surdo, durante o livro, as conversas com ele são feitas através da linguagem de sinais; temos também seu melhor amigo Blitz, que é um anão muito fashionista. Os dois são os melhores amigos e protetores de Magnus (e sentem um pouco culpadoS por não se acharem bons protetores, já que deixam ele morrer e tal). 

Claro que o destaque especial vai para o protagonista da trilogia, Magnus Chase! Lembram desse sobrenome? Se vocês não lembraram de Annabeth Chase, de Percy Jackson, indico a vocês ficarem mais atentos ao Riordanverso... E sim! Ele é primo de Annabeth, que faz uma pequena participação nesse primeiro livro. Mas voltando ao Magnus, eu gosto muito da personalidade dele e, apesar de ter uma espada mágica e super afiada, ele não é um grande guerreiro, ele tem outras habilidades e importância que são bem destacadas no decorrer do livro, além de diferente de Percy, ele não é filho de uns dos mais poderosos deuses, mas isso não o impede de ser incrível. 

Escolhido por engano, não era sua hora. Um herói que, em Valhala, não pode permanecer agora. Em nove dias o Sol irá para o Leste, Antes que a Espada do Verão a fera liberte.

Apesar de os “einherjar” estarem ali para lutar no Ragnarök, não quer dizer que não lutem para adiar o fim do mundo, e é essa a grande missão de Magnus e seus amigos (“uma turminha do barulho vivendo altas aventuras” – risos). Apenas uma coisa que me faltou em A Espada do Verão foi um desenvolvimento melhor dos amigos de corredor de Magnus, nesse primeiro livro, eles apesar de se aparentarem, no decorrer da história, já próximos, as coisas andam muito rápidas e não parece ser uma proximidade tão natural, mas vamos ver o que a continuação tem a nos oferecer!


Para aqueles que gostam da mitologia nórdica esse livro vai ser bem legal e vai te deixar curioso para saber mais sobre ela (eu, por exemplo, acabei lendo o livro As Melhores Histórias da Mitologia Nórdica – A. S. Franchini) para saber mais. Também é muito bom para quem tem curiosidade de começar a leitura de algo de Rick Riordan, mas não é fã de mitologia Grega (que eu amo), algumas pessoas começaram por esse a se aventurar no Riordanverso e gostaram bastante. Boa leitura.


Nota ::  4,5


Informações Técnicas do livro

A Espada do Verão
Magnus Chase e os Deuses de Asgard #1
Ano: 2015
Páginas: 448
Editora: Intrínseca
Sinopse:
Às vezes é necessário morrer para começar uma nova vida...
A vida de Magnus Chase nunca foi fácil. Desde a morte da mãe em um acidente misterioso, ele tem vivido nas ruas de Boston, lutando para sobreviver e ficar fora das vistas de policiais e assistentes sociais. Até que um dia ele reencontra tio Randolph - um homem que ele mal conhece e de quem a mãe o mandara manter distância. Randolph é perigoso, mas revela um segredo improvável: Magnus é filho de um deus nórdico.
As lendas vikings são reais. Os deuses de Asgard estão se preparando para a guerra. Trolls, gigantes e outros monstros horripilantes estão se unindo para o Ragnarök, o Juízo Final. Para impedir o fim do mundo Magnus deve ir em uma importante jornada até encontrar uma poderosa arma perdida há mais de mil anos. A espada do verão é o primeiro livro de Magnus Chase e os deuses de Asgard, a nova trilogia de Rick Riordan, agora sobre mitologia nórdica.

04 fevereiro, 2020

Resenha :: Encarcerados (Fuga de Furnace #1)

fevereiro 04, 2020 1 Comentários

... obediência é a diferença entre a vida, a morte e outras variedades de existência ofertadas aqui em Furnace.

Não me vem à cabeça um motivo de não ter começado esse livro anteriormente, já havia o visto, gostado da sinopse e a capa, com certeza, me chamou atenção para ele algumas vezes, mas antes tarde do que nunca, pois, meus amigos fãs de literatura infantojuvenil, Encarcerados deu início a uma história que promete e, aparentemente, vale a pena acompanhar. 

A Penitenciária de Furnace. O lugar aonde enviavam você para esquecer de si mesmo, para puni-lo por seus crimes, mesmo que não os tivesse cometido. Só uma entrada e nenhuma saída. Sim, este era meu lar agora, e o seria até que eu morresse.

Para quem conhece minhas resenhas, consegue perceber que evito dar muitos detalhes dos acontecimentos dos livros e prefiro me dedicar mais à minha opinião do que na descrição, mas garanto que, mesmo se eu fosse do tipo descritiva, dificilmente conseguiria colocar em palavras o inferno que é a Penitenciária de Furnace. Uma prisão que desce as profundezas subterrâneas e quem entra está condenado a nunca mais ver a luz do dia, um verdadeiro caixa forte, a minha descrição pode ser um pouco claustrofóbica, mas te garanto que é pior, rs!

— Sob o céu fica o inferno, garotos, e, sob o inferno, Furnace.

Furnace é a prisão onde Alex foi mandado depois de o acusarem de assassinar seu melhor amigo. Ela foi criada para prender jovens assassinos e, quando digo jovens, quero dizer que tem desde crianças que aparentam ter 10 anos até 17. Elas são presas lá, sem chances de se redimirem, entregues a própria sorte e ao diabo, mesmo algumas que sejam afinal inocentes. 

Então, a menos que haja uma revolução no país ou um ato divino, vão morrer aqui. Não que Deus vá querer se meter com Furnace.

A saga nos traz um personagem principal não tão perfeito. Apesar da acusação falsa de assassinato que o levou a Furnace, Alex não é um pobre inocente, ele é um ladrão, um delinquente juvenil, mas nem seu pior dos crimes nos faria crer que ele merecia estar aquele lugar, até por ter pessoas (ou não pessoas) bem piores para odiar durante a leitura, como o Diretor e os ternos pretos.

— Não há nenhum ombro no qual possam chorar nem ninguém a quem apelar. A opinião pública já os julgou e os considerou culpados. No que diz respeito a ela, vocês já estão mortos.

Os personagens secundários também são bem “apegavéis", principalmente Doravante e Zê. O que causa aquele medo, o tempo todo, de acabar os perdendo (quem disse que gostar dos secundários é fácil?).

— Não façam amigos, não estabeleçam conexões. Eles perceberão, e isso provocará a morte de ambos. Não cometam o erro de trazer o coração aqui para baixo; não há lugar para ele em Furnace.

No geral achei um livro muito bom, com um pouco de suspense e mistério, que me deixou o tempo todo curiosa para o que vem a seguir. Até agora não se mostrou uma série que teria algum tipo de romance, eu curto contanto que não seja exagerado, mas as relações de amizade construídas são tão boas quanto (apesar de que admito que shippei dois personagens, foi mais forte do que eu, rs). 

... poderia jurar que houve algum tipo de impulso elétrico percorrendo nossos dedos unidos. Talvez fizesse muito tempo desde que havia segurado a mão de outra pessoa; muito tempo desde que tinha sentido o contato de alguém. Mas senti uma força a nos unir naquele momento, um vínculo de confiança, amizade e esperança.

Depois desse final, vou começar o segundo livro com expectativas bem altas. Espero que deem uma chance para essa leitura! E que o diabo tenha piedade da alma dos nossos personagens, pois não espero isso de Furnace. Boa Leitura 😉.

... Estamos bem. Mas Donovan apenas soltou aquele seu riso arrepiante:
— Não, Alex. Você está morto, só não sabe ainda.


Nota ::  4,5


Informações Técnicas do livro

Encarcerados
Fuga de Furnace #1
Ano: 2014
Páginas: 296
Editora: Benvirá
Sinopse:
De um dia para outro, Alex Sawyer passou de valentão a delinquente juvenil. Os trocados arrancados dos garotos na escola já não eram suficientes, e, com a ajuda de seu melhor amigo, Toby, começou a cometer pequenos furtos na vizinhança. Até que uma noite, homens fortes, de terno preto, e um esquisitão usando uma máscara de gás cruzaram o caminho dos dois. Toby foi cruelmente assassinado e Alex, preso e acusado pela morte do amigo. Seu novo lar? A Penitenciária de Furnace, um buraco - literalmente - para onde todos os garotos condenados são enviados, e de onde só é possível sair morto. Com guardas sádicos e criaturas terríveis responsáveis pela segurança, Furnace é o inferno. O lugar é infestado de criminosos - como as perigosas gangues Caveiras e os Cinquenta e Nove -, mas também há muitos garotos que, como Alex, foram presos por crimes que não cometeram. Como escapar e provar sua inocência? Em quem confiar? O que na verdade era Furnace: um reformatório? Um depósito? Ou, pior, um laboratório maligno?

29 janeiro, 2020

Resenha :: As Mentiras de Locke Lamora (Nobres Vigaristas #1)

janeiro 29, 2020 1 Comentários

Não preciso de ninguém para me lembrar que estamos mergulhados em água escura até o pescoço. Só peço a vocês que se lembrem de que os malditos tubarões somos nós.

No primeiro livro da série Nobres Vigaristas mergulhamos na cultura, crença e toda a superstição da cidade de Camorr e cidades vizinhas. Em um cenário que lembra um pouco uma mistura de Veneza medieval e renascentista (sério, é incrível assim), conhecemos a história de Locke Lamora, intercalada entre sua infância — de como ele chegou a gangue Nobres Vigaristas com seus golpes precoces e com consequências bem ruins para aqueles que cruzaram com ele — e a fase de Locke adulto, como o já então procurado Espinho de Camorr e um pouco mais cauteloso (o que não é muito se tratando de Locke Lamora, rs). 

— Pulga, Locke é nosso irmão e nosso amor por ele não tem limites — falou Calo. 
— Mas as três palavras mais fatais de toda a língua Terim são “Locke teria apreciado”. 
— Comparáveis apenas a: “Locke me ensinou um truque novo”  — emendou Galdo. 
— A única pessoa que se safa com os golpes de Locke Lamora... 
— ... É Locke Lamora... 
— ... Porque nós achamos que os deuses o estão poupando para uma morte realmente grandiosa. Algo com facas e ferros incandescentes... 
— ... E cinquenta mil espectadores aplaudindo.
  
O que mais me agradou neste livro é a inteligência do personagem principal. Eu, particularmente, gosto de personagens inteligentes e Locke não me decepcionou nesse quesito e nem os seus Nobres Vigaristas: Jean, os irmãos Sanzas (Galdo e Calo) e o pequeno Pulga. Me encontrei em alguns momentos caindo no golpe deles, rsrs. Na verdade, todos, em certo ponto, caem no golpe deles. Enquanto eles roubam fortunas dos nobres, eles são vistos no submundo de Camorr como uma reles gangue; a menor e uma das menos lucrativas, quando na verdade são uma verdadeira gangue de elite, unida e muito bons no que fazem. 

Tanto que, inicialmente, foram comprados pelos velhos concorrentes, com quem aprenderam até os pequenos nuances da arte do disfarce, da vigarice com a melhor instrução possível. 

Correntes costumava falar que não havia liberdade igual a de ser constantemente subestimado. — Locke 

Apesar de ser um livro de fantasia, tirando sua excepcional esperteza, o diferencial deste livro é que Locke não tem nada de mágico e nada de um grande guerreiro, muito pelo contrário. Ele pode chegar a ser um desastre em uma briga, mas nada que o impeça de fazer o que for necessário para sobreviver no submundo de Cammor, onde as gangues imperam e quem manda em todas elas é o Capa Barsavi. Temos todo um universo de detalhes “políticos” nesse submundo, ao mesmo tempo em que se tem uma relação com a nobreza de Camorr. 

Outro ponto que é bem detalhado no livro são os lugares, mas o que não achei que chega a ser cansativo. Os grandes acontecimentos do livro demoram um pouco a aparecer, mas é algo que faz sentido, não é nada jogado ao acaso. A chegada do Rei Cinza e o envolvimento involuntário dos Nobres Vigaristas com ele foi muito bem elaborado, assim como a existência dos magos-servidores e das criaturas marinhas gigantes, o que realça o ponto da fantasia, mas não chega a ser exagerado (Sim, existir criaturas marinhas gigantes parece algo exagerado, mas juro que não é, rsrs).  

Esperto, vigarista e mentiroso, este é o protagonista. É um livro daqueles que fazem você pensar que está torcendo para o cara mau da história, rsrs, mas, se comparando com os vários personagens como o próprio Capa, o odiado Rei Cinza, e uma cidade cheia de ladrões e assassinos, Locke e sua gangue são relativamente bons. O que, por incrível que pareça, é uma grande coisa, rsrs.

— Eu só roubo porque minha querida família precisa do dinheiro para viver! — Locke Lamora fez essa afirmação com o copo de vinho erguido bem alto. (...) Os outros puseram a vaiar e entoaram em coro: 
— Mentiroso! 
— Eu só roubo porque este mundo cruel não permite que eu tenha um trabalho justo! — exclamou Calo, erguendo o próprio copo. 
— MENTIROSO! 
— Eu só roubo porque tenho que sustentar meu pobre irmão preguiçoso, cuja indolência partiu o coração de nossa mãe! – Galdo deu uma cotovelada em Calo.
— MENTIROSO! 
— Eu só roubo porque estou convivendo temporariamente com maus elementos – disse Jean. 
— MENTIROSO! 
Por fim, o ritual chegou a Pulga, que ergueu o copo com um leve tremor e berrou: 
— Eu só roubo porque é muito divertido, porra! 
— VIGARISTA! 

As Mentiras de Locke Lamora é um livro muito bom, com ótima narrativa, divertido e com personagens encantadores. Onde tudo se encaixa e as pequenas coisas que não foram muito abordadas nessa história foram para aguçar a curiosidade para o segundo livro da série Nobres Vigaristas. Apesar de que a trama abordada nesse livro encerra-se nele, podemos continuar a acompanhar os personagens principais com uma nova aventura e novos golpes em Mares de Sangue (título do segundo livro).



Nota :: ⭐⭐⭐⭐⭐


Informações Técnicas do livro

As Mentiras de Locke Lamora
Nobres Vigaristas #1
Ano: 2014
Páginas: 464
Editora: Arqueiro
Sinopse:
O Espinho é uma figura lendária: um espadachim imbatível, um especialista em roubos vultosos, um fantasma que atravessa paredes. Metade da excêntrica cidade de Camorr acredita que ele seja um defensor dos pobres, enquanto o restante o considera apenas uma invencionice ridícula.
Franzino, azarado no amor e sem nenhuma habilidade com a espada, Locke Lamora é o homem por trás do fabuloso Espinho, cujas façanhas alcançaram uma fama indesejada. Ele de fato rouba dos ricos (de quem mais valeria a pena roubar?), mas os pobres não veem nem a cor do dinheiro conquistado com os golpes, que vai todo para os bolsos de Locke e de seus comparsas: os Nobres Vigaristas.
O único lar do astuto grupo é o submundo da antiquíssima Camorr, que começa a ser assolado por um misterioso assassino com poder de superar até mesmo o Espinho. Matando líderes de gangues, ele instaura uma guerra clandestina e ameaça mergulhar a cidade em um banho de sangue. Preso em uma armadilha sinistra, Locke e seus amigos terão sua lealdade e inteligência testadas ao máximo e precisarão lutar para sobreviver.