Mostrando postagens com marcador L.P.Faustini. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador L.P.Faustini. Mostrar todas as postagens

16 abril, 2020

Resenha :: O Flagelo de Dernessus (Maretenebrae #2)

abril 16, 2020 1 Comentários

Olá, pessoa do Clube! Eu venho compartilhar a leitura do livro O Flagelo de Dernessus, a continuação de Maretenebrae, que você pode conferir a resenha feita pela Milly, clicando aqui. Sei que não estou à altura dela, mas farei meu melhor.

A história começa do exato ponto onde o anterior havia parado, sendo fundamental ler o livro anterior antes desse. O começo se dá no Pico das Tormentas, onde nosso pequeno grupo luta pela sobrevivência em meio a uma terra assolada pela guerra e pela doença. Com o trono vazio e a queda de Sieghard, as esperanças recaem sobre o único homem capaz de conseguir a resposta para a redenção do Reino, Petrus de Bogdana.


Porém a indiferença é covardia, inépcia e parasitismo. O indiferente é o peso morto da história.

Vale ressaltar que a narrativa continua em terceira pessoa e a história vai se desenrolando de uma maneira um pouco diferente do livro anterior, porém muito interessante e trazendo algo novo. Já na primeira parte do livro tem um compasso de espera e coloca a história em um ritmo mais lento em um primeiro momento em contraste com o anterior. Porém águas paradas escondem os maiores perigos, e nesse caso a verdade dessas palavras é comprovada a cada momento da história.

Por isso, a vida é uma busca constante por algo que nos identifique, algo que os homens vulgares costumam chamar de vocação. E é exatamente essa busca que nos leva às virtudes que me refiro.

A saída do pico das tormentas marca bem a mudança de ritmo da narrativa, e quando Petrus de Bogdana, agora portador dos mistérios do Oráculo do Norte, ao estar de posse da revelação do primeiro segredo, se junta aos outros, uma nova jornada começa. Mais que passos e disposição, uma incrível necessidade de lógica e dedução se fazem necessárias nessa nova etapa da jornada, com uma tarefa ainda mais perigosa na existência de um traidor entre seus compartes, trazendo uma dualidade até então não tão delimitada na história.

Quem há de trair ainda sim parece fazer parte dos planos de Destino, que ora revela caminhos e direções, ora parece esperar as decisões de cada um para que aconteça o que está destinado a acontecer.  Guiados por um insólito artefato, os peregrinos iniciam uma nova jornada rumo ao desconhecido: as Terras-de-Além-Escarpas. O que acrescenta, além de novos personagens, um vigor a mais a trama, em especial por terem um destaque importante.

– A mais triste das mortes... – Victor olhava para o céu e falava ao mesmo tempo – é aquela do homem que viveu sem coragem de morrer pelo que é certo.

À medida em que avançam mais de cada um dos peregrinos é revelado, mais de suas histórias e motivações e também mais da história da própria Sieghard, que, além do passado conhecido, parece esconder muito ainda a ser revelado àqueles que seguem o rumo que acreditam ser o da vitória.


Com capítulos curtos e as novas revelações, a trama ganha uma dinâmica interessante e alinha muito bem a continuação no próximo livro, afinal várias novas perguntas merecem respostas, algumas questões novas são colocadas e a curiosidade de quem ler fica elevada a máxima potência, com mortes que acontecem e profecias que se cumprem. Outro ponto interessante foi notar os contrapontos com o livro anterior, as referências presentes no primeiro livro e também neste segundo, e, claro, a mudança de clima e cenários que tão bem fizeram a trama e a leitura, por exemplo, enquanto no livro anterior sentimos o calor do sol nas costas durante a jornada, frio intenso e grandes “desertos brancos” marcam a passagem desse segundo tomo.

Mas lembrem-se: os amigos nós valorizamos. Os adversários, nós respeitamos – terminou seu sermão e os soltou.

Por se tratar de uma continuação, as partes descritivas ficaram focadas nos cenários e nas lutas e também a presença da magia mais forte, as consultas aos mapas presentes no livro ficaram ainda mais interessantes. Tem vários aspectos que gostaria de narrar, mas me privo de fazer em prol da leitura de quem ainda não o fez. Caso tenha feito, sinta-se à vontade para conversar comigo sobre.


Li a edição impressa, com ótima encadernação, ilustrações e mapas, uma excelente qualidade de impressão e papel amarelo. Gostei da diagramação e da revisão. Uma capa na linha do anterior, mas que igualmente “fala” a história narrada e que após a última linha ganha ainda mais importância. Conta ainda com um conto extra, linhagem dos reis e anexo com partitura e letras das músicas. Um trabalho realmente lindo.

Avante, rumo ao próximo livro.
E que a Ordem os guie.


Nota ::  4,5


Informações Técnicas do livro

O Flagelo de Dernessus
Maretenebrae #2
Ano: 2017
Páginas: 292
Editora: Estronho
Sinopse:
Província de Sumayya, Sieghard, ano 476 após unificação.

No Pico das Tormentas, um pequeno grupo luta pela sobrevivência em meio a uma terra assolada pela guerra e pela doença. As forças da Ordem perecem frente ao exército do Caos, dado como indestrutível. Sir Nikoláos de Askalor e o Rei Marcus II, o Ousado, já não figuram entre os sobreviventes. Com o trono vazio e a queda de Sieghard, as esperanças recaem sobre o único homem capaz de conseguir a resposta para a redenção do Reino, Petrus de Bogdana, agora portador dos mistérios do Oráculo do Norte. No entanto, proteger o fadário da pátria torna-se uma tarefa ainda mais perigosa na existência de um traidor entre seus compartes. Guiados por um insólito artefato, os peregrinos iniciam uma nova jornada rumo ao desconhecido: as Terras-de-Além-Escarpas. Às suas preocupações, soma-se a responsabilidade direta pela realização de um plano de Destino - que poderá levá-los a grandes recompensas ou a terríveis perdas. Seriam eles capazes de cumpri-lo?

23 dezembro, 2017

Resenha :: A Queda de Sieghard (Maretenebrae #1)

dezembro 23, 2017 23 Comentários

"Tudo que é preciso para o triunfo do mal é que as pessoas de bem nada façam."

Antes de tudo, preciso começar essa resenha falando de algo que eu pouco pontuo quando falo dos livros, mas aqui me surpreendeu positivamente e merece destaque: a sua narração. Apesar de estar em terceira pessoa, acabou me envolvendo de uma forma muito intensa, como um próprio personagem em que eu poderia me apegar. Sabem aqueles livros que enchem sua mente com imagens vívidas dos acontecimentos? Maratenebrae com certeza é um desses, principalmente por causa da sua narração.

O começo do livro, não nego, é um pouco mais denso, por ser bastante descritivo, algo normal na literatura medieval em geral pela necessidade da ambientação, por isso acabou demorando mais para me prender na leitura. E também por trazer algo bem diferente, que é o protagonismo de sete personagens distintos entre si. Então pode demorar um pouco para pegar a essência de cada um, e decidir se vai acabar gostando ou não deles (confesso, que a personalidade de um ou de outro são bem difíceis, o que faz ser normal acabar pegando raiva com algumas atitudes).

"É da natureza, seja animal ou humana, devorar-se. No entanto, os primeiros o fazem por alimentos e territórios; os últimos, para expiar a culpa de alguns, ou para realizar os caprichos de outros."

E a demora para se afeiçoar se deve também por  Maratenebrae começar por onde muitos livros medievais considerariam o seu clímax: a Guerra. Eu imaginei que acabaria por deixar a leitura bem sem graça. Como torcer se não apresentaram ninguém? Nenhum personagem? Quais seriam os "mocinhos"? (Sabemos que ser bom em livros medievais é bem controverso, já que matar não é necessariamente um defeito).

Mas esse foi um diferencial muito bem pensado para o livro, o protagonismo inicial é para o próprio Reino de Sieghard, que está sob ataque de forças misteriosas e poderosas que vem além do Mar. Os personagens acabam se conhecendo em meio a essa batalha que está sendo perdida e acabam formando um grupo bem diversificado para baterem em retirada.

"Não os julgue por suas convicções, mas sim por suas ações."

Como na maioria dos livros medievais, não poderia faltar as longas viagens e perigos pelo caminho. Aqui, à medida que a viagem avança, não apenas eles vão se conhecendo entre si, mas cada um nos é apresentado.

O misterioso Victor, que tem uma essência meio assustadora para os companheiros, além de não ser possível saber direito do que ele é capaz e o quanto ele pode ser perigoso. (Ou seja ele é um dos meus personagens favoritos! rs Apesar do início de poucas palavras).

Rodrick, outro personagem que gostei bastante, principalmente por ser o arqueiro do livro (eu tenho um certo fascínio por personagens literários que são arqueiros, rs), mesmo com um destaque não tão grande, ele é um ótimo personagem e está sempre pronto para ajudar.

O pastor de ovelhas, Petrus, é daquele tipo de personagem simples, de alma gentil e medroso. É alguém que a princípio não aparenta ser um grande ganho para o grupo, mas desde o começo passa algo bem especial.

O guerreiro gigante e bruto, Braun, é daqueles que você começa não gostando, mas tem algo nele que não te faz o odiar, além de aparentar ter raiva de tudo e ser bem impulsivo nas suas ações, que chega a ter um toque mais de humor. Tem o dom dos xingamentos, rs.

Chikára é a única mulher do grupo e é a que mais tem conhecimento sobre as artes ocultas, tem sabedoria sobre muitas coisas, e se sente superior por isso. (Sim, tenho alguns problemas com ela, nada grave).

O lorde Heimerich é o nobre do grupo, ele tem um bom destaque, apesar do nariz empinado não é de todo ruim. Na verdade ele representa bem esse sentimento de dever e superioridade da nobreza para com os outros.

Formiga é o ferreiro que tem sérios problemas com seu vício em comer demais, mas ele dá certo humor e leveza para o livro, apesar de vários acontecimentos, a simplicidade dele entre o grupo só não é maior que a de Petrus. Em termos de desenvolvimento ele é um dos que mais se destaca pelo crescimento do personagem.

O mais interessante é que cada um deles representa um dos sete pecados capitais, e achei uma jogada genial dos autores, nas personalidades de alguns é bem mais perceptível o que representa, mas outros não notei com tanta facilidade.

E o que no início ficou com a confusão de não conhecer bem os personagens no decorrer do livro fica cada vez mais impossível não ver a importância de cada um de um jeito diferente.

"A lógica é ótima para se argumentar, mas péssima para se viver nela, dizem os sábios."

Eu gostei muito da leitura, principalmente do meio para o final, onde conseguimos ver o lado mais fantástico desse universo, com seres desconhecidos, como os  lagartos alados, e uma magia bem mais acentuada que no início. Começamos a descobrir os mistérios dessa terra e o motivo da invasão.

"Acha mesmo que tudo isso é coincidência? Normalidade? Fenômenos comuns? Tome cuidado com o que diz, pois em breve poderá estar lutando com forças cuja origem desconhece. E sucumbirá acreditando, até seu último suspiro de vida, que tem alguma chance."

A construção desse universo, aliás, é mais um ponto bem positivo. As questões culturais são muito bem descritas e incrivelmente expressivas. O que é ainda mais perceptível por cada um dos personagens principais ser de pontos diferentes do reino. São costumes e mitologias que se complementam muito bem, e ganham importância conforme o enredo vai se desenvolvendo.

Novos acontecimentos me deixaram angustiada por saber que teria coisas demais para acontecer e poucas páginas restantes, e, por isso, é claro que o final me deixou bastante ansiosa para o que vem no segundo livro, O Flagelo de Dernessus.

"Você não deixaria de atacar o homem que fere seu pai, ainda que ele fosse seu irmão, deixaria?"

Não posso esquecer de falar sobre a edição do livro. As artes de cada começo dos capítulos e os mapas do reino são um atrativo a parte. E no final do livro tem as partituras das músicas que foram cantadas no decorrer da história! O que só aumenta o meu encantamento pela obra. Achei de um cuidado incrível.

"No dia em que não houver mais dor, nem pranto, nem perda de sangue, já estaremos mortos e não gozaremos das benesses dessa vida. Lamente-se o quanto puder, cavaleiro. É isso que o mantém vivo!"

Então indico muito essa leitura, principalmente para quem já está acostumado com o gênero. Essa foi uma leitura muito feliz para mim, por ser uma literatura fantástica nacional de tão boa qualidade, e por ver que nossos autores não estão perdendo em nada para a literatura estrangeira do mesmo gênero. Então leiam mais autores brasileiros, seja qual for o estilo literário. Boa leitura e que a Ordem os guie.

"Quereis viver para sempre? Então cumprir uma última ordem: Se eu avançar, segui-me! Se eu cair, vingai-me! Se eu recuar, matai-me! Pela Ordem e pela glória de Sieghard!"


Nota ::  4,5 

Curtiu a resenha e já quer ler? Que tal ganhar o livro? Como? Clique aqui, para participar do sorteio!

Informações Técnicas do livro

A Queda de Sieghard
Maretenebrae #1
L.P.Faustini e R.M. Pavani
Ano: 2014
Páginas: 350
Editora: Página 42
Sinopse (Skoob):
Província de Bogdana, Sieghard, ano 476 após unificação.
Uma desconhecida força invasora irrompe pelo Grande Mar e ataca a costa protegida pelos soldados da Ordem utilizando-se de navios nunca antes vistos. Imensos. Terríveis. Destruidores. Ao mesmo tempo, uma estranha peste se espalha pelas comarcas do reino, cegando e invalidando sua população. Nobres e plebeus se nivelam padecendo do mesmo e misterioso mal. Em uma iniciativa desesperada, Sir Nikoláos de Askalor, o oficial responsável por defender a Ordem, abdica de todos os planos e estratagemas para investir de uma só vez contra os inimigos, sem saber que assim cairia na armadilha preparada por eles. Com suas fileiras dizimadas, o exército da Ordem recua e toma a direção do Domo do Rei para defender seu soberano, Marcus II, O Ousado, cuja vida representa a perpetuação dos valores ordeiros. Para um pequeno grupo, porém, composto por Roderick, Petrus, Chikara, Heimerich, Braun, Formiga e Victor Didacus - cada qual personificando um dos sete pecados capitais -, as sucessivas derrotas do reino são apenas o início da maior de todas as suas aventuras e desventuras. Diante deles, e de suas incontáveis diferenças, assombra-se um grande plano arquitetado por Destino. Serão eles capazes de enfrentá-Lo?


_____Sobre os Autores_____


L.P.Faustini

 Facebook / Site / Twitter / Instagram

L.P.Faustini é autor capixaba nascido em Cachoeiro de Itapemirim, escritor do blog "O Cristianismo por Trás das Câmeras" e criador da saga Maretenebrae, lançada em 2012. Engenheiro mecânico por profissão e apreciador do gênero fantástico desde jovem, seu primeiro livro intitulado A Queda de Sieghard foi lançado em conjunto com o professor de história R.M.Pavani e, agora, ele segue sozinho pela longa jornada de terminar sua grande aventura. 
Entre o primeiro e o segundo volume, L.P.Faustini também produziu dois contos fantásticos a convite do website literário Quotidianos, do escritor Rober Pinheiro, e do evento Café Com Letras, do produtor cultural Leonardo Picinati. Embasado pelas obras do autor Michael Moorcock, apaixonado por música, idade média, H.P. Lovecraft, história da religião, mistérios antigos e filosofia, pode-se dizer que Maretenebrae é um reflexo dos seus interesses projetado em suas páginas.



R. M. Pavani

É historiador e mestre em História Social das Relações Políticas (UFES) e atua como professor da educação básica e superior no estado do Espírito Santo desde 2007.
Possui textos e artigos publicados em revistas acadêmicas e jornais de grande circulação.
Gosta de música, cerveja, astronomia, mitologia, jogos de RPG e literatura, em especial a fantástica, com destaque para as obras de J.R.R. Tolkien, C.S. Lewis, M. Ende, B. Cornwell, George Martin e Stephen King.