29 abril, 2019

Resenha :: A Contrapartida

abril 29, 2019 6 Comentários

Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Marcos 8: 36)

Olá, faroleiros do meu coração!

Vamos de thriller psicológico hoje? O livro que li é A Contrapartida, de Uranio Bonoldi, publicado pela Editora Valentina.


Quando você tem nas mãos a solução do seu maior problema, pensaria na contrapartida dela? 

Dr. Octávio Albuquerque é um cirurgião médico, graduado precocemente, por possuir um intelecto fora do normal. Seus amigos tinham profunda admiração e respeito pelo profissional competente que se transformou. Filho de Cristina Costa Albuquerque, viúva, pois Tavinho perdera o pai assassinado num assalto quando ainda era criança. Cristina era uma mulher bem-sucedida, bonita e amorosa. 

Tavinho, ou melhor, o cirurgião Octávio Albuquerque Júnior, "atropelou" os anos letivos do curso de medicina com sua sede de vencer, passando por todos eles no menor tempo possível, mas com máxima qualidade. Dormia pouco e estudava muito, incluindo toda a carga horária necessária para exercer a profissão, participando desde muito cedo de cirurgias das mais diversas.

Iaúna era a governanta da casa de Cristina. Ela cuidou de Tavinho desde que ele nasceu. Uma das últimas sobreviventes da tribo Moxiruna, a índia foi resgatada por Cristina quando ainda era uma jovem estudante. Cristina deu teto, proteção e emprego para Iaúna, que passou a morar com os pais dela, até que estes faleceram.  Depois, Iaúna foi morar com a própria Cristina, recém-casada.

Iaúna sentia imensa gratidão por Cristina, pois, assim que esta se casou, oito anos mais tarde, levou-a para morar com ela e o marido, ajudar nas tarefas domésticas e também na criação de Tavinho, nascido dois anos depois. E sentia também orgulho das próprias conquistas, pois, por ocasião do falecimento dos pais –um infarto fulminante levou o sr. Costa e, quatro meses depois, em depressão, sua mãe, fumante inveterada, não resistiu ao câncer de pulmão –, Cristina cedera-lhe a bela casa deles, a fim de proporcionar um teto para aquela mulher que havia conquistado a simpatia da família.

O que ninguém sabia é que Tavinho e a índia Iaúna possuíam um segredo sombrio e que este foi o responsável pela inteligência excepcional do rapaz. Iaúna possuía profunda gratidão por ter sido resgatada da mata. Ela sofria perseguição por ter sido a única sobrevivente da chacina de seu povo. Por isso dedicou sua vida a cuidar daquela família, principalmente de Octávio Albuquerque Júnior. Ela não admitia que nenhum mal acontecesse ao rapaz, tampouco deixava que algo atrapalhasse seus planos quanto ao futuro. Então, quando Tavinho relatou para a governanta que não conseguia estudar e aprender a matéria na escola e que começou a sofrer bullying por isso, ela não pensou duas vezes.

Tavinho, enfim, é um menino que se considera feliz, um menino alegre e sorridente, que não deseja mal a ninguém. Porém, não consegue se sentir pleno pela grande dificuldade que tem nos estudos e por não vislumbrar a menor possibilidade de reverter a situação. Isso o está deixando aflito, pois enxerga o grande abismo que existe entre o anseio da mãe em vê-lo se tornar um grande profissional, quem sabe até um brilhante cirurgião, e essa situação que se mostra irreversível. ‘‘Que desespero, meu Deus, estou ferrado! Estou fodido!!!’’


Detentora dos segredos da magia Moxiruna, Iaúna apresentou ao jovem uma porção que lhe dará inteligência fora do normal. Mas como toda magia, isso tem um preço, nesse caso era a morte de alguém. Tavinho na época ainda era um jovem adolescente, não conseguiu avaliar a gravidade do preço cobrado. Quando o jovem experimentou aquele poder, não pode mais ser controlado. E assim a contrapartida da sua decisão começa a cobrar o seu preço. Toda magia tem seu lado sombrio. Tavinho demorou tempo demais para descobrir isso. Ele viu seu mundo perfeito ruir, juntamente com todos os seus sonhos. Quando ele descobre toda a verdade por trás da vida perfeita que ele levava, perceberá que pode ser tarde demais para voltar atrás.

Ao longo desses seis anos, Tavinho ficou sob forte proteção de Iaúna, mantendo boas doses de "suprimentos" que, dia após dia, mês após mês, ano após ano, faziam com que ele se superasse cada vez mais. Como era necessário um ritual a cada três, quatro meses, ele foi à casa de Iaúna, pelo menos, duas dezenas de sábados. Foram mais de 20 mortes dedicadas ao seu desempenho e a outros fatos que ainda estariam por ser revelados. Mais de 20 vidas ceifadas!

A leitura de A Contrapartida foi um mergulho numa história de suspense instigante. A cada página ela nos envolve na trama de forma que, quando os fatos são apresentados, nós ficamos completamente estupefatos. Ela é atual e moderna.

O escritor Uranio Bonoldi soube controlar as pistas da trama, de forma que só no final o leitor vai compreender a dimensão do problema em que o protagonista se envolveu. Ela também nos faz ponderar sobre o peso da sua decisão. Se tivéssemos no lugar de Tavinho faríamos a mesma escolha? Essa é uma decisão que no início podemos tomar facilmente. Contudo, conforme vivenciamos as consequências dela, entendemos que nem tudo que parece ser certo, de fato é.

A narrativa da história é em terceira pessoa, simples e objetiva, o que nos traz uma clareza na compreensão. Por isso, posso dizer que ela é muito aprazível e reflexiva. Os personagens que vivem ao redor do protagonista ajudam a contar a história, sendo bastante verossímeis.


Uma coisa que me incomodou foi que algumas situações não ficaram bem esclarecidas até a derradeira página. Elas poderiam ser melhor exploradas, como a origem do Moxirunas e da magia de Iaúna, o que aconteceria após a propina oferecida ao médico, Martha e o pajé. No final, acho que cada leitor tirará sua própria conclusão.

Porém, uma coisa era absolutamente certa: jamais o segredo de Iaúna e Tavinho lhe seria revelado. Jamais... O segredo pertencia apenas a eles dois e a ninguém mais. Ninguém!

Recomendo A Contrapartida para quem gosta de thriller sobrenatural e que, ao mesmo tempo, é tão real. A Contrapartida é para todos aqueles amantes de histórias que mexem com o seu racional e te faz duvidar das suas próprias escolhas.


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

A Contrapartida
Um thriller sobre o poder de uma decisão. Qual seria a sua?
Uranio Bonoldi
Ano: 2019
Páginas: 336
Editora: Valentina
Sinopse:
“O que poucas pessoas têm em mente é que Cultura, no sentido mais amplo da palavra, não se restringe apenas ao entretenimento. O objetivo maior e primeiro da Cultura é nos transformar em pessoas melhores, agregando novos conhecimentos e percepções sobre nós mesmos, os outros e o entorno em que vivemos – é isso que A Contrapartida faz.
A sua leitura nos proporciona uma série de profundas e valiosas reflexões sem, contudo, deixar o entretenimento e o suspense de lado.
Com relação ao suspense, gostaria de fazer uma breve analogia com o mundo do cinema para ser mais claro em minha exposição. Um bom thriller é aquele que nos causa ansiedade para ver a próxima cena e nele os acontecimentos não são óbvios e declarados. Enfim, é o que aconteceu comigo quando li A Contrapartida – eu queria saber o que estava para acontecer na próxima página, de modo a poder ligar os fatos apresentados no livro e ter as respostas às perguntas que a leitura indiretamente me fazia.
Inevitavelmente, a leitura do livro me remeteu à Hollywood. Quando nos referimos a thrillers, logo vem à mente o nome de Alfred Hitchcock, cuja genialidade se encontrava em entender profundamente a psiquê do ser humano e em criar um estado emocional tão intenso no público, que seus filmes se transformavam imediatamente em sucesso. Essa mesma genialidade foi reproduzida aqui neste livro. O autor conseguiu criar caminhos mentais de condução de nós, leitores, em um mundo imaginativo de suspense e mistério dignos de um grande blockbuster.”
(Lion Andreassa – produtor e diretor de cinema da Lumix Art Films)


Para a Editora Valentina, leitura é, acima de tudo, entretenimento.
Olho vivo e faro fino.
Esse é, na verdade, o lema de todo grande editor. E a pinscher dessa editora encarna esse lema como ninguém.

27 abril, 2019

Resenha :: Fale!

abril 27, 2019 0 Comentários

Olá, faroleiros. Vim escrever sobre um livro que já estava na minha lista de quero ler a algum tempo, e ganhou prioridade quando vi o novo lançamento da autora. Quero escrever sobre Fale!, principalmente, porque resenhar é uma maneira de eu absorver e me libertar do que o livro trouxe pra mim.


Fale! é narrado por Melinda, que vai nos contando um pouco sobre como é sua chegada ao ensino médio, e porque tudo ainda é pior para ela do que para os outros alunos. Melinda é alguém que não está conseguindo falar ou comunicar de qualquer forma o que houve  com ela, para que possamos entender o porquê dela ter perdido os  poucos amigos que tinha e acabar isolada e jogada para escanteio. Vítima do já conhecido bullying escolar e cada vez mais isolada da vida social da escola.

Mas sentimos que existe algo errado, que algo não está certo e ela ganha nossa simpatia e uma vontade imensa de entender o que está errado com ela, porque ela ligou  para a polícia, destruiu a tradicional festinha que os veteranos promovem para comemorar a chegada das férias e, de quebra, mandou vários colegas para a cadeia. Aliado a isso, o despreparo aliado a falta de motivação dos professores e profissionais da escola, dão uma dimensão de que o problema se agrava ainda mais.

Lógica Kodak, aparência é tudo. Só nos comerciais de TV esse tipo de coisa funciona.

O fato de agora ninguém mais quer saber dela, nem ao menos lhe dirigem a palavra — insultos e deboches, sim — ou lhe dedicam alguns minutos de atenção, com duvidosas exceções. Começamos a entender a dinâmica familiar que a cerca e porque isso parece ajudar ao problema, mas do que ajuda-la  a se livrar dele, e à medida que vamos conhecendo a história não contada de Melinda, mais queremos pode saber para ajuda-la. E dia a dia durante a história a vemos murchando como uma planta sem água e emudece. Está tão só e tão fragilizada que não tem mais forças para reagir.


É impressionante ver que, muitas vezes, cometemos o mesmo erro. De como alguém mordido por uma cobra se concentra tanto na mordida, que se esquece do veneno circulando pelo organismo, enfraquecendo, adoecendo e matando a quem está tão atordoado com a mordida que esqueceu o que ela causa, os danos que provoca. E assim, é impossível não sentir o coração apertado com a dor de Melinda e parar de ler, tentar entender como se isso fosse ajuda-la. Vê nas aulas de artes uma chance, um abrigo que poderá ser a passagem pela qual era irá retomar a vida e enfrentar seus demônios e responder, falar, gritar: o que, de fato, ocorreu naquela maldita festa?

Quando as pessoas não se expressam, vão morrendo aos poucos. Você ficaria chocada se soubesse quantos adultos estão realmente mortos por dentro, vivendo sem ter ideia de quem são, só esperando um câncer, um infarto ou um caminhão surja e acabe com, eles .É a coisa mais triste que conheço.

Me lembrei do poder da palavra, da confiança que só uma amizade é capaz de despertar em alguém, na nossa eterna necessidade de segurança em várias áreas da nossa vida. E que descobrir que se pode contar com alguém, pode ser libertador e, ao mesmo tempo, a centelha de esperança que tudo vai dar certo, tudo vai ficar, de alguma maneira, melhor. Afinal, alguém ouviu, escutou, prestou atenção e deu a devida importância às palavras ditas, a verdade que elas contêm.


Fale! Falar pode ser o que vai trazer justiça ou evitar que se repita, que o círculo vicioso da impunidade continue. Que a vítima vai conseguir ouvir e entender sua própria história e finalmente se dar conta de que não é culpa da VÍTIMA. Nada dá o direito de outra pessoa fazer qualquer coisa contra a vontade de alguém. Que campanhas como Não é Não, Depois do não é assédio são tão importantes, necessárias. A mensagem impressa nas páginas de Fale! é realmente poderosa, do tipo que é impossível ler e não ter algum tipo de emoção a respeito do texto. Eu compreendo que algumas verdades são terríveis de serem lidas ou ditas em voz alta. 

Não foi culpa minha. Ele me machucou. Não foi culpa minha. E não vou deixar que isso me mate. Posso crescer.

Mas Fale!, a história de Melinda, vem nos mostrar que o calar, silenciar é ainda mais devastador que qualquer dor causada pela verdade, que sempre vai libertar e proteger. Então, FALE! Grite, faça com que a sua voz seja ouvida por você e por quem vai te ajudar. Porque você não está sozinha, não está sozinho e que, quando falar, vai ver que eu tenho razão.


No Brasil, você pode contar com o CVV — Centro de Valorização da Vida —, para apoio emocional, ligue 188 ou acesse www.cvv.org.br. Nessa central de telefone, você pode conversar com um voluntário que vai te ouvir. A ligação pode ser feita de todo o território nacional, 24 horas todos os dias, de forma gratuita.

E claro, pode vir para o Clube ler com a gente, conversar no Whatsapp e descobrir que tem uma turma maravilhosa nesse Clube, que lembra que viver vale a pena, lutar para continuar é bem mais fácil quando estamos no meio de outros leitores que sabem o poder da palavra escrita e falada.


Sobre a edição: é uma das coisas que mais amo na editora Valentina, a capa, além de linda, é feita para quem leu o livro. Chama a atenção de quem não leu? Sim! Mas ganha um significado maior e ainda mais especial para quem leu a história. Tradução, ortografia perfeitas, diagramação caprichada, e extras que tornam a leitura ainda mais especial e ótima para alimentar debates sobre o livro.


Nota ::  4,5


Informações Técnicas do livro

Fale!
Ano: 2013
Páginas: 248
Editora: Valentina
Sinopse:
“Fale sobre você... Queremos saber o que tem a dizer.” Desde o primeiro momento, quando começou a estudar no colégio Merryweather, Melinda sabia que isso não passava de uma mentira deslavada, uma típica farsa encenada para os calouros. Os poucos amigos que tinha, ela perdeu ou vai perder, acabou isolada e jogada para escanteio. O que não é de admirar, afinal, a garota ligou para a polícia, destruiu a tradicional festinha que os veteranos promovem para comemorar a chegada das férias e, de quebra, mandou vários colegas para a cadeia. E agora ninguém mais quer saber dela, nem ao menos lhe dirigem a palavra (insultos e deboches, sim) ou lhe dedicam alguns minutos de atenção, com duvidosas exceções. Com o passar dos dias, Melinda vai murchando como uma planta sem água e emudece. Está tão só e tão fragilizada que não tem mais forças para reagir.
Finalmente encontra abrigo nas aulas de arte, e será por meio de seu projeto artístico que tentará retomar a vida e enfrentar seus demônios: o que, de fato, ocorreu naquela maldita festa?
Um romance de estreia extraordinário; uma obra-prima vencedora (e finalista) de inúmeros prêmios sobre uma jovem que opta por calar em vez de dizer a verdade. Fale! encantou tanto leitores quanto educadores, alunos e professores. Um romance transformador, corajoso, capaz de fazer refletir sobre temas fundamentais – porém espinhosos como o bullying – do cotidiano dos adolescentes.
Fale! recebeu o “Altamente Recomendável” norte-americano para leitura escolar. Foi transformado em filme (O Silêncio de Melinda) em 2004, com Kristen Stewart, da saga Crepúsculo, no papel da protagonista.

Fale! é um livro impactante e corajoso, que incentiva a reflexão e o debate. É para ser lido com o coração e, principalmente, relido com a alma.


Para a Editora Valentina, leitura é, acima de tudo, entretenimento.
Olho vivo e faro fino.
Esse é, na verdade, o lema de todo grande editor. E a pinscher dessa editora encarna esse lema como ninguém.

25 abril, 2019

Resenha :: Esperando por Doggo

abril 25, 2019 0 Comentários

Um homem.
Um cachorro.
Um grande Amor

Amo livros e filmes sobre animais e sempre me emociono. Lembro do meu Luke, um poodle caramelo de tamanho normal. Ele recebeu esse nome em homenagem ao Luke Skywalker e foi meu companheiro até o final.


Mas, voltando ao Esperando por Doggo. O livro começa com Daniel lendo uma carta que Clara, sua namorada, deixou para ele. Quero dizer, ex-namorada. Ela resolve acabar com o relacionamento deles e deixa apenas uma carta explicando tudo. 

Ele fica também com Doggo, um cachorrinho feio que Clara adotou no abrigo "Lar Battersea para Cães e Gatos", há apenas três semanas. Ela queria um cachorro e simplesmente apareceu em casa com ele, sem avisar. Doggo não é seu nome verdadeiro. Eles decidiram chamar ele assim até encontrarem um nome mais adequado.

Ele é minúsculo, branco e quase careca. Digo quase porque há tufos de pelo aqui e ali, em caminhos de rato, como as moitas que um jardineiro preguiçoso não cortou.

Dan resolve devolver Doggo para o abrigo, mas a atendente do Lar diz que só recebe Doggo de volta se Dan castrar o bichinho. Seria o fim das bolas dele... para sempre. Ele fica indignado e sai levando Doggo consigo. 

Daniel é um redator publicitário e tem como parceiro "O Gordo do Trev". Em Agências de Publicidade o redator e o diretor de arte trabalham sempre juntos. São uma dupla. Dan e Trev formavam uma boa dupla, até Trev ter um colapso nervoso e deixar Dan sozinho e sem emprego. 

A chance de um novo emprego, e sem o antigo parceiro, aparece quando Dan é convidado para uma entrevista na Indology. Tudo vai bem na entrevista e ele acaba sendo contratado. A única imposição feita foi poder levar Doggo junto para o trabalho. 

Nem todos vão com a cara de Doggo na agência, mas aos poucos o cachorrinho vai conquistando a equipe. Dan trabalha com Edith, uma menina nova, mas com potencial. O dono da agência quer investir nela e acredita que ela vai "acontecer" se trabalhar com alguém mais experiente. 

A partir daí acompanhamos o dia a dia de uma Agência de Publicidade tendo Doggo como personagem secundário. Sou formado em Publicidade e já trabalhei em uma Agência, por isso me senti em casa com os acontecimentos narrados, mas aquilo que foi prometido pelo subtítulo do livro fez falta. A amizade entre Doggo e seu dono é muito singela. 

Há romance, intrigas, dramas e a narrativa em primeira pessoa, sob o ponto de vista de Daniel, flui muito bem. Só mais para o final do livro é que o foco volta a ser o Doggo e o título passa a fazer sentido.

Cante como se ninguém estivesse ouvindo, ame como se nunca tivesse sido magoado, dance como se ninguém estivesse olhando, e viva como se o céu fosse na terra. (Mark Twain)

Com amor, André


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Esperando por Doggo
Um homem. Um cachorro. Um grande amor.
Mark B. Mills
Ano: 2015
Páginas: 224
Editora: Novo Conceito
Sinopse:
Dan achava que tinha uma vida feliz com Clara, mas, de uma hora para outra, ela desaparece inesperadamente de sua vida, deixando para trás apenas uma carta de despedida e um cachorro. A pequena criatura é incomum e sequer tem um nome definitivo, ele é simplesmente chamado de Doggo.
Agora, Dan tem a missão de devolver Doggo, e, ao mesmo tempo, encontrar um novo emprego. A primeira missão parece ser fácil, a segunda, nem tanto.
Com o passar dos dias, Dan começa a desfrutar da companhia de Doggo e não tem coragem de abandoná-lo.
De forma singela, mas significativa, a presença do pequeno cão ajuda àqueles que estão ao seu redor. Doggo acaba tornando-se muito mais que um amigo de quatro patas, transforma-se em uma verdadeira fonte de inspiração para o trabalho e para a vida de Dan.
Esperando Doggo não é só um livro sobre um cachorro. É um livro sobre o poder de uma verdadeira e sincera amizade.


O Grupo Editorial Novo Conceito oferece sempre os best-sellers mais aguardados e comentados do meio literário. Em anos de sucesso editorial, foram vários os autores e títulos reconhecidos na principais listas do PublishNews e Veja. O selo Novo Conceito foi desenvolvido para reunir essas grandes publicações, além das novidades e lançamentos internacionais que ainda virão.

23 abril, 2019

Resenha :: Ao Meu Redor

abril 23, 2019 7 Comentários

Olá, leitor do Clube . Venho hoje falar com vocês sobre uma leitura maravilhosa que fiz. Ao Meu Redor da Elysanna Louzada. Quero começar, dizendo que é um livro que traz uma temática original e lindamente, narrada em primeira pessoa por Maria, uma moça órfã de mãe, que se vê tendo que viver ao lado da tia, e o que lhe deveria ser abrigo serve mais como penitência de um crime não cometido. Afinal, ela não entende o real motivo dos maus tratos que sofre da tia, e já muito nova trabalha com a tia na cozinha de uma fazenda para comer e vestir.


Sendo muito ingênua e numa vida que lhe parece penosa demais, vê em um comerciante, que faz negócios na fazenda, a sua chance de conseguir a liberdade. Sem saber que iria para uma prisão ainda mais dura que a vivida com a tia. A realidade que a tia havia previsto, mais como uma maldição, se cumpre e ela se vê refém de um sádico, que a molesta sexualmente e inflige castigos físicos cada vez que ela tenta conseguir a única coisa que sempre desejou, A liberdade.

Anos mais tarde, Maria Antônia regressa ao Brasil para atender ao pedido desesperado de sua melhor amiga, Sophia. Amiga essa com a qual viveu os piores e mais longos dias de sua vida. Que compartilhou lágrimas e esperanças e que agora precisa mais do que nunca dela. Porém o preço parece ser alto demais, voltar para o local onde seu passado parece se esgueirar por cada esquina e pessoa. Que pode ou não saber quem ela foi tantos anos atrás.


Nesse momento do livro, já estamos completamente dentro da história, acompanhando com sentimentos diversos, porque a autora já deixou claro que tem uma forma muito delicada e honesta de tratar a questão dos abusos às quais as mulheres eram e ainda são submetidas, na escravidão sexual. Nas restrições por ser mulher, e sobre tudo as diversas formas de preconceito, seja por orientação sexual ou cor da pele.

Uma das coisas mais lindas são os diálogos entre Maria Antônia e Joseph que, apesar das dores e das tristezas que ambos carregam, é repleta de compreensão, carinho e apoio mútuo, deixando um alívio na trama muito bem-vindo. 

Mas, claro, que não poderia deixar de falar de Miguel. Ahh! Esse personagem com nome de anjo, que faz jus quando se faz guerreiro, seja em busca ou na defesa do amor. Que por ele é capaz de sofrer e lutar até que o amor que ele sente seja capaz de vencer as dificuldades.


O destaque fica por conta das partes históricas muito bem escritas e colocadas na trama que, para quem já passeou ou conheceu São Paulo, tem aquela sensação deliciosa de revisitar o lugar com um olhar diferente, em preto e branco, recolorido pela narrativa e pela memória. 

E Sophia que traz a história outro tipo de amor. O amor nascido na dor, na luta por um objetivo em comum, de uma história partilhada. E que cria laços tão profundos que nem mesmo a distância e o medo de reencontrar o passado são capazes de impedir o retorno de Maria Antônia.

Todos esses ingredientes compõe essa trama rica, cheia de emoção e drama na medida certa, para expor temas tão importantes e onde o debate se faz necessário. Que ganham, nesse romance, falas verdadeiras e acertadas sobre marcas físicas e emocionais, preconceito e os danos que causam na vida das pessoas. E também, sobre como se permitir viver e contar com os que nos são preciosos, fazem a vida ser ainda melhor de ser vivida.

Encerro por aqui para evitar estragar a sua experiência de leitura, mas leia sabendo que, para mim, Esperança é a palavra que sintetiza essa linda história.


Esse livro conta com uma publicação linda, uma capa primorosa que é super condizente com a história, páginas amarelas e nenhum erro de ortografia e diagramação. Um trabalho, realmente, muito bem feito pela editora Astral Cultural.


Nota ::  


Informações Técnicas do livro

Ao Meu Redor
Elysanna Louzada
Ano: 2019
Páginas: 224
Editora: Astral Cultural
Sinopse:
São Paulo, 1923. 
Depois de passar anos escondida na Europa, Maria Antônia regressa ao Brasil para atender ao pedido desesperado de sua melhor amiga, Sophia. A partir desse momento, a vida que ela criou em Paris começa a desmoronar. Ao chegar a São Paulo, ela começa a reviver seu passado e os piores momentos de sua vida, onde ela e Sophia foram mantidas em cativeiro por anos. As marcas e as cicatrizes do passado que ela esconde por trás dos vestidos e saias longas, estão mais vivas do que nunca. 
Dessa vez, porém, ela terá que encarar um contexto totalmente diferente: uma paixão inesperada e, ao mesmo tempo, o reencontro com o seu carrasco.


_____Sobre a Autora_____


Elysanna Louzada


Entreter e educar são os dois principais eixos condutores da carreira literária de Elysanna Louzada. Autora capixaba infanto-juvenil de obras adotadas em escolas e bibliotecas públicas e privadas, já esteve na lista dos 10 mais vendidos da revista Veja (categoria Ebooks) com os romances Uma lição de amor e Herdeiros do Trono, Drama e Fantasia, respectivamente, voltados ao público Jovem/Adulto.
Professora do Ensino Fundamental e Médio por 10 anos, formada em Letras-Inglês-Literatura, Elysanna Louzada iniciou sua carreira como escritora em 2011. Suas obras podem ser encontradas em diversas plataformas, como Amazon e Wattpad, e em lojas físicas.
Em julho de 2014 Elysanna Louzada foi homenageada na Assembleia Legislativa do Espírito Santo com a Comenda Rubem Braga. Busca parceiros em todo o país para promover o projeto social Biblioteca escolar.
Além da escrita, Elysanna Louzada dedica-se a realizar palestras gratuitas em escolas públicas e privadas para motivar crianças e adolescentes a lerem e escreverem. Seus livros e carreira já foram cobertos por diversos veículos de imprensa nacional.