24 novembro, 2020

# @Milly # Companhia das Letras

Resenha :: A Nuvem


  Pode conter spoiler do livro anterior.
Confira a resenha de O Ceifadorclicando aqui.


O treinamento chegou ao fim. Nessa sequência da Trilogia Scythe, Rowan e Citra não são mais aprendizes. Enquanto ela venceu a disputa entre os dois e se tornou uma Ceifadora plena com o nome de Anastácia, Rowan teve que fugir para não ser coletado. Querendo justiça contra todos os Ceifadores corruptos, ele se torna o Ceifador Lúcifer com manto preto — tabu entre a ceifa — ele julga e mata os corruptos com fogo (uma das únicas formas de morte natural nesse mundo, por não restar nada para ser revivido).


— Estou botando um fim na vida de ceifadores que não merecem o título — ele respondeu. — Eu não “massacro”  ninguém. Dou um fim rápido e misericordioso à vida deles, assim como você faz, e só boto fogo no corpo depois que morrem para que não possam ser revividos.


Além de Rowan e Citra, nesse segundo livro nos é apresentado um novo protagonista. Greyson, que vivia uma vida confortável, estável e monótona, acaba como agente não oficial e não reconhecido da Nimbo-cúmulo, a inteligência artificial e quase onipresente nesse mundo. Como ela não pode se envolver nos assuntos da Ceifa, Greyson acaba sendo moralmente empurrado para o meio desse turbilhão político e perigoso. O que posso dizer é que esse personagem chegou sem chamar muita atenção, mas com um tempo conseguiu ganhar minha simpatia, principalmente por fazer todo o necessário para ajudar as pessoas e com isso tudo na sua vida começa a dar errado (risos). O desenvolvimento dele no decorrer do livro é bem interessante e pelo que aconteceu no final desse livro devamos esperar muito mais dele.


Por isso, recostou-se na cadeira, sorriu para o agente e disse:

— Vai se ferrar.


Citra/Anastácia tem um grande destaque nesse livro, ganhando cada vez mais importância e renome como Ceifadora, ao lado de sua mentora e amiga Curie, se vê encurralada pelas tramas da Ceifa, mas se torna uma grande voz. Rowan, ao contrário, eu senti que foi pouco aproveitado nesse livro, o plot de Ceifador Lúcifer, que tanto me animou, acabou me decepcionando. Algo que deveria ser mais lendário, se tornou algo para que a culpa de tudo que aconteceu de ruim recaia sobre ele. Não que ele tenha se tornado um personagem ruim, ele continua incrível, mas não teve espaço aqui. Rowan é que o mais sofre desde o início e mesmo assim não ganha tanto reconhecimento, além de ter quase ninguém que aparenta gostar dele de verdade. 

 

...o garoto que havia sido sofrera uma morte triste e dolorosa durante seu tempo como aprendiz. A criança dentro dele havia sido completamente eliminada. Será que alguém sofre por essa morte? , ele se questionava.


Em falar de mau desenvolvimento, acho que a relação amorosa de Rowan e Citra acaba sendo apresentada de maneira superficial, fica mais difícil convencer o leitor do amor deles, se passam mais tempo afastados do que juntos. Rowan ainda se mostra um pouco mais apaixonado por ela em seus pensamentos, mas Citra, apesar de suas ações para ajudar ele em O Ceifador, convenceu menos como apaixonada. Não que o livro deva ser cheio de romance, até porque não curto tanto em exagero, mas espero que não seja com sentimentos jogados, “ele ama ela e ela ama ele”. Não teve certo desenvolvimento para isso. 


Para ele, Citra parecia uma deusa. A única coisa que poderia fazer jus a ela seriam as pinceladas de um artista da Era Mortal, capaz de imortalizar o mundo com muito mais verdade e paixão do que a imortalidade em si.


Um ponto positivo foi o destaque para a mente da Nimbo-cúmulo nesse livro, e como ela vê a humanidade. Seus “sentimentos” com o que está acontecendo, sua frustração por não poder se envolver nos assuntos da Ceifa para ajudar diretamente. Aqui ela teve um papel fundamental no desenrolar da história e pelo jeito vai ser ainda mais importante na sua sequência.


E a dor… a dor na minha consciência é insuportável. Porque meus olhos não se fecham. Jamais. E só me resta assistir ininterruptamente enquanto minha querida humanidade trama devagar as cordas que usará para se enforcar.


Apesar das críticas negativas que fiz sobre esse livro, eu o acho incrível. O desenvolvimento desse universo distópico é excepcional e muito inteligente, as estruturas sociais criadas pela “Nuvem", separadas por localidade, são bem interessantes. E, se no começo me frustrou um pouco pela enrolação para as coisas finalmente acontecerem, o final foi te tirar o fôlego, deixando muita história para ser contada no terceiro e último livro da trilogia. Estou realmente ansiosa e indico muito a leitura. 



Nota :: 


Informações Técnicas do livro

A Nuvem

Scythe #2

Neal Shusterman

Tradução: Guilherme Miranda

Ano: 2018

Páginas: 496

Editora: Seguinte

Sinopse:

Em um mundo perfeito em que a humanidade venceu a morte, tudo é regulado pela incorruptível Nimbo-Cúmulo, uma evolução da nuvem de dados. Mas a perfeição não se aplica aos ceifadores, os humanos responsáveis por controlar o crescimento populacional. Quem é morto por eles não pode ser revivido, e seus critérios para matar parecem cada vez mais imorais. Até a chegada do ceifador Lúcifer, que promete eliminar todos os que não seguem os mandamentos da Ceifa. E como a Nimbo-Cúmulo não pode interferir nas questões dos ceifadores, resta a ela observar.

Enquanto isso, Citra e Rowan também estão preocupados com o destino da Ceifa. Um ano depois de terem sido escolhidos como aprendizes, os dois acreditam que podem melhorar a instituição de maneiras diferentes. Citra pretende inspirar jovens ceifadores ao matar com compaixão e piedade, enquanto Rowan assume uma nova identidade e passa a investigar ceifadores corruptos. Mas talvez as mudanças da Ceifa dependam mais da Nimbo-Cúmulo do que deles. Será que a nuvem irá quebrar suas regras e intervir, ou apenas verá seu mundo perfeito desmoronar?


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