Primeiro mandamento: matarás.
No universo de “Scythe" a morte foi superada, a imortalidade é uma realidade, ninguém mais morre por causas naturais ou acidentes, quando esse segundo acontece elas são levadas para um Centro de “revivicação” e logo podem voltar a sua vida eterna normalmente.
...embora a morte tenha sido derrotada tão completamente quanto a poliomielite, as pessoas ainda precisam morrer. Antes, o fim da vida humana ficava nas mãos da natureza. Mas nós a roubamos. Agora temos o monopólio da morte. Somos seu único fornecedor.
Mas uma coisa é certa em um universo que ninguém
mais é mortal: as pessoas ainda precisam morrer. Ainda se precisa ter um
controle populacional, e o único fornecedor desse fim são os Ceifadores.
Desde que têm idade suficiente para entender, todas as crianças aprendem que os ceifadores prestam um serviço crucial à sociedade.
Com toda certeza o universo de Scythe é um dos universos distópicos mais interessantes que eu já
li. Morrer se tornou mais raro aqui, mas não impossível, os Ceifadores existem
para garantir isso. O que eles fazem não é chamado de assassinato e sim “coleta”,
uma função importante nessa sociedade, que todos entendem a necessidade, mas
nem por isso eles acabam não sendo temidos.
...os ceifadores não eram muito diferentes dos cobradores de impostos no esquema geral das coisas. Eles apareciam, cumpriam sua função desagradável e iam embora.
Scythe nos leva em um mundo distópico, que também não
deixa de ser próximo a uma utopia, em que não existe um Governo, tudo é quase
relativamente justo pelo comando artificial da “Nuvem” Nimbo-Cúmulo, que é quase onipresente e tem o controle de
boa parte da sociedade. Injustiças sociais não existem mais, mas o único setor
que ela não pode interferir é a dos Ceifadores, pois foi determinado que a morte
ainda deve ser uma decisão humana. Mas por não existir controle entre esse
grupo, acaba que é o único com corrupção, rixas políticas e disputa por poder.
E é nesse lugar que Cidra Terranova e Rowan Damish acabam caindo, e vão ter um
papel importante a desempenhar contra tudo isso.
O fato de que nem todos os ceifadores eram bons nunca havia passado pela cabeça de Rowan ou Citra.
Nossos dois protagonistas, Citra e Rowan, são
convidados para serem aprendizes de Ceifador, antes vivendo uma vida diferente um
do outro e em lares bem opostos, ela em uma família pequena e amada, Rowan em
família enorme, onde ele é apenas mais um — em um lugar que ninguém mais morre
é difícil se destacar —, mas os mundos deles colide ao receberem o convite de
Faraday e irão viver sob nova perspectiva.
Esqueçam tudo o que vocês pensam saber sobre ceifadores. Abandonem suas ideias preconcebidas. Sua educação começa agora.
Eu particularmente adorei os dois protagonistas,
mas principalmente Rowan, acho que a história dele no desenrolar da trama foi a
que mais se destacou para mim, o desenvolvimento dele é muito bom, o jeito que
ele foi treinado e como ele vai se tornando extremamente foda na arte de matar
é de tirar o fôlego. Mas Citra não fica muito atrás, apesar de eu ter tido uma
dificuldade maior de me conectar com ela, não se tem dúvida o quanto ela vai se
tornando tão incrível, ao seu modo, quanto Rowan, ela é de uma inteligência
ímpar, enquanto ele é uma verdadeira força da natureza.
Me tornei o monstro dos monstros, ele pensou enquanto via tudo arder em chamas. O matador de leões. O carrasco de águias.
Os personagens secundários, como Ceifador Faraday e
a Ceifadora Curie, se mostraram bem interessantes, apreciaria ler mais sobre a
história deles, mas o pouco que foi nos dado já garantiu minha simpatia pelos
dois. Outro destaque é o Ceifador Goddard e seu séquito de Ceifadores, ele é
outra força da natureza, uma força destruidora carismática, mas um filho da p*ta de marca maior, ele ama o que faz,
ama seu poder e ter a decisão entre a vida e da morte, que tem um prazer por
coletas em massa sem misericórdia, e que está mais para um assassino do que um
Ceifador.
— Sou o fim de vocês! — disse Goddard em tom de declamação. — Sou sua execução! Sou seu portal para os mistérios do além-vida!
Enfim, eu me empolguei demais com a história
contada aqui. Poucas coisas de fato eu conseguia prever o que aconteceria, e
isso é uma coisa incrível levando em consideração que leio uma quantidade
grande de livros desse gênero. E a escrita do autor é ótima, me prendeu do
início ao fim, os plot muito bem
feitos, o final deixou poucas dicas como vai se desenvolver o próximo livro, mas
ao mesmo tempo foi incrível.
Resumindo: LEIAM. E não irão se arrepender, o universo de Scythe é excepcional.
Informações Técnicas do livro
O Ceifador
Scythe #1
Tradução:
Guilherme Miranda
Ano:
2017
Páginas:
448
Editora:
Seguinte
Sinopse:
A humanidade
venceu todas as barreiras: fome, doenças, guerras, miséria... Até mesmo a
morte. Agora os ceifadores são os únicos que podem pôr fim a uma vida,
impedindo que o crescimento populacional vá além do limite e a Terra deixe de
comportar a população por toda a eternidade. Citra e Rowan são adolescentes
escolhidos como aprendizes de ceifador - um papel que nenhum dos dois quer
desempenhar. Para receberem o anel e o manto da Ceifa, os adolescentes precisam
dominar a "arte" da coleta, ou seja, precisam aprender a matar.
Porém, se falharem em sua missão - ou se a cumplicidade no treinamento se
tornar algo mais -, podem colocar a própria vida em risco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seu comentário!! Bem-vindo(a) ao Clube do Farol!