Confira a resenha dos primeiros livros da trilogia!
Chegamos ao último livro da Trilogia Scythe de Neal Shusterman. Depois daquele final
espetacular de A Nuvem, iniciei a leitura da conclusão da saga com altas
expectativas, nem todas foram atendidas aqui, mas não posso dizer que foi uma
experiência de leitura ruim.
Uma visão que eu tive da trilogia, enquanto lia
esse livro, é a de que o protagonismo de Scythe era seu próprio mundo
distópico, os personagens são coadjuvantes, alguns com mais ou menos destaque.
Claro que isso não é confirmado, apenas como eu enxerguei, pois uma das coisas
mais interessantes é esse mundo diferenciado em que a morte, na maioria das
vezes, não é um fato permanente, esse mundo construído pelo autor é um dos mais
incríveis que já li, eu amei cada detalhe sobre isso.
Finalmente, tudo estava bem. Até o momento em que não estava mais.
Mas como nem tudo é só amor, a conclusão da saga me
decepcionou em um quesito: os personagens. Isso quer dizer que eles ficaram
chatos? Não, muito pelo contrário, eu me vi aqui muito mais apegada a Citra,
Gleyson e principalmente Rowan, nas vezes que eles apareciam, óbvio, pois foi
isso que não me fez gostar mais ainda da história. Foram introduzindo desde o
início novos personagens para explicar talvez o final e pouco se deu destaque
para os qual já estávamos acostumados e amando.
— Bom — disse Rowan —, se ainda estou à solta, vocês deveriam me deixar ir. Assim eu realmente estaria à solta, e vocês não estariam mentindo.
Greyson ganha um papel muito importante aqui e dos
três foi muito melhor desenvolvido. Citra, como Ceifadora Anastácia, também
ganha seu papel, apesar de não ser o que eu esperava, ela tem sua
importância. Já Rowan sinto que foi jogado de um lado para o outro, o que
me irritou, porque com certeza ele é o personagem com a personalidade mais
interessante entre os “principais”, ler
o pouco espaço que lhe foi dado e perceber todo o potencial dele sendo
desperdiçado foi o mais difícil, pois, por melhor que fosse esse mundo
literário tão bem construído, faltou a carisma de um personagem assim para
segurar as pontas e se tornar um livro 5 estrelas.
— Ele, ela, elu… Pronomes são coisas maçantes e preguiçosas — Jeri disse. — Prefiro chamar uma pessoa pelo nome. Mas, para responder sua pergunta mais profunda, sou homem e mulher.
Os pontos positivos em relação a outros personagens
introduzidos durante a trilogia foi a de Nimbo-cúmulo
que, apesar de já ter tido mais destaque desde o livro anterior, nesse terceiro
ganha um aspecto de personalidade mais humano, que faz nos apegarmos a ela. Um
secundário que engrandeceu a história também foi Jeri, uma persona
interessantíssima e de grande representatividade, por ser alguém de gênero
fluído. E o que amei muito foi a explicação das estruturas sociais por regiões
que engrandeceram muito a leitura.
— E não recebi nenhuma recompensa pelos meus esforços, apenas dor.
O romance de Citra e Rowan, apesar de eu gostar,
não acredito que foi bem desenvolvido. Durante toda a saga eles tiveram muito
poucos momentos juntos depois de separados pela primeira vez. No livro anterior
tiveram basicamente dois encontros, e nesse aqui também foi pouco, o que fica
mais difícil de convencer esse amor todo que sentem um pelo outro. Mesmo assim
ainda peguei mais nuances de sentimentos de Rowan do que de Citra. O que me
incomodou foi que grande maioria das pessoas aqui tinham sentimentos positivos
fortes por ela (sem explicação), e
por ele quase ninguém se importava. Sim, ele é meu favorito é isso me incomoda
(risos). Rowan estava no livro para
sofrer e para poucos se importarem, mas eu me importava (precisava desabafa sobre esse fato — rindo).
Não que a Grande Dama da Morte tivesse qualquer interesse em salvar Rowan — o salvamento dele fora apenas um efeito colateral. Mas tudo bem. Ele podia viver com isso. Desde que Citra também estivesse viva.
Achei o Ceifador Goddard como vilão mais ok do que
bom nesse livro, nos anteriores ele pareceu mais impressionante, aqui ele é
apenas mau por ser mau, gosta de matar, o que o torna realista, mas não me
deixou muita coisa no que dizer sobre ele. Em compensação o caos causado por
ele e pelos extremistas dos tonistas foram bem impactantes.
— Viu só? A maneira como você chega ao cerne da questão é sempre revigorante. Tão divertida. Eu manteria você como um animal de estimação se não tivesse medo de que você fugisse e botasse fogo no meu corpo enquanto durmo.
— É realmente algo que eu faria — Rowan disse.
Enfim, apesar de uma boa estrutura, um universo muito incrível e uma boa escrita do autor, esse último livro não me encantou como os dois primeiros, mas continua valendo muito a pena a leitura e espero ler mais coisas do autor, precisava desabafar sobre aquilo que não curti, mas desejo muito que isso não impeça vocês de aproveitarem a Trilogia Scythe. É isso, leiam!
Informações Técnicas do livro
O Timbre
Scythe #3
Tradução:
Guilherme Miranda
Ano:
2020
Páginas:
560
Editora:
Seguinte
Sinopse:
A humanidade
alcançou um mundo ideal em que não há fome, doenças, guerras, miséria... nem
morte. Mas, mesmo com todo o esforço da inteligência artificial da
Nimbo-Cúmulo, parece que alguns problemas humanos, como a corrupção e a sede de
poder, também são imortais. Desde que o ceifador Goddard começou a ganhar
seguidores da nova ordem, entusiastas do prazer de matar, a Nimbo-Cúmulo
decidiu se silenciar, deixando o mundo cada vez mais de volta às mãos dos
humanos.
Depois de três
anos que Citra e Rowan desapareceram e Perdura afundou, parece que não existe
mais nada no caminho de Goddard rumo à dominação absoluta da Ceifa – e do
mundo. Mas reverberações das mudanças na Ceifa e da Grande Ressonância ainda
estremecem o planeta, e uma pergunta permanece: será que sobrou alguém capaz de
detê-lo
A resposta
talvez esteja na nova e misteriosa tríade de tonistas: o Tom, o Timbre e a
Trovoada.
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