01 janeiro, 2019

Resenha :: O Conto da Deusa

janeiro 01, 2019 0 Comentários

Olá, tudo bom?

Por gostar de assistir animes e ler mangás, acabei desenvolvendo uma certa curiosidade em relação ao Japão, tenho muita vontade de conhecer o país, principalmente ir ao “Hanami Festival” onde são apreciadas as flores de cerejeira, também conhecidas como Sakura. Você pode conhecer um pouquinho mais sobre esse Festival, clicando aqui.

Natsuo Kirino é uma autora japonesa de romances policiais, ela já ganhou diversos prêmios, resolvendo aventurar-se em outro gênero ela decide fazer uma releitura de um antigo conto da mitologia japonesa, o mito de Izanagi e Izanami.

Em O Conto da Deusa, somos transportados à ilha Umihebi onde vivem as irmãs Namina e Kamikuu, que tem uma relação bem próxima. Nesta ilha, a escassez de alimentos é grande e os costumes são muito rígidos, sendo que cada família tinha uma função específica na ilha. Quando Kamikuu atinge os seis anos de idade ela é escolhida para suceder o Oráculo da ilha, e, portanto parte para receber o seu treinamento com sua avó. Namina passa a ser considerada como “impura” e a partir desse momento, sem maiores explicações, passa a não poder ter nenhum tipo de contato com sua irmã, o que devastou seu coração.

Nesta história, conhecemos toda a trajetória de vida de Namina, como ela lidou com a rejeição, a perda, a dúvida e seus conflitos internos, também acompanhamos seu primeiro amor, suas transgressões e seus desejos.

Após alguns acontecimentos trágicos, Namina acaba indo parar no submundo e conhece a Deusa Izanami, a deusa do mundo dos mortos é implacável e guarda muito rancor do Deus Izanaki. Viajando entre o mundo dos vivos e dos mortos, Namina irá tentar desvendar os motivos de todo esse ódio e amargor, assim como saciar a curiosidade de seu coração.

Mas, uma vez que a fagulha da amargura é acessa, torna-se difícil extingui-la.

Natsuo Kirino recontou esse conto ancestral em uma linguagem fluida e leve, trazendo uma leitura com um ótimo ritmo e que nos instiga a cada página a querer saber mais e mais sobre os personagens, seu passado e suas motivações. Este foi meu primeiro contato com a escrita da autora e fui surpreendida positivamente, pretendo ler outros livros dela assim que tiver uma oportunidade.

Nós humanos não podemos escapar de nosso destino. Mas isso torna a vida algo ainda mais precioso.

Sobre a edição: livro em brochura, páginas amareladas, boa diagramação e fonte em tamanho confortável para leitura prolongada.

Até a próxima!


Nota ::  3,5 


Informações Técnicas do livro

O Conto da Deusa
Ano: 2014
Páginas: 288
Editora: Rocco
Sinopse:
Numa misteriosa e lendária ilha com o formato de uma lágrima, duas irmãs nascem no seio de uma família de oráculos. Kamiku é admirada por sua beleza incomum, e por isso Namina passa a viver sob a sombra da irmã. Em O conto da deusa, a aclamada escritora japonesa Natsuo Kirino, autora de romances policiais premiados como Do outro lado, reimagina a criação do Japão em uma trágica história de amor e vingança. 
Kamiku é escolhida para se tornar o próximo oráculo e servir o reino da luz, enquanto Namina é obrigada a servir o reino das sombras e guiar eternamente os espíritos ao mundo subterrâneo, onde encontra a deusa Izanami. Namina, cujo nome siginifica “mulher em meio às ondas”, viaja entre o mundo dos vivos e dos mortos, buscando vingança. No cerne desta sombria história, Kirino reinventa o antigo mito da criação de Izanami e Izanaki, personagens da mitologia japonesa.
Como a deusa, Namina é consumida pela raiva e, incapaz de esquecer sua antiga vida, quer entender por que foi banida do mundo dos vivos. O ódio amargurado dessas duas mulheres impregna a narrativa, numa estrutura que remete às obras mais recentes da romancista, onde a mulher é sempre alvo de traições. Namina age contrariamente ao que sua família e comunidade esperam dela. O seu próposito post mortem passa a ser a busca por justiça, não contra o assassino que lhe tirou a vida, mas contra o mundo que a subjugava.
A mitologia japonesa tem uma densidade que impressiona. Por séculos, a vida de muitos deuses e deusas fora intimamente ligada à vida do povo japonês, controlando cada fase de seu destino. Nessa crônica atemporal, as tensões e conflitos são construídos para evidenciar uma realidade em que o abismo entre o homem e a mulher é muito maior do que aquele que separa humanos e deuses.
Natsuo Kirino é mestre em criar um ambiente de mal-estar e desconfiança entre seus personagens. E aqui ela mostra como a mulher é vista como um ser desprezível, não só perante os deuses, mas também pelos homens, para quem a mulher existe apenas para reproduzir e morrer, depois de viver uma vida de servidão.


28 dezembro, 2018

Resenha :: A Mais Bela de Todas (A História da Rainha Má)

dezembro 28, 2018 0 Comentários

Voltei!! E nem demorou muita, né? Hoje vamos conversar sobre um livro que ganhei e li já tem um certo tempo, mas eu gostei da história e fiquei com vontade de compartilhar com vocês minhas impressões sobre a leitura. Bora lá?

– Diga-me, espelho meu, existe alguém mais bela do que eu? – ela perguntou, desesperada.


Quando falamos de contos de fadas, em sua maioria lemos ou vemos histórias onde o foco principal é a princesa, certo? Pois bem, o pessoal da Editora Universo dos Livros trás para o leitor a série Vilões. Na série é colocada em evidência a origem de alguns antagonistas dos tão amados contos de fadas.

E é justamente isso que podemos conhecer em A Mais Bela de TodasConhecemos o passado da Rainha Má, e tudo que aconteceu antes dela ser corrompida pela maldade que conhecemos bem.


Em A Mais Bela de Todas de Serena Valentinoo leitor irá conhecer um outro lado da Vilã de Branca de Neve, um lado até bonito. E quer saber? Fiquei com pena de tudo que ela passou na vida, #prontofalei. Pude conhecer o passado da Rainha (no livro ela também não tem nome!).

Faz parte de nosso fardo perder as pessoas que amamos e sentir nossos corações despedaçados com a perda.

A rainha era uma mulher bela e pasmem: BOA! Em A Mais Bela de Todas tem seu foco totalmente na Rainha, ou seja, Branca de Neve só faz uma participação. 
      
Durante boa parte do enredo do livro, a rainha é um mulher boa — como já falei. E até mesmo carinhos e com uma história sofrida. Tais atos não me incomodaram em nada, pelo contrário! Fiquei louca para saber os motivos que a levam a mudar. E sim, há motivos! Porém achei que tais motivos foram colocados de forma abrupta.


Não acredite nas mentiras de seu pai, minha menina. Ele não enxerga você como você é, e eu temo por sua alma caso você venha a permitir que essa negatividade permaneça em seu coração. Você é linda minha querida, verdadeiramente linda. Nunca se esqueça disso, mesmo que eu não esteja mais aqui para lembrá-la.

Gente, peço desculpas por não contar muito da história, mas A Mais Bela de Todas é uma história que não dá para ficar contando muito. Me perdoem! Uma coisa posso falar, o livro passa uma mensagem bem interessante, até mesmo um alerta para nós leitores.

Tá, Renara, e que mensagem é essa? Calma, calma, vou contar. Quantas e quantas vezes nos deixamos ser influenciados por comentários negativos de pessoas que amamos?  Esse é justamente o motivo que leva a bela rainha a deixar de ser uma mulher bela e boa, para ser uma Rainha bela e má.

E aí? Ficou curioso sobre essa história? Se você assim como eu, ama contos de fadas e histórias que nos levem novamente para o universo encantado, você não pode deixar de ter na estante não só A Mais Bela de Todas, como os demais livros da série. 

Bem, vou me despedindo por aqui... até a próxima, Clube!



Nota :: 


Informações Técnicas do livro

A Mais Bela de Todas
A História da Rainha Má
Ano: 2016
Páginas: 272
Sinopse:
Ela é a primeira vilã da Disney. Apesar da beleza exuberante, é invejosa e extremamente má. Capaz até de pedir a um caçador o coração da doce e ingênua princesa do reino, ela chega a envenenar uma maçã para conseguir se livrar de sua rival.
Mas toda história tem dois lados, não é verdade? Será que você conhece realmente a origem da Rainha Má? Este livro vai te contar uma história desconhecida até então. Ela é sobre amor e perda, com uma pitada de magia. Descubra aqui o que se esconde por trás do olhar enigmático da mais bela de todas...

26 dezembro, 2018

Resenha :: Aquela Tal História de Amor

dezembro 26, 2018 0 Comentários

Olá leitores, venho compartilhar com vocês uma leitura que fiz e que já de cara tinha me encantado pela sinopse, e a promessa de um bom romance. O que é fundamental para quem estava saindo de uma ressaca literária de fantasia pós-Tolkien.

O prólogo apresenta a personagem Elizabeth (sim, o nome me chamou atenção, risos), 28 anos e solteira que se orgulha de sua felicidade depender apenas de si mesma,  uma professora de história, nerd assumida e aficionada pela Inglaterra e que tem certeza que o amor de sua vida será um inglês. Adorei isso de o prólogo apresentar a personagem principal, porque no primeiro capítulo eu já tinha uma ideia de quem era a Elizabeth da história.


E assim vamos conhecendo um pouco mais sobre ela, que ama estudar, aprende sobre tudo em seu campo de interesse acadêmico e até do mundo Geek de sua melhor amiga Daniela, mas é incapaz de deixar a emoções guiarem seu caminho e sua vida. Por isso quando o namorado de sua amiga resolve ir com seus colegas de faculdade para um festival de rock onde Liz mora, o amigo inglês Richard parece bom demais para ser verdade.

Mas que graça teria se a vida fosse simples assim, um caminho em linha reta racional e totalmente a nosso controle?! E aí, a vida se encarrega de trazer um livro misterioso que prevê que na realidade a alma gêmea de Elizabeth é Murilo (sim, eu li como Danilo, me julguem...) e mesmo ele sendo tudo que ela julgava que não iria atrai-la, ela se vê cada vez mais atraída e sem conseguir lidar com isso ou evitar.

Sempre tive orgulho de ser fria e racional, mas, agora, eu conseguia sentir cada inspiração e expiração dos meus pulmões. E o ar entrava gelado, provocando meu sangue, brincando com meus ossos e causando uma intermitente coceirinha no estômago, lembrando-me de que eu só não tinha controle do que mais importava: meu coração.

E assim vamos conhecendo os personagens desse romance contemporâneo, com personagens adultos, bem resolvidos e, claro, que me conquistaram muito rápido; que me encantou e conquistou pelo jeito doce, sincero e despretensioso da história e em especial com personagens cativantes. Seja pelo charme do Murilo, que consegue ser tão confiante e decidido e ao mesmo tempo ser tão generoso e honesto com seus sentimentos e com as pessoas ao seu redor.

Uma nerd que tem verdadeiro amor pelos livros, pelas histórias reais de pessoas que construíram nosso presente, com suas vidas no passado, que não tem medo de usar suas "palavras não usuais" e usar o português formal em seu dia a dia, sendo condizente consigo mesma e fruto de muitas risadas por sua amiga.


Nas primeiras impressões (confira aqui) disse que eu tinha ficado com medo da Liz ser cabeça dura e estragar tudo, e adivinhem?! Eu tinha motivo para ter medo. Porque ela é cabeça dura dela, porque tem medo do é ser predestinado e pode tirar o poder de escolha, e isso faz com que Liz tente se afastar de todos os modos de Murilo, tentando se manter determinada a escrever seu próprio final feliz. E assim vamos conhecendo a história que a própria Elizabeth decidiu escrever de sua vida, suas decisões e conflitos e vemos que ninguém é feliz sozinho. Amizade, família e amor são os que nos fazem inteiros, nos mantêm nos momentos difíceis e nos apoiam nas escolhas acertadas ou não.

Era fácil amá-la sentindo sua pele macia contra a minha ou quando ela mordia o canto interno da bochecha enquanto formulava uma resposta. Era mais fácil ainda amá-la quando ela sorria e seus olhos se espremiam, sorrindo junto. Simplesmente era fácil amá-la porque tudo que ela fazia parecia absurdamente certo e lindo para mim.

Murilo sabe ser crush literário, se bem que foi torcida (shippo) certa por esses dois desde o início. Depois de "Notting Else Matters" foi certeiro.  E num livro repletos de referências deliciosas de se ler, e em especial entender, fui rindo e sofrendo com as dores e amores desses dois e seus amigos nessa história, que cada um escreve a cada dia, a própria história. E essa história nos lembra que o "se" não faz história, não conquista nada, não realiza nada e que nossos medos podem ser aqueles que mais depõem contra nós. Como diria Nora Roberts: "O amor é sempre assustador se for importante". Vou parar por aqui antes que eu estrague tudo com algum spoiler.


Eu definitivamente adorei essa leitura, foi super fluida, a narrativa da autora foi deliciosa, assim como a fonte e a diagramação ajudaram demais durante a leitura, folhas amarelas de gramatura alta e gostosa de tocar e ler. Uma bonita edição super bem feita e com uma capa que diz muito mais a segunda vista do que a primeira. Apesar de a primeira vista não ser nem um pouco ruim. Deixo aqui minha sincera recomendação que você leia essa história e se encante como eu por essa que poderia ser uma história real.

E assim chego ao fim, deixando uma frase que lembrei durante a leitura, e que talvez funcione tanto quanto como foi escrita quanto parafraseada.

"É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, 
em posse de grande fortuna, deve estar procurando uma esposa."
(Jane Austen)


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Aquela Tal História de Amor
Ano: 2018
Páginas: 212
Editora: Selo Talentos
Sinopse:
Elizabeth é professora de história, nerd assumida, aficionada pela Inglaterra e, além de saber tudo sobre a Guerra das Duas Rosas, ela tem também a certeza de que o amor da sua vida será um inglês. Quando o namorado da sua melhor amiga resolve levar os colegas para um festival de rock na cidade, Liz sente até um arrepio ao descobrir que com eles está Richard, um autêntico Britânico.
É nessa hora que um misterioso livro surge em seu caminho, prevendo que sua alma gêmea, na verdade, é Murilo, o Playboy da turma, por quem Elizabeth se sente cada vez mais atraída, mesmo sendo o oposto do que sempre idealizou.
Confusa sobre até onde o que está sentindo é real ou manipulado pelo tal livro, Liz tentará a todo custo se afastar de Murilo, determinada a escrever o próprio final feliz. Afinal de contas, poderia Aquela tal história de amor sair do livro e se tornar real?


 _____Sobre a Autora_____

Ana Luísa Beleza

Ana Luísa de Souza Beleza é mineira, de Belo Horizonte, leonina, nerd, advogada e pós-graduada em Direito Público. Seu amor por histórias vem desde a infância, tendo aprendido a ler sozinha, tamanho o fascínio que os livros lhe causavam. Nas horas vagas gosta de ler, escrever, ver séries, cozinhar, bater bapo, brincar com seus gatos e assistir a tutoriais de maquiagem na internet - às vezes tudo ao mesmo tempo.


*Exemplar cedido pela editora

24 dezembro, 2018

Resenha :: De Repente Esclerosei

dezembro 24, 2018 5 Comentários

Antes de falar sobre o livro, preciso escrever uma carta (é rapidinho, seja paciente! ):

Querido Papai Noel,

Sei que já estamos quase no Natal, mas preciso te pedir um presente. Eu quero um Dimitri da vida real, igualzinho ao do livro De Repente Esclerosei
Eu sei que é um pedido inusitado e que deve ser difícil dar uma pessoa de presente para alguém, principalmente tão em cima da hora, mas você é o Papai Noel! Faça sua magia! Estou sendo uma pessoa boa esse ano (mesmo esse ano não sendo bom para mim). 
Eu sei que não li todos os livros que comprei desde janeiro, e que tentei explodir a cabeça de algumas pessoas com a força da minha mente, mas eu não me droguei, não roubei, não matei, não me prostitui, não coloquei fogo em uma agência dos Correios... E até emprestei um livro! E o senhor sabe que isso é algo muito difícil de acontecer....
Eu até tentei fazer mil tsurus para conseguir esse “presente”, mas você sabe que não passei do primeiro, já que não tenho talento e paciência para essas coisas.
Então, como mísero pedido de uma garota apaixonada por alguém que não existe na realidade, quero apenas um Dimi só para mim. Custa nada me fazer feliz, custa? Cadê o seu coração cheio de bondade e amor? Não despedace meu coração destruindo minhas esperanças. Por favoooooooor, por favorzinho! Me dê um Dimi de presente! 

Obrigada, Papai Noel, você é o cara!

P. S. Caso seja difícil de conseguir, você pode entregar em janeiro, eu não me importo de esperar, já esperei 23 anos, posso esperar mais alguns dias.


Pronto, me perdoe por te fazer esperar, mas era importante . Enfim, hoje cá estou para falar de um livro que me surpreendeu muito e está entre os melhores livros que li em 2018, o livro da Marina Mafra (do blog Resenhando por Marina ), De Repente Esclerosei.

Só que essa não é uma história de superação. Como se supera algo crônico e degenerativo? É a história de como, de repente, eu esclerosei.


Ele é narrado em primeira pessoa pela protagonista Mitali Montez, que durante o decorrer da história descobre que tem Esclerose Múltipla (que não é a mesma esclerose que a Stephen Hawking tinha, a dele era Esclerose Lateral Amiotrófica — ELA — que não é a mesma coisa), que pela definição mais básica e resumida possível “é uma doença neurológica, crônica e autoimune – ou seja, as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões cerebrais e medulares” (fonte), obviamente engloba sintomas e características próprias, mas não vou me aventurar a falar disso porque não sou médica e nem tenho esclerose, mas agora que estamos mais situados, vamos em frente.

Como viver sem saber quando será a última vez que fecharemos os nossos olhos?

A Mit tem uma vida bem normal, é jovem, tem sua independência, trabalha na cafeteria de uma livraria (algo que gosta), tem e protege a sua amiga melhor amiga, Aurora, e apesar de algumas mágoas antigas, tudo está aparentemente bem com ela, até os primeiros sintomas de alguma doença aparecerem. Mas como uma humana como nós, que sempre achamos que sempre podemos empurrar as coisas com a barriga e temos certo receio de procurar ajuda médica, após os sintomas “sumirem”, ela acha que não é nada e segue a vida.

O tempo passa depressa quando tememos o futuro e nos guia diretamente para o alvo dos nossos pesadelos.

Tempos depois, ainda com a mesma vida de antes, na linda livraria do fofo do Sr. Braga, onde trabalha na cafeteria, ela conhece o novo gerente, o Dimitri (amor meu ) Mifti, e, em termos do Hotel Transilvânia, rola o tchan, praticamente um amor a primeira vista (super entendo a paixão “te vi e já te quis” da Mit), coisa que acontece com almas gêmeas. E esse romance traz a maior parte das cenas amorzinhos e fofas do livro.


Mas nem tudo na vida são flores, nela tem os espinhos, folhas secas e as ervas daninhas também. Os sintomas antigos voltam, ainda piores, e já não dá mais para fugir. E não apenas os sintomas dão as caras, mas o pai da Mit, com quem ela não tem uma relação muito invejável, aparece também, de forma meio misteriosa, trazendo o passado dela junto, e cabe a ela decidir como lidar com ele e com tudo o que acontece em sua vida, inclusive com a descoberta do motivo de seus sintomas, a Esclerose Múltipla.

Somos resistentes à dor, mas precisamos admitir que a danada ensina como ninguém.

Qual vai ser a reação da Mit em relação a presença do pai? Como ela lidará com os sintomas, o tratamento e tudo o que envolve a EM? O seu romance com o Dimi vai sobreviver apesar de tudo? Ou ele vai descobrir que o amor da vida dele se chama Daniela (sonho )? Só lendo para você descobrir.

— Todos temos uma história triste pra contar, Mit. (...) Cada um tem a sua porção de lutas, só que isso não define quem somos. Há uma vida além dos problemas e ela depende de você para acontecer.

Preciso dizer que De Repente Esclerosei foi uma grata surpresa, eu vi sobre o lançamento dele no instagram do blog literário da Marina, @resenhandopormarina, e fiquei bem curiosa depois de ler a sinopse e ver a capa (linda) do livro e resolvi o ler quando a autora fez uma leitura conjunta dele, mas o que era para ser lido aos poucos, foi lido em algumas horas, porque quando a leitura flui devia ser considerado um crime dar uma pausa. E, sério, serzinho, pense em um livro que flui! E quando você percebe já está nos últimos capítulos.

A Marina, apesar de ser uma autora de primeira viagem, te prende e te faz mergulhar na história, é quase como uma areia movediça, mas que em vez de quase te matar, te inspira a viver a cada capítulo.


O livro nos envolve, nos fazendo rir, chorar e aprender sem ter exageros (sem milhares de dramas que, em vez de nos emocionar, nos irritam), nos fisga pela história, pela narração, pelos personagens, pelos diálogos, pelo que ensina... Nos conquista com as referências, tanto as sutis quanto as não tão sutis assim.  E nos conecta com a protagonista. Queremos ser amigos dela. Queremos fazer tsurus. Queremos tomar cappuccino. Queremos ganhar um dálmata (mas isso eu sempre quis mesmo). Queremos roubar/sequestrar o namorado dela. E no final queremos abraçar os personagens e a autora.

O quanto de vergonha alguém pode passar e ainda continuar vivendo?

E em se tratando de personagens, é quase impossível não querer entrar no livro e sair abraçando eles.

A Mit é tão gente como a gente, ela tem medos, dúvidas, defeitos, mágoas... mas aprende, perdoa, luta, cai e levanta, segue em frente, vive! É uma personagem real, não utópica. A gente sente que poderia encontrar uma Mit em algum lugar perto da nossa casa, sabe?

E o que dizer do Dimi? Serzinho mais apaixonante, amorzinho, companheiro, amável, adorável, sequestrável... Dá vontade de entrar no livro para roubar ele, amarrar e nunca mais soltar. Pena que ele não se pode encontrar perto de casa, ele é muito bom para ser de verdade. É muito amor para poucos potinhos.

Havia algo a mais nele. Como a lembrança de um sonho, que eu esqueci e recordei no instante em que o vi. Como um presente que recebi após desejar por muito tempo. Se me perguntassem como seria um homem perfeito, eu o descreveria.

Sobre os outros personagens vou deixar para você tirar as suas próprias conclusões, mas posso dizer que eles também são bem humanos, erram, precisam de perdão, evoluem, ensinam...

Deveríamos viver todos os dias como únicos, sem preguiça para não gerar arrependimentos.

Uma das coisas que mais gostei em DRE foi como a autora conseguiu nos passar as sensações, reações, medos, receios, emoções e sentimentos que ter EM pode causar, até porque a Marina tem Esclerose Múltipla, então com as experiências dela, que ela passou para o livro, toda a questão da doença ficou bem abordada e crível, sem fazer tudo isso parecer um relatório médico, pois ela trouxe a parte humana que lida com a doença e conseguiu escrever um livro não apenas sobre alguém com esclerose, mas sobre a vida. É uma visão de alguém que vive na realidade e não só na teoria.

Dizer que eu te amo poderia ofender o meu sentimento, já que parece tão pouco para a dimensão do que sinto.

E algo meio inacreditável para mim, é que nesse livro eu gostei do amor à primeira vista, o que é raro, porque normalmente fico meio com um pé atrás com aqueles amores que parecem leite em pó e miojo, instantâneos, sabe? Mas até eu me apaixonei à primeira “leitura” pelo Dimi, então ponto para a Marina.

— Então, para o meu próprio bem, aprendi a me desligar do que me faz mal.
— Parece um pouco de egoísmo?
— Não permitir que as pessoas nos machuquem? (...)
— Tem mais a ver com amor próprio, Mit.

Sobre a edição, preciso dizer que amei mais que coxinha a capa desse livro de tão linda que é; a diagramação do e-book está perfeita, e não lembro de ver nem um erro de português. E sobre a edição física, ela é a coisa mais linda! Em capa dura, com fitinha e tudo, com fonte ótima para quem for meio ceguinha como eu ler e páginas amareladas. E nem preciso falar da diagramação da versão física também, né? Perfeita! Os tsurus, a aquarela... Tudo tão, mas tão lindo. Com certeza um dos livros mais lindos da minha estante. E eu já falei que ele é em capa dura? 

— Nunca parou para pensar no quanto possa existir além do que vemos ao olhar para o céu?

O que mais dizer sobre De Repente Esclerosei? Difícil resumir tudo em uma resenha (e olha que eu já escrevi muito ). Ele me fez emocionou e me conquistou na medida certa. Tem doença? Sim. Tem drama? Sim. Chorei lendo ele? Sim. Mas eu terminei ele sorrindo e grata por ter o lido.

Ele passa bem e lindamente a mensagem de que a sua vida continua mesmo se você descobrir que tem uma doença. Que a doença não é você, é só algo que faz parte do seu crescimento. Que você é mais que um diagnóstico. Que temos que viver cada dia como se fosse único. E isso não vale apenas para quem tem esclerose, mas para todo e qualquer ser humano ou extraterrestre.


Para simplificar, se eu fosse resumir o que senti lendo o livro em uma palavra, ela seria "gratidão" (Obrigada, Marina! ).

Algumas pessoas têm o dom de tornar o mundo melhor, não por conseguir mudar o que está ruim, mas apenas por existirem.

E você, serzinho, quer saber mais sobre Esclerose Múltipla de um jeito “leve”? Leia DRE. Já sabe o que é EM? Leia DRE também. Quer um livro que te ensine lições que você levará para a vida inteira? Leia DRE. Quer ler um livro que envolva família, amigos, perdão, recomeço, aprendizado e tudo mais? Leia DRE. Está em dúvida sobre qual vai ser a sua próxima leitura? Não tem mais dúvida nenhuma, leia DRE. Na verdade, o que você está fazendo aqui ainda? Faça um favor a si mesmo e vá comprar o e-book ou o livro físico, leia DRE, e se torne um esclerosado você também .

Hoje eu consigo entender que não existe situação que não possa ser contornada quando temos o presente de viver. Viva, se não por você, por quem não possa mais escolher.



Nota :: 


Informações Técnicas do livro

De Repente Esclerosei
Um faz de conta de verdade
Ano: 2018
Páginas: 269
Editora: Independente
Mitali Montez possui um arquivo pessoal de mágoas. Protege e ama incondicionalmente Aurora, sua melhor amiga e única família. É surpreendida pelo destino ao conhecer Dimitri Mifti, um moço com habilidades para derreter o seu coração gelado. O retorno misterioso do pai muda a perspectiva do seu passado, mas é através da adaptação com o diagnóstico de Esclerose Múltipla que ela percebe a necessidade do perdão para encontrar a paz que não sabia que precisava.

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