Resenha :: 3096 Dias (Natascha Kampusch)
Jéssica Burgos
abril 03, 2018
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Natascha
Kampusch era apenas uma criança de dez anos de idade, e assim como
qualquer outra desejava um pouco de liberdade, um dia enquanto estava a caminho
da escola sua vida mudou da água para o vinho, ela foi sequestrada.
Wolfgang Priklopil, um engenheiro de
telecomunicações, manteve Natascha como prisioneira em um pequeno cativeiro
construído no porão de sua casa. O quartinho, com cerca de 5m², foi o lar dela
por cerca de oito anos até que – finalmente – alcançou sua tão sonhada
liberdade.
“Ele me olhava como um dono observa orgulhosamente seu novo gato, ou pior: como uma criança olha para um brinquedo novo, antecipando e, ao mesmo tempo, incerta sobre tudo o que pode fazer com ele.”
O caso foi amplamente divulgado pela mídia, além
disso, também ficou marcado como um dos mais dramáticos da história criminal da
Áustria. Natascha Kampusch tornou-se uma celebridade nacional e internacional,
sua história rendeu documentários, um filme, diversas entrevistas e um
posterior talk-show, além de sua autobiografia (3096 Dias) que foi
publicada no Brasil em 2011 pela Editora Verus.
Em 3096 Dias, Natascha relata, desde
sua tenra infância, seu relacionamento com os pais, familiares e colegas de
escola, sua vida no bairro em que morava, seu relacionamento com a avó, seus
desejos e inseguranças, neste início o tom da narrativa é um tanto quanto
nostálgico e a autora exprime todo seu carinho por cada uma dessas lembranças e
o quanto elas a marcaram.
Após o sequestro, o tom da narrativa torna-se
mais profundo e melancólico, Natascha passa a relatar todos os horrores e
privações que vivenciou durante seu período de cativeiro, analisando cada uma
de suas atitudes e também de seu algoz, além de contar o que a ajudou a manter
a sanidade mesmo quando estava a ponto de enlouquecer.
“Eu era tão dependente dele quanto os bebês são de seus pais – cada gesto de afeição, cada porção de alimento, a luz, o ar, minha sobrevivência física e mental, tudo dependida do homem que me trancara em um cativeiro no porão.”
Esta é uma leitura intensa e impactante, em
diversos pontos chega a dar um nó na garganta, entretanto, a força de Natascha
e o seu desejo pela liberdade (mesmo ela,
por vezes, parecer um sonho inalcançável) nos motivam a ir até o fim.
Confesso que ao finalizar a leitura fiquei alguns dias sem conseguir tocar em
outro livro, mas creio que os bons livros tenham justamente esse efeito sobre
nós!
“O rádio foi meu companheiro mais importante nesses anos. Ele me dava a certeza de que, além do martírio do porão, havia um mundo que continuava a girar – um mundo ao qual valia a pena voltar um dia.”
Natascha Kampusch – Foto retirada do site oficial da autora (http://natascha-kampusch.at/presse/) |
Espero que gostem da indicação e até a próxima!
Nota ::
Informações Técnicas do livro
3096 Dias
Natascha Kampusch
Ano:
2011
Páginas:
225
Editora: Verus
Sinopse (Skoob):
Natascha
Kampusch sofreu o destino mais terrível que poderia ocorrer a uma criança: em 2
de março de 1998, aos 10 anos, foi sequestrada a caminho da escola. O
sequestrador - o engenheiro de telecomunicações Wolfgang Priklopil, a manteve
prisioneira em um cativeiro no porão durante 3.096 dias. Nesse período, ela foi
submetida a todo tipo de abuso físico e psicológico e precisou encontrar forças
dentro de si para não se entregar ao desespero.