06 abril, 2017

Resenha :: Ozob - Vol.1: Protocolo Molotov

abril 06, 2017 0 Comentários

"Tudo que você mistura com vodca fica mais fraco que vodca."


Esse livro é baseado em um podcast de RPG de mesa, contando a história de um dos personagens, o Ozob, que resumindo, ele é um replicante (replicantes são humanos melhorados, mas com data de validade e que são proibidos na Terra), albino, palhaço (no sentido visual) e especialista em explosivos. E o livro tem dois autores: Leonel Caldela e Deive Pazos, também conhecido como Azaghal.

"Uma ideia é frágil. As corporações vão pisotear uma ideia até que morra. Ou até que se torne uma ideia completamente diferente, mais adequada aos interesses do mercado. Uma ideia não morre com um tiro, mas morre com indiferença."

O livro começa seis meses após o "nascimento" de Ozob, quando ele está fugindo de Blade Runners/Caçadores de Replicantes e pelo acaso acaba encontrando-se com uma banda punk enquanto a mesma está fazendo um show de guerrilha, os War Roadies, que são compostos por: Califórnia, especialista em computadores e a líder da banda; Johnny Molotov, o guitarrista e vocalista da banda; e Vivika, que é quem mantém todos eles vivos.

A história se desenrola entre o começo da vida de Ozob, com seus 3 "irmãos" e seu "pai" vivendo nas colônias, até o momento em que ele vem para a Terra e o presente, vivendo com os War Roadies.

“Você acha que me conhece? Tu não sabe a minha história e nunca olhou na minha cara, babaca!"

Agora é o momento em que você deve estar se perguntando: "Mas o que esse livro tem de mais?". 

Bom, vamos começar pela descrição. Pense em um autor que não poupa o leitor. Se você não pensou no Caldela, pensou errado. No livro temos: canibalismo, tortura, mutilação, pancadaria franca, uso de drogas, escravidão, cárcere privado, estupro, abuso mental e corporal, opressão capitalista a níveis inimagináveis e um sentimento de impotência. Isso é um resumo, as descrições são bem mais pesadas.

O livro é recheado de teorias das conspirações, como o McDonald's modificar a carne do hambúrguer para as pessoas ficarem viciadas nela e inchar os estômagos das pessoas para comerem cada vez mais lixo ou o Clube dos 27.

"Parecia estar chovendo, mas era só esgoto pingando do céu."

Existem várias referências à cultura punk rock, o nome de cada capítulo é o nome traduzido alguma música de bandas punks que fizeram sucesso, como Ramones, Sex Pistols, Bar Religion,  Dead Kennedys, L7 e mais uma porrada que não estou lembrando nesse momento.

Agora, a cereja do bolo, por favor leitor, inverta a palavra O-Z-O-B... É, Ozob, foi baseado no Bozo e seus irmãos também foram baseados em outros palhaços. Rizzo, um replicante que não sabe diferenciar a realidade de um jogo é baseado no Garoto Juca; Guzzo, Replicante trans, baseado na Vovó Mafalda, já que o sobre nome do ator que fazia a personagem, se chamava Guzzo; e Zatati Ratatá, gêmeos siameses, duas cabeças e três braços (imagine como preferir) grande vilão do passado de Ozob.

"Você estava sendo caçado só porque é pós-humano. A polícia corporativa matou e espancou aquelas pessoas porque estavam ouvindo e tocando música. Alguém tem que resistir a isso."

Se o livro vale a pena? É um dos meus livros favoritos, mas você precisa ter estômago para o que tem no livro, em vários momentos você sente um aperto no estômago, cada vez que o Ratatá aparece, ele consegue fazer você sentir tanta raiva que você começa a pensar com qual cabeça ia sofrer primeiro.

O Ozob é aquele tipo de herói (se é que podemos chamar ele assim) que se tiver um bloqueio em seu caminho, ele explode o caminho e segue pela cratera. Os personagens são todos incríveis. Vivika, apesar de não ter muito destaque, quando entra em ação, você sabe que vai vir cena boa (é uma ex-soldada geneticamente modificada que tem garras e moikano de mercúrio) e não tenho palavras para descrever Califórnia.

Então eu recomendo sim, ele tem uma ótima historia, personagens fortíssimos e para quem gosta de sofrer, vai amar ele.
"Beija meu nariz, desgraçado!"



P.S. Confira agora a playlist que os autores fizeram para o livro, apenas com músicas punk, que combina muito com os momentos de ação, ou seja, combina no livro todo.






Nota :: 

Informações Técnicas do livro

Ozob - Vol.1: Protocolo Molotov
Ozob # 1
Ano: 2015
Páginas: 420
Editora: Nerdbooks
Sinopse (Skoob):
O futuro chegou. E é pior do que os nossos pesadelos.
O século 22 é uma época escura, feita de cibernética, inteligências artificiais, megacorporações que controlam os governos, redes sociais onipresentes, gangues e violência. No centro de tudo, uma metrópole se ergue em plataformas sucessivas, com prédios que se elevam acima das nuvens.
Construída sobre o que já foi Nova York, Delta City abriga as maiores corporações e milhões de habitantes. Mas, nas ruas sob as plataformas, a Cidade Baixa é o lar de criminosos, miseráveis e escória. O lar de Ozob.
Ozob, um construto genético encomendado por uma corporação, feito à imagem da mente insana de seu criador. Perseguido por seus irmãos sanguinários, só tem mais dois anos de vida. Para ele, nenhum minuto pode ser desperdiçado.

04 abril, 2017

Resenha :: Os Pássaros (The Birds)

abril 04, 2017 23 Comentários

ATENÇÃO: Este livro não foi a inspiração para o filme de mesmo nome produzido por Alfred Hitchcock. Segundo o cineasta, sua inspiração para o filme veio de um conto de mesmo nome escrito por Daphne Du Maurier, embora existam semelhanças com o livro de Baker.

Publicado originalmente em 1936, teve uma tiragem pequena (cerca de 300 exemplares que são raros hoje em dia). Em 1964, aproveitando o sucesso do filme de mesmo nome de Alfred Hitchcock, o livro foi republicado pela editora Panther. Nesta nova edição, o texto foi revisado pelo autor que fez exclusões, correções e inserções no texto em seu livro original, entretanto, a Panther incorporou uma pequena porcentagem destas melhorias feitas por Baker. A edição da Valancourt Books foi a utilizada pela editora DarkSide Books para esta publicação, uma vez que esta contou com as melhorias feitas pelo autor (essas revisões não se referem a história do livro, mas sim à gramática, algumas passagens foram encurtadas e outras removidas de forma a tornar a leitura mais prazerosa).

No prefácio do livro temos Anna, a filha do protagonista, que conta como seu pai repetia por diversas vezes a frase “Antes da chegada dos pássaros” ela teve sua curiosidade incendiada para descobrir esse mundo em que ele viveu e ela não, e o pede por diversas vezes para que a conte a história, mas ele sempre se nega. Anos depois, Anna o pede para contar a história dos pássaros, e ele finalmente concorda desde que ela anote tudo o que ele tem a dizer.

Através da descrição detalhista de Baker conseguimos ter um retrato de Londres nos anos 30, com seus dias nublados, a correria de uma cidade grande, a certa facilidade em que as pessoas lidavam com a época pré-guerra, os preconceitos da sociedade, as angústias dos jovens, entre outros detalhes. A narrativa do livro é feita com as lembranças do personagem, a forma que a abordagem foi feita é interessante e o texto é rico, mas pela falta de acontecimentos em determinados pontos, o livro pode se tornar cansativo para alguns leitores.

Uma das coisas que me chamou a atenção foi o relacionamento do narrador, que nada mais é do que o alter ego do próprio autor, com sua mãe. Vemos o carinho, a delicadeza, a amizade, o amor e o afeto em todas as passagens referentes à mãe do personagem, como ela é luz na vida dele, mas que, por muitas vezes, todo esse afeto e admiração não eram ditos, como consta no trecho destacado abaixo. Essas passagens do livro me fizeram refletir diversas vezes, e me lembrar de dizer ás pessoas que as amo e me importo com elas, e demonstrar com mais frequência.

“Não acredito que houve uma única coisa que fiz, uma única emoção que senti, que ela não tenha sentido profundamente. E eu retribuí, muitas vezes, com aquele tratamento casual que os filhos são capazes de dar às suas mães, aceitando-a como parte de minha vida, mas raramente declarando minha gratidão com os lábios” (p.58)

Os pássaros são alegorias que aparecem durante o livro, a descrição feita pelo autor é detalhista e maravilhosa, foi realmente de tirar o fôlego, tive a curiosidade de pesquisar algumas espécies de aves citadas para ajudar na hora de criar uma imagem mental (um ponto positivo a meu ver, adoro livros que me fazem querer ir além do texto). Os pássaros são uma incógnita do início ao fim, assim como seu aparecimento, seu comportamento e suas mudanças ao longo das páginas. O clima de tensão paira sobre a cidade, tornando os personagens paranoicos e beirando a loucura em determinados momentos, tornando nestes pontos a leitura bem instigante.

Baker traz uma série de conflitos existenciais ao longo do livro, como por exemplo, o trabalho enfadonho, a solidão, a melancolia, o amor, a relação com sua mãe, a questão da sexualidade (tratada como um tabu até hoje), entre outros. Os pássaros nada mais são do que uma metáfora, sobre nossos conflitos internos, nossos medos, inseguranças. Cabe aqui uma reflexão: Será que sua vinda representaria um novo começo? 

“E, por um instante, eu não sabia se desejava viver; pensei que ser esmagado até a morte pudesse ter sido melhor para mim do que me encontrar vivendo neste mundo agonizante.” (p.270)

A leitura deste romance apocalíptico pode ser lenta em alguns pontos, como citado anteriormente, mas sua sequência final é instigante ao ponto de você não querer largar o livro! É muito interessante ver também como era a Londres de meados de 1930 e comparar com o mundo atual, a sociedade, nossos conflitos, etc.

Esta edição da Darkside Books é uma obra de arte, não somente pelo design da capa e sua diagramação, mas também pelos detalhes internos nas páginas do livro, as laterais negras das páginas que dão um charme a mais, e também algumas ilustrações que aparecem ao longo do livro. Um ponto negativo, em minha opinião, são os capítulos longos.

Ouvi um barulho... Serão os pássaros em minha janela? 

Nota ::  

Informações Técnicas do livro

Os Pássaros
Frank Baker
Ano: 2016
Páginas: 304
Editora: DarkSide® Books
 
Sinopse (Skoob):
Você conhece o filme. É um dos maiores clássicos de Alfred Hitchcock, de 1963. Nos créditos, consta que a história é baseada no conto “Os Pássaros”, de Daphne du Marier, escritora que o mestre do suspense já havia adaptado antes. Quase trinta anos após seu lançamento, o romance de Frank Baker ganharia repercussão quando o autor ameaçou processar Hitchcock e Daphne Du Maurier. Para deixar essa estranha coincidência com ares de plano macabro: Daphne era prima do antigo editor de Frank Baker, o inglês Peter Davies, e chegou a trabalhar com o parente.
Pássaros. Milhares, talvez milhões, sobrevoam Londres, de forma aparentemente inexplicável e sem sentido, onde parecem observar os habitantes da capital, que os consideram divertidos, se tanto um pouco estranhos. Enquanto as pessoas ainda tentavam entender o que faziam ali, eles começam a atacar, ferindo e até mesmo matando com tremenda brutalidade e violência. Seriam eles uma força da natureza ou uma manifestação sobrenatural? Ninguém sabe. A única certeza é que o objetivo dos pássaros é a destruição da humanidade e ninguém tem ideia de como impedi-los...
No ano em que se celebra os 80 anos da primeira edição, a DarkSide® Books orgulhosamente apresenta o livro Os Pássaros para todos os leitores e cinéfilos brasileiros apaixonados por um bom susto, um retrato sombrio e acurado de uma Londres pré-Guerra, como se Baker conseguisse vislumbrar o futuro próximo de terror e feitos inomináveis apresentado pela Segunda Guerra Mundial.

23 março, 2017

Resenha :: Lugar Nenhum (Neverwhere)

março 23, 2017 0 Comentários


“Mas não se pode nunca assumir... que só porque algo é engraçado, não vá ser perigoso também.”


Esse era um livro que eu estava querendo ler a muito tempo, por ser do Neil Gaiman e ter uma premissa que eu nunca tinha imaginado, que é uma pessoa comum, distraída e cheia de problemas. Acaba se encontrando em uma situação em que ela não existe mais, mas sempre apareceu alguma promoção e acabei deixando de lado, até que minha linda amiga devoradora de livros me deu de presente .

Quando falamos de fantasia nós sempre pensamos nos escolhidos e em personagens que no começo da história são fracos e de coração grande, no final fica extremamente fortes ,treinam com um ancião renegado ou o melhor mestre que já existiu e o protagonista acaba o superando e derrotando alguma entidade cósmica que trás o fim do tempos ou algum outro aprendiz rebelde. Mas isso não é algo que espero dos livros do Neil Gaiman, ele sempre coloca pessoas normais em situações extraordinárias ou malucas dependendo do ponto de vista.

“Mas talvez exista uma resposta para nossas questões, uma chave para nossos problemas.”

Richard Mayhew é um irlandês que está pra ir para Londres a trabalho e seus amigos estão dando uma festa de despedida, quando ele acaba encontrando uma senhora misteriosa que após ler sua mão faz uma profecia (aprendi nos meus pequenos estudos sobre mitologia que profecia nunca é coisa boa, sempre é o filho que vai matar o pai e só traz sofrimento e desgaste), ele não se importa muito e a vida segue. Em Londres ele conhece uma moça chamada Jessica, uma mulher de classe, refinada e MUITO exigente, que acaba virando sua noiva. 

Certa noite, Richard acaba ajudando uma moça que estava gravemente ferida que diz estar sendo perseguida por assassinos. A pedido dessa moça ele procura o maravilho golpista De Carábas, o vigarista mais carismático que existe, o que De Carábas não sabe ele pode descobrir com alguns favorzinhos e se precisar de sua ajuda dele, não de um favor como pagamento (ele vai cobrar). 

Depois que De Carábas vai embora com ela se desculpando ("desculpa qualquer coisa" é porque a pessoa aprontou um monte na sua casa, OPEN YOUR EYES).

Richard acaba deixando de existir para todas as pessoas ao seu redor transformando sua vida em uma loucura sem fim, onde ele descobre que existe uma cidade em baixo da cidade, escuridão sólida, vagões de trem gigantescos por dentro, uma feira onde se vende de tudo, ratos reis e muitas, MAS MUITAS, portas ou talvez nem tantas?

“Os problemas são covardes: nunca acontecem sozinhos, sempre andam em bandos e se jogam todos ao mesmo tempo em cima da vítima.”

O livro mostra um pouco da história de Londres e como sempre somos obrigados a escolher; escolher acreditar ou não; escolher aceitar ou recusar; escolher ficar ou escolher ir. Ele fala sobre a monotonia da vida, que nem tudo o que queremos é o que queremos de verdade e como a realidade é relativa para cada pessoa. Um livro excelente para quem AMA fantasia, gosta de algumas reflexões sobre a vida ou para quem gosta de Neil Gaiman é indispensável.

Quem aí tá a fim de ir comigo até o mercado flutuante pra comprar uns perdidos?


“Sempre fui da opinião de que a violência é o último recurso dos incompetentes e de que ameaças vazias são o santuário final dos ineptos.”

Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Lugar Nenhum
Ano: 2016
Páginas: 336
Editora: Intrínseca
Sinopse (Skoob)
Primeiro romance de Neil Gaiman é relançado no Brasil com conteúdo extra, em Edição Preferida do Autor.
Publicado pela primeira vez em 1997, a partir do roteiro para uma série de TV, o sombrio e hipnótico Lugar Nenhum, primeiro romance de Neil Gaiman, anunciou a chegada de um grande nome da literatura contemporânea e se tornou um marco da fantasia urbana. Ao longo dos anos, diferentes versões foram publicadas nos Estados Unidos e na Inglaterra, e Neil Gaiman elaborou, a partir desse material, um texto que viesse a ser definitivo: esta edição preferida do autor.
Em Lugar Nenhum, Richard Mayhew é um homem simples de coração bom que tem a vida transformada quando ajuda uma jovem que encontra ferida numa calçada. De um dia para o outro, Richard se torna invisível na Londres que sempre conheceu: não tem mais trabalho, não tem mais noiva, não tem mais casa. Para recuperar sua vida, ele se embrenha em um mundo que nunca sonhou existir, uma cidade que se abre nos esgotos e nos túneis subterrâneos: a chamada Londres de Baixo, em que personagens únicos e cenários mirabolantes fazem a Londres de Cima parecer uma mera paisagem cinza.
Com muita ação, um bom humor peculiar e evocações sombrias de um mundo fantástico, Lugar Nenhum é leitura indispensável para os fãs de Neil Gaiman e um rico prazer para os que ainda não conhecem o autor.

21 março, 2017

Resenha :: Tequila Vermelha (Big Red Tequila)

março 21, 2017 3 Comentários

Quando um amigo me ofereceu este livro em uma troca, não pensei duas vezes! Gosto muito de Rick Riordan e já li vários livros do autor, sabia que este trabalho dele nada tinha a ver com o estilo fantasioso e mitológico de outras obras suas, então fiquei muito curiosa em descobrir como seria seu desempenho em outra empreitada.

O livro “Tequila Vermelha”, na verdade, foi o primeiro publicado pelo autor, em 1997, e atualmente a série conta com seis livros das histórias de Jackson Tres Navarre. Porém, no Brasil só foram publicados os dois primeiros volumes até o momento.

Tres é um detetive particular – sem licença – e mestre de Tai Chi, ele retorna a sua cidade natal (San Antonio, Texas) após trocar algumas cartas com sua ex-namorada, Lilian Cambridge. Dez anos atrás, Tres havia abandonada a cidade após presenciar o assassinato de seu pai (que na época era o xerife da cidade e estava prestes a se aposentar). Qual seria a utilidade de matar um policial prestes a se aposentar?
                
Voltar a sua cidade natal após tanto tempo foi como mexer em um vespeiro. Ninguém ficou feliz com o retorno de Tres, uma vez que ele decidiu desenterrar alguns fantasmas do passado e suas consequências podem ser preocupantes. Quando Lilian desaparece, Tres se vê envolvido no meio de dois mistérios.

"Eu voltara para casa havia apenas dois dias e já conseguira bagunçar meu frágil relacionamento com Lillian, irritara minha mãe, traumatizara meu gato e fizera pelo menos três novos inimigos." (p. 46)

Temos neste livro um protagonista teimoso, que não hesita em se meter onde não é chamado, que busca por justiça e, por uma boa dose de tequila. Tres é uma figura, e tem várias tiradas sarcásticas durante o livro. Robert Johnson, o gato do protagonista, é exigente, temperamental e apaixonado por comida mexicana, que garante boas risadas à história.

“Robert Johnson brincava de kamikaze, derrubava as roupas de cima do armário da cozinha sempre que eu fazia uma pilha. Fora isso, não ajudava muito como consultor de moda” (p. 287)

O livro conta com bons personagens, uma boa ambientação e descrição dos cenários, a escrita de Riordan é leve e divertida. Somado a isso, temos expressões em espanhol, invasões domiciliares, receitas de drinks entre um soco e outro, e alguns costumes típicos do Texas.

“Por fim, meu pai se aproximou de mim e disse algo como: ‘Todo homem precisa ter um buraco secreto, filho. Se um homem diz que se livrou de todas as garrafas de uísque, para sempre, é bom que tenha um esconderijo em algum ligar. Caso contrário, é um completo idiota. ’” (p.312)

Gosto do gênero do livro, a história é interessante, entretanto, achei o desenvolvimento lento, e por vezes tão cansativo e cheio de rodeios, que me peguei pensando em abandonar a leitura diversas vezes... Não entendi o motivo para Rick Riordan ter feito desta maneira. Um ponto positivo é que a história de “Tequila Vermelha” tem início, meio e fim, ou seja, você não terá que ler vários livros para saber a solução dos mistérios apresentados neste livro. Não sei se irei ler o restante da série, talvez dê uma nova chance a Tres Navarre no futuro (na esperança de ler mais cenas com Robert Johnson, o gato, que se tornou meu personagem favorito de toda a trama).

Por fim, mas não menos importante: a edição do livro. Gostei da capa, achei que ela captou bem a essência da obra, o texto é apresentado em capítulos curtos e sempre com uma bota estilizada em seu início, páginas amareladas e bom espaçamento contribuem para um conforto a mais na hora de ler.


Nota :: 

Informações Técnicas do livro

Tequila Vermelha
Tres Navarre #01
Ano: 2011
Páginas: 432
Editora: Record
 
Sinopse (Editora):
Aclamado pelo estrondoso sucesso da série de fantasia juvenil Percy Jackson e os Olimpianos — com mais de 900 mil livros vendidos só no Brasil e cujo primeiro livro, O ladrão de raios, ganhou uma adaptação bem sucedida para o cinema em 2010 —, o escritor Rick Riordan se volta para o universo adulto em um romance de mistério.
Primeiro volume de uma série vencedora de diversos prêmios literários, Tequila vermelha apresenta aos leitores o talentoso e complexo herói Jackson “Tres” Navarre, um ávido bebedor de tequila, mestre de Tai Chi e detetive particular sem licença com uma queda por problemas do tamanho do Texas.
Terceira geração de uma família texana — por isso o Tres de seu nome —, nosso protagonista retorna a San Antonio, sua cidade natal, dez anos após o assassinato do pai. Na companhia de seu gato Robert Johnson, que adora enchilada, Tres procura respostas, mas o que encontra é uma quantidade enorme de problemas. Quanto mais ele se afunda na busca por razões que o afastem de suas suspeitas, mais o crime do passado volta ao presente: envolvimento com a máfia, subornos em empreiteiras e astutos jogos políticos.
Fica cada vez mais óbvio que Tres mexeu num vespeiro! Ele é baleado, atacado, depois atropelado por um Thunderbird azul... e, ainda por cima, a antiga (e ainda desejada) namorada está desaparecida. Tres precisa resgatar a moça, entregar os assassinos do pai à justiça e dar o fora antes que a máfia texana o alcance. As chances de continuar vivo nunca pareceram tão distantes...

15 março, 2017

Resenha :: No Encontro de Uma Constante

março 15, 2017 24 Comentários

 “Perceba a história ao seu redor, e diga-me qual personagem irá ser. O príncipe sem encanto? A bela sem princesa? A bruxa sem magia?”

No Encontro de uma Constante é um livro que te enche de inspiração, de questionamentos sobre a vida e sobre o amor. Te inspira a continuar buscando aquilo que pode te completar, aquilo que irá te fazer se sentir inteiro. Te inspira a continuar procurando a sua constante, seja ela qual for, seja lá onde estiver.

“Ou é simples e eu complico. Ou é complicado e eu não quero tornar simples.”
Tenho que confessar que eu enrolei durante meses para ler e resenhar esse livro , porque a minha constante por um tempo foi a tristeza, depois foi a raiva, e hoje eu nem sei o que é, para dizer a verdade . Por isso eu enrolei, eu não queria transmitir a tristeza e raiva para algo que eu sabia que gostaria, porque eu amo poesia, mesmo lendo pouco depois que comecei a ir para a faculdade e tal. Mas agora eu tomei coragem e li.

“Há situações que não podemos controlar, há dores que não podemos curar, há jogos que não podemos ganhar, há fatos que não podemos mudar.”

No Encontro de uma Constante é um livro com uma coletânea de poesias do autor Bruno Luiz Mattos, publicado de forma independente, e, que apesar disso, o livro físico tem ótima qualidade: a capa é linda, não lembro de ter visto nenhum erro de português (o que é comum em livros independentes e até em alguns publicados por editoras, infelizmente ), a diagramação é ótima, as folhas não são finas e nem brancas, o que ajuda muito a ler e não cansar os olhos (páginas brancas e finas são horríveis para ler quando bate uma claridade no livro e dá para enxergar do outro lado, odeio isso ).

“Aquelas folhas brancas querem algo, esperam ser algo, são algo, esperam ser o que não eram, ter o que não tinham (...). Aquelas folhas brancas, não terão importância, se você não souber o que escrever.”

E além da qualidade “física”, também possui qualidade no conteúdo, por mais que em algumas poesias dê para notar uma escrita mais crua, o que não é ruim, porque também dá para notar a evolução e amadurecimento dela, sabe? E, além disso, tem linguagem simples, então dá para entender de boa (mesmo não sendo um leitor de poesia assíduo ) o que o autor expressa em cada poema, as emoções, os sentimentos, as incertezas, as dúvidas, as inseguranças, as situações que envolvem amor, amizade... a vida em toda a sua simplicidade e complexidade. E assim nos sentimos ligados ao autor, talvez dê até para se identificar com algum poema.

Até pensei em achar um amor verdadeiro para ver se eu sentiria algo parecido com o que o Bruno descreve. Mas também pensei em achar um namorado e terminar um tempo depois, para poder mandar algum desses poemas para ele e fazê-lo se sentir mal e sofrer por me perder . Ok, eu sou cruel .

“Tantas pessoas sem motivos, tantos pesadelos por sonhar, tantos sonhos para consertar.”

Enfim, agora, depois de ler o livro, percebi que eu não estava pronta para o ter lido ainda. Motivo? No Encontro de uma Constante fala muito de amor, e na boa, ultimamente eu não tenho quase nada romântico em mim. Sério, lendo alguns livros eu ficava feliz quando alguém tirava o olho de outra pessoa, ou quando a esquartejava... Eu estou gostando de coisas mais sanguinárias e não românticas nos últimos tempos, como dá para notar, por isso acho que não estava pronta.

Apesar disso eu realmente gostei desse livro, mas poderia ter apreciado mais e mergulhado mais fundo em cada verso e reflexão se estivesse mais aberta a pensar em amor e não em mortes.

Mas focando no livro e não nesse ser estranho que sou... Não leia esse livro, o saboreie, o sinta . E quando o sentir, não deixe de se questionar: O que te motiva? O que te move? O que te inspira? Qual é a sua constante?

“Os sentimentos irão entrelaçar algumas constantes, pequenas fantasias nos fazendo esquecer o mundo real, trazendo a frustração que ninguém sabe administrar.”

Nota :: 


Informações Técnicas do livro

No Encontro de Uma Constante
Qual a sua constante?
Bruno Luiz Mattos
Ano: 2014
Páginas: 164
Sinopse (Skoob): 
QUAL A SUA CONSTANTE?
Esta é uma pergunta que nem todos sabem responder de imediato. Por outro lado, essa resposta molda cada ação de nossas vidas.
Para saber qual a sua constante, basta olhar ao redor: família, amigos, músicas, esportes, lugares, gostos, segredos e uma variedade de complexidades que forma o que somos. Entre as diversas opções, uma será o ponto de convergência; será forte o bastante para te fixar nesse mundo turbulento.
Com versos, criados na tentativa de aceitar o mundo como ele é, Bruno Luiz Mattos dissipa sentimentos sobre amores, amizades e situações complexas que acontecem e se transformam a cada instante. Saber o que sempre esteve, está e estará presente em si mesmo é essencial.
Através de questionamentos e conclusões, que só a síntese da poesia pode proporcionar, No Encontro de Uma Constante retrata uma busca interna e inquieta para se sentir infinito.

Saiba mais sobre o Livro: