23 abril, 2019

Resenha :: Ao Meu Redor

abril 23, 2019 7 Comentários

Olá, leitor do Clube . Venho hoje falar com vocês sobre uma leitura maravilhosa que fiz. Ao Meu Redor da Elysanna Louzada. Quero começar, dizendo que é um livro que traz uma temática original e lindamente, narrada em primeira pessoa por Maria, uma moça órfã de mãe, que se vê tendo que viver ao lado da tia, e o que lhe deveria ser abrigo serve mais como penitência de um crime não cometido. Afinal, ela não entende o real motivo dos maus tratos que sofre da tia, e já muito nova trabalha com a tia na cozinha de uma fazenda para comer e vestir.


Sendo muito ingênua e numa vida que lhe parece penosa demais, vê em um comerciante, que faz negócios na fazenda, a sua chance de conseguir a liberdade. Sem saber que iria para uma prisão ainda mais dura que a vivida com a tia. A realidade que a tia havia previsto, mais como uma maldição, se cumpre e ela se vê refém de um sádico, que a molesta sexualmente e inflige castigos físicos cada vez que ela tenta conseguir a única coisa que sempre desejou, A liberdade.

Anos mais tarde, Maria Antônia regressa ao Brasil para atender ao pedido desesperado de sua melhor amiga, Sophia. Amiga essa com a qual viveu os piores e mais longos dias de sua vida. Que compartilhou lágrimas e esperanças e que agora precisa mais do que nunca dela. Porém o preço parece ser alto demais, voltar para o local onde seu passado parece se esgueirar por cada esquina e pessoa. Que pode ou não saber quem ela foi tantos anos atrás.


Nesse momento do livro, já estamos completamente dentro da história, acompanhando com sentimentos diversos, porque a autora já deixou claro que tem uma forma muito delicada e honesta de tratar a questão dos abusos às quais as mulheres eram e ainda são submetidas, na escravidão sexual. Nas restrições por ser mulher, e sobre tudo as diversas formas de preconceito, seja por orientação sexual ou cor da pele.

Uma das coisas mais lindas são os diálogos entre Maria Antônia e Joseph que, apesar das dores e das tristezas que ambos carregam, é repleta de compreensão, carinho e apoio mútuo, deixando um alívio na trama muito bem-vindo. 

Mas, claro, que não poderia deixar de falar de Miguel. Ahh! Esse personagem com nome de anjo, que faz jus quando se faz guerreiro, seja em busca ou na defesa do amor. Que por ele é capaz de sofrer e lutar até que o amor que ele sente seja capaz de vencer as dificuldades.


O destaque fica por conta das partes históricas muito bem escritas e colocadas na trama que, para quem já passeou ou conheceu São Paulo, tem aquela sensação deliciosa de revisitar o lugar com um olhar diferente, em preto e branco, recolorido pela narrativa e pela memória. 

E Sophia que traz a história outro tipo de amor. O amor nascido na dor, na luta por um objetivo em comum, de uma história partilhada. E que cria laços tão profundos que nem mesmo a distância e o medo de reencontrar o passado são capazes de impedir o retorno de Maria Antônia.

Todos esses ingredientes compõe essa trama rica, cheia de emoção e drama na medida certa, para expor temas tão importantes e onde o debate se faz necessário. Que ganham, nesse romance, falas verdadeiras e acertadas sobre marcas físicas e emocionais, preconceito e os danos que causam na vida das pessoas. E também, sobre como se permitir viver e contar com os que nos são preciosos, fazem a vida ser ainda melhor de ser vivida.

Encerro por aqui para evitar estragar a sua experiência de leitura, mas leia sabendo que, para mim, Esperança é a palavra que sintetiza essa linda história.


Esse livro conta com uma publicação linda, uma capa primorosa que é super condizente com a história, páginas amarelas e nenhum erro de ortografia e diagramação. Um trabalho, realmente, muito bem feito pela editora Astral Cultural.


Nota ::  


Informações Técnicas do livro

Ao Meu Redor
Elysanna Louzada
Ano: 2019
Páginas: 224
Editora: Astral Cultural
Sinopse:
São Paulo, 1923. 
Depois de passar anos escondida na Europa, Maria Antônia regressa ao Brasil para atender ao pedido desesperado de sua melhor amiga, Sophia. A partir desse momento, a vida que ela criou em Paris começa a desmoronar. Ao chegar a São Paulo, ela começa a reviver seu passado e os piores momentos de sua vida, onde ela e Sophia foram mantidas em cativeiro por anos. As marcas e as cicatrizes do passado que ela esconde por trás dos vestidos e saias longas, estão mais vivas do que nunca. 
Dessa vez, porém, ela terá que encarar um contexto totalmente diferente: uma paixão inesperada e, ao mesmo tempo, o reencontro com o seu carrasco.


_____Sobre a Autora_____


Elysanna Louzada


Entreter e educar são os dois principais eixos condutores da carreira literária de Elysanna Louzada. Autora capixaba infanto-juvenil de obras adotadas em escolas e bibliotecas públicas e privadas, já esteve na lista dos 10 mais vendidos da revista Veja (categoria Ebooks) com os romances Uma lição de amor e Herdeiros do Trono, Drama e Fantasia, respectivamente, voltados ao público Jovem/Adulto.
Professora do Ensino Fundamental e Médio por 10 anos, formada em Letras-Inglês-Literatura, Elysanna Louzada iniciou sua carreira como escritora em 2011. Suas obras podem ser encontradas em diversas plataformas, como Amazon e Wattpad, e em lojas físicas.
Em julho de 2014 Elysanna Louzada foi homenageada na Assembleia Legislativa do Espírito Santo com a Comenda Rubem Braga. Busca parceiros em todo o país para promover o projeto social Biblioteca escolar.
Além da escrita, Elysanna Louzada dedica-se a realizar palestras gratuitas em escolas públicas e privadas para motivar crianças e adolescentes a lerem e escreverem. Seus livros e carreira já foram cobertos por diversos veículos de imprensa nacional. 

19 abril, 2019

Tag Literária :: Dias da Semana

abril 19, 2019 0 Comentários

Olá, tudo bom?

Resolvi responder uma TAG chamada “Dias da Semana”, onde elencarei alguns livros que despertaram sentimentos tal qual os dias da semana tendem a nos despertar! Espero que gostem, e caso respondam a TAG não se esqueçam de marcar o Clube do Farol .


 Segunda – Um livro que tem preguiça de começar:
Sinceramente, não sei! No momento diria que estou com “preguiça” de ler algo do gênero fantasia, mas a culpada disso é a tal da ressaca literária, kkk.


 Terça – Um livro difícil de terminar:
O Silmarillion de J.R.R. Tolkien, o livro é ótimo, porém a carga de informações presentes nele é extensa, foi uma leitura que fiz bem devagar para tentar aproveitar ao máximo.


 Quarta – Uma série que ainda não terminou:
Magnus Chase e os Deuses de Asgard de Rick Riordan, li apenas o primeiro livro (A Espada do Verão) e gostei bastante, estou com o segundo na estante aguardando a vez.


 Quinta – Um livro que não recomendo:
Não gosto muito de dizer que não recomendo um livro, afinal, cada um tem sua percepção sobre uma leitura, para uns ela pode ser maravilhosa e para outros uma verdadeira decepção, portanto, escolho o livro Diário de uma Escrava de Rô Mierling, que – infelizmente – para mim foi uma ENORME decepção.


 Sexta – Um livro que não vê a hora de ler:
Coração Satânico de  William Hjortsberg, publicado pela Darkside Books.


 Sábado – Um livro que você quer reler:
Vale roubar um pouquinho aqui? Pretendo reler toda a série As Crônicas Vampirescas de Anne Rice, espero conseguir fazer isso em breve!


 Domingo – Um livro que você não queria que terminasse:
Drácula de Bram Stoker, sempre terá seu lugar de honra no meu coração... A história me envolveu por completo, com seu ar sombrio e de mistério, não queria mais sair de dentro dessa atmosfera!



ATENÇÃO: Caso seja o criador desta TAG, favor avisar nos comentários para que o Clube do Farol possa dar os devidos créditos.


Até a próxima!

15 abril, 2019

Resenha :: O Museu das Coisas Intangíveis

abril 15, 2019 0 Comentários

Para adquirir o seu: Clique aqui! 



Olá, leitores! Como a capa do livro mostra, somos apresentados a duas amigas: Zoe e Hannah. Mas também conhecemos o pequeno Noah, de apenas oito anos, que tem a síndrome de Asperger (hoje, ele não seria mais classificado com essa síndrome e sim como portador do Transtorno do Espectro Autista com alto desempenho), o que o torno alguém com incríveis capacidades intelectuais, mas sem a condição de entender sentimentos e sensações intangíveis, porque esses fogem a um contexto lógico.


Zoe construiu um museu das coisas intangíveis para seu irmão, onde ela o ajuda a tentar entender o que são cada um dos sentimentos e sensações que ela adiciona ao museu. E que vão nortear essa história até o final. Afinal, vamos conhecendo um pouco mais de Zoe que além de talentosa, tem aquela vontade de viver intensamente sem pensar muito nas consequências e nos resultados, isso poderia ser bom se ela não tivesse uma doença que a levasse da extrema euforia a uma tristeza que a deixa quase inalcançável por sua amiga Hannah quando essa se instala. 

Diferente de sua amiga, Hannah tem uma vida complexa e complicada, que começou com o divórcio dos pais e uma mãe vivendo um processo depressivo cada vez mais agudo e seu pai um alcoólatra tentando a recuperação. E assim, vamos entendendo porque Hannah aprendeu a se cuidar sozinha e se sentir tão responsável por cuidar dos pais e de sua amiga Zoe.


Assim, vamos vendo a autora focar na amizade das amigas, na maneira com ambas aprenderam a uma completar a outra, em suas dificuldades, e como nem sempre apenas a amizade é o suficiente para salvar uma amiga, quando essa após um acontecimento tem o gatilho de sua doença disparado. Por mais que Hannah tente, parece que nada vai funcionar dessa vez para ajudar sua amiga Zoe. Quando tudo parece perdido, Zoe propõem a Hannah uma viagem, uma fuga para longe dos problemas, para viver cada dia como se fosse o último da vida de ambas.

Nesse momento, Hannah vai nos mostrando que Zoe nos leva a viver o museu das coisas intangíveis enquanto ela ensina a sua amiga a ser mais, querer mais e a viver sem tantos medos ou responsabilidades. O que de certo modo atemoriza e encanta Hannah ao longo da viagem que ela faz por sua amiga, por ela e pela busca de uma cura para Zoe, que não envolva uma internação.


Me vi viajando com elas lidando com as emoções desgovernadas de Zoe, com suas alucinações e com a tentativa de Hannah ajuda-la com seu medo de falhar, e a dúvida se devia ou não abandonar aquele projeto e deixar a família de Zoe fazer como achava que devia. Mas em momento nenhum eu poderia imaginar aquele final. Que, em meio a crise da doença, Zoe teria planejado tudo daquela forma e com aquele desfecho todo o tempo. E me vi pensando como subestimamos as pessoas com algum transtorno mental ou psicológico. Mesmo Zoe tendo nos mostrado sua imensa inteligência durante a história.

Hannah também me surpreendeu não por ter acreditado e amado sua amiga desde sempre, mas por não ter feito o que deveria desde o início, por te levado para o lado errado sua lealdade para com a amiga e por ter sido tão adolescente. Ela que se achava tão adulta, percebeu que ela tinha muito a aprender e que Zoe sabia disso e por isso quis ensina-la.

Vou parar por aqui, para não correr o risco de um spoiler indesejado ou algo que estrague sua experiência com esse livro. A narrativa foi feita de forma gostosa para leitura, com o grau certo de informação sobre as doenças em questão, mas focando nos pontos positivos das amigas, deixando a leitura leve.


A edição está linda em folhas amarelas, diagramação e fonte ótimas para leitura e sem erros de digitação ou ortografia. As divisões feitas para cada coisa intangível deixou a leitura ainda mais prazerosa e, de certo modo, aumentou a expectativa para o capítulo a seguir.


Nota :: 

Informações Técnicas do livro

O Museu das Coisas Intangíveis
Ano: 2018
Páginas: 256
Editora: Novo Conceito
Sinopse:
Noah, o irmãozinho de oito anos de Zoe, tem uma síndrome rara. Ele aprendeu a ler quando tinha dois anos.
Entende a teoria da relatividade de Einstein e já leu todos os livros do Stephen Hawking. É obcecado pelo cosmo e fala constantemente sobre isso, sem nem mesmo perceber se você está escutando ou não.
Apesar disso tudo, não consegue processar qualquer coisa irracional ou intangível. Emoções são um mistério para ele. Sonhar ou imaginar é algo totalmente estranho.
Zoe, para ajudá-lo, criou para ele, o Museu das Coisas Intangíveis, com instalações conceituais artísticas complexas, improvisadas no porão de sua casa.
Medo, inveja, coragem, despreocupação, verdade, perdão, vergonha: e tantos sentimentos que ela tenta ilustrar e definir para ele todos os dias.
Zoe acredita que Hannah,  sua melhor amiga, não tem controle sobre as coisas intangíveis da vida.
Um dia, Zoe convence Hannah pegar a estrada juntas, e assim como fez com seu irmão, ela começa a expor sua amiga a situações que procuram mostrar o significado e o valor de todas essas coisas, fazendo com que ambas percebam o que realmente querem da vida.


O Grupo Editorial Novo Conceito oferece sempre os best-sellers mais aguardados e comentados do meio literário. Em anos de sucesso editorial, foram vários os autores e títulos reconhecidos na principais listas do PublishNews e Veja. O selo Novo Conceito foi desenvolvido para reunir essas grandes publicações, além das novidades e lançamentos internacionais que ainda virão.

13 abril, 2019

Resenha :: Anne e a Casa dos Sonhos (Anne de Green Gables #5)

abril 13, 2019 5 Comentários

  Pode conter spoiler dos livros anteriores.

Confira as resenhas dos primeiros livros da série!


Oi, faroleiros. Esta resenha é sobre o livro Anne e a Casa dos Sonhos, o quinto da série e uma das leituras mais aguardadas pela minha pessoa depois do terceiro. Nunca quis tanto ler sobre o finalmente de um casal como o da Anne e do Gilbert, e é o finalmente mesmo, pois este livro começa narrando o casamento dos dois e creio que o maior sonho da Anne se tornando realidade, ter o seu próprio lar, a sua casa dos sonhos e formar sua família. Não que ela não considerasse Green Gables como sua casa, mas é realmente um sentimento diferente.


— Nunca gostei muito dos diamantes, ainda mais depois que descobri que não eram da cor de violeta que eu imaginava. Um anel de diamantes sempre iria me fazer recordar desse velho desapontamento.
— Mas o antigo adágio diz que as pérolas trazem lágrimas – Gilbert havia objetivado.
— Não tenho medo disso. E as lágrimas podem ser tanto de alegria como de tristeza. Os momentos mais felizes da minha vida têm sido com lágrimas nos olhos (...) Então, dê-me um anel de noivado com pérolas, Gilbert, e estarei disposta a aceitar as tristezas da vida, bem como as alegrias.

Ao invés de falar da história, o que poderia vir a estragar as surpresas da leitura, vou escrever minha opinião. Está sendo fantástico ler esta série, que é histórica para nós, mas totalmente contemporânea para a época em que foi escrita. Ver a mudança da moda, o desenvolvimento da tecnologia, a religião, política e economia canadense, descritas de maneira cotidiana no desenvolver da vida dos personagens, bem como o próprio crescimento dos personagens foi maravilhoso.

Temos logo no início um lembrete das pessoas que passaram pela vida da Anne, e o aparecimento de novos personagens que não são secundários, são fundamentais para o brilhantismo de toda a escrita da autora e enredo da história. No decorrer da leitura, vamos vendo o dia-a-dia dos dois, justamente através dos diálogos entre os novos amigos da Anne e até a visita de seus familiares, do que propriamente entre eles. Porém os diálogos dos dois são momentos bem especiais.

— (...) Oh, veja Gilbert, lá está o nosso lar! Estou contente por temos deixado a luz acesa. Detesto voltar para uma casa escura. A luz de nossa casa, Gilbert! Não é adorável?
— Apenas uma das muitas milhares de casas na terra, minha Anne, mas a nossa, o nosso farol brilha num mundo perverso. Quando um homem tem um lar e uma querida esposa ruivinha, o que mais pode pedir da vida?
— Bem, ele poderia pedir uma única coisa a mais — sussurrou Anne, contente.

A Marilla ensinou a Anne a viver com humildade e simplicidade, ela nunca se vangloria em nada do que faz ou fez, sempre tira por menos em relação aos outros. Não vejo isso como se ela se menosprezasse, penso que para a época e devido a tudo o que ela viveu, ela tomasse isso como um meio de viver para estar sempre feliz e satisfeita, pois expectativas, quando não alcançadas, geram grandes decepções, enquanto que quando não esperado, algo de muito bom acontece, a satisfação é imensa.


Já li várias resenhas sobre este livro depois da minha leitura, e percebi que as pessoas ficaram muito chateadas com determinado ponto da história e eu penso totalmente diferente; não vejo que a autora regrediu a personalidade da Anne quando a mesma declara não ter talento para escrever um livro de memórias, ela simplesmente destacou que apesar de escrever fantasias infantis, não a qualificava como escritora para todos os tipos de assunto. Ela até poderia escrever se quisesse, mas este não é e nunca foi o foco na vida da Anne, além de que é um ponto importante que a autora deixou para outro personagem na história.

Não podemos ler um livro escrito no início do século vinte com o pensamento da vida que levamos no século vinte e um. Apesar de todas as conquistas estudantis e profissionais que a Anne teve, ela abriu mão de tudo para ser dona de casa, casada com um homem pobre, no início de carreira. O seu sonho era ser além de amiga, era ser esposa e mãe, e é o que ela busca na nova fase da sua vida. Hoje em dia, muitas mulheres considerariam isso um crime, falta de feminismo ou identidade própria. Cada pessoa é feliz vivendo da maneira que quer, contanto que esteja realizando seus sonhos.


Esta série é uma leitura profunda com várias reflexões para nossa vida, mesmo nos dias atuais serem tão diferentes da época descrita. Algumas coisas, como a busca dos seus sonhos e o tratamento para com o próximo devem ser imutáveis, mesmo com o passar dos anos. Eu dou nota máxima, 5/5, para este livro como também um coração, pois ele se tornou um dos meus favoritos.

Boa leitura,

Carol Finco


Nota ::  



Informações Técnicas do livro

Anne e a Casa dos Sonhos
Anne de Green Gables #5
Ano: 2019
Páginas: 240
Editora: Pedrazul
Sinopse:
O amor verdadeiro de Anne e Gilbert chega ao apogeu com os raios do sol iluminando o velho jardim de Green Gables. Ao lado dos seus amigos mais queridos, eles estão prestes a proferir os votos de casamento. Logo o casal, imerso em felicidade, está a caminho de uma nova vida, no que Anne chama de sua “casa dos sonhos”, na costa nebulosa do porto de Four Winds.


Editora Pedrazul atualmente é a editora que mais se dedica à tradução e à publicação de obras mundialmente consagradas, algumas ainda desconhecidas no mercado editorial brasileiro, como os autores que influenciaram o estilo da mais famosa escritora inglesa de todos os tempos, Jane Austen. Também atua no segmento romance histórico e de época escritos por autores contemporâneos.

11 abril, 2019

Resenha :: Fragmentos (Trilogia Marcas da Guerra #1)

abril 11, 2019 0 Comentários

“E a batalha apenas começou
Há muitos que perderam, mas diz-me: Quem ganhou?
As trincheiras cavadas em nossos corações
E mães, filhos, irmãos, irmãs dilacerados”
(Sunday Bloody Sunday – U2)

Se existe uma coisa sem sentido nesse mundo é a guerra. Eliot, Richard e Connor fizeram treinamento militar juntos. Richard e Connor cresceram juntos no orfanato e um sempre cuidou do outro. A tropa deles é atacada durante uma missão em terras inimigas, mas os três conseguem se esconder em um abrigo subterrâneo. Infelizmente, eles são capturados pelos inimigos e apenas Connor consegue ser resgatado com vida do cativeiro onde foi feito refém por dois anos.

Não, eu não estou [livre]. O meu corpo está livre, mas a minha alma, essa será eternamente presa ao medo, à dor e ao sofrimento.

Connor não tem para onde ir, nem família esperando por ele, por isso decide ir para a pequena cidade de Solvim na esperança de conhecer Ella, irmã de Elliot. Ele sempre a descrevia como uma menina doce, com um coração imenso e um sorriso capaz de iluminar qualquer escuridão.

Desde então, ele nutre um carinho imenso por ela. Esse afeto só aumenta quando eles se conhecem pessoalmente, mas ele sabe que nenhuma mulher em sã consciência iria querer ficar com ele. Além das horríveis cicatrizes físicas, ele também carrega cicatrizes na alma.

Às vezes eu gostaria que existissem cirurgiões para a alma assim como existe para o corpo.

Fragmentos poderia ser apenas mais um romance se a autora não trabalhasse o trauma de guerra tão bem. O transtorno de estresse pós-traumático — TEPT — pode causar flashbacks de combate, paranoia constante e a incapacidade de viver em sociedade. Muitos ex-combatentes, se não procuram ajuda, podem cometer até suicídio.


Os momentos em que Connor não sabe se está acordado ou tendo um pesadelo são tão bem escritos pela autora Carol Cappia que nos sentimos tão perdidos como ele. A narrativa é em primeira pessoa, alternando entre os pontos de vista de Connor e de Ella.

O exército transforma homens em máquinas de matar, mas não os ensina a continuar a viver quando voltam para casa. Será que Ella será capaz de iluminar a escuridão dele? Será que ela tem toda essa luz?

Não há heróis em uma guerra, que não há honra em matar pessoas. Independentemente do motivo.

Com amor, André


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

     
Fragmentos
Trilogia Marcas da Guerra #1
Ano: 2018
Páginas: 272
Editora: Cappia
Sinopse:
“Como não deixar que o ódio tome conta de você, se é tudo o que conheceu a sua vida toda?”
Desde que nasceu, Connor viu apenas o lado ruim das pessoas. Na sua cabeça, sua existência foi ao contrário, ele começou pagando por seus pecados antes mesmo de cometê-los, ele foi condenado ao inferno antes mesmo do julgamento final. 
Quantas vezes sua alma pode se perder até que seja resgatada? 
Com quanto da escuridão você pode se envolver antes de se tornar parte dela?