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08 outubro, 2019

Resenha :: Título pra quê?

outubro 08, 2019 0 Comentários

Olá, leitor (a), trago minhas impressões da leitura de Título pra quê?, da autora Sarah Camilo. Esse livro é um conjunto de poemas, contos e crônicas que te convidam a refletir, pensar e caminhar junto com a personagem que é o fio condutor dos textos.

Gostei da metáfora do deserto que é usada nesse livro nos textos “Os perigos do deserto” e “Surtei!”, para se referir a uma caminhada, em um momento da vida. Porque, por mais que não sejamos sozinhos, nossa vida é sempre decidida por unicamente nossas opções, escolhas e, claro, as consequências do que fazemos.


Nos primeiros textos, somos levados a um olhar sobre a solidão, em um primeiro momento de outrem, depois de nossa protagonista e pôr fim a nossa própria. E onde mais uma figura sozinha seria tão absurdamente solitária que em meios às terras áridas do deserto? Onde mais observaríamos e teceríamos suposições e teorias sobre aquela pessoa, que a observando ali?

Pois é! Agora você é só uma lembrança. Até que uma lembrança bonita. Tudo é passageiro, até mesmo a própria lembrança.

E assim nos deparamos com o silêncio, a ausência da voz que entoa palavras e dão vazão às sensações, emoções e pensamentos e, nesse mesmo contexto de solidão e silêncio, o convite a relembrar o passado, e ver nas areias do caminho as mesmas que marcam o tempo na ampulheta da vida. O passado, tão sedutor quando o presente não é belo e todo sorrisos. Que nos cativa com a memória do que perdemos e que relembra que o tempo é breve como a vida e quantas surpresas relembrar nos reserva, como em: “Se cair, Levanta!", "Terceira Série" e "Pai, Meu Pai".

Só eu. Só você e mais ninguém. Nenhum pedacinho de papel, nenhuma tinta, nenhuma palavra e nada para escrever. Só há o silêncio.

Nessa caminhada vemos em nós as mudanças, as transições e as passagens que sofremos ao longo dos dias, e nesse caminhar solitário observamos o nascer do dia, as manhãs, tardes e noites. Que mesmo a Terra é obrigada a se mover, mudar, transitar entre as mudanças da passagem do tempo. E no momento que as decisões são tomadas, as escolhas e renúncias feitas, construímos a forma de nosso presente. Levados a escolher pelo passado e moldando de forma definitiva nosso futuro, até mudarmos de decisão e fazermos novas renúncias.

Foi muito bom viver aquele momento, jamais esquecerei. Anseio por outros melhores. A vida é curta e nenhuma tecnologia acompanha a sua velocidade.

Foi marcante no texto o anseio, o desejo e o completo desespero pela liberdade. Mesmo em meio ao nada do deserto, entre a areia nos pés e o sol no céu, o desejo por ser livre é várias vezes trazido à tona nos textos. Mas sem dúvida me marcou o encontro de pensamento entre os textos “Vestida de liberdade” e a crônica em duas partes de “Para o dia Nascer Feliz / Escolhas”.


Assim em contos que trazem sentimentos, poemas de empoderamento, liberdade, feminismo, homofobia, violência, depressão, tristeza e amor; e crônicas sobre a vida em sociedade e política como pessoa que vive em meio a outras, fazemos a jornada através do deserto até nos encontrar as portas com a felicidade. Aquela que habita o viver e não apenas existir. Do dar sem esperar receber e ser grato pelo que se tem e não pelo que deixou de ter.

Cuidado com a palavra nunca é demais. Nunca. Assim como nós, a palavra é um organismo VIVO, ela também pode matar, mas também vivifica.

Durante a leitura vemos as influências da autora durante o texto, como Clarice Lispector, Legião Urbana, Cazuza, Engenheiros do Hawaii e um toque de Caetano Veloso, que comprovam que somos a soma do que vivemos e escolhemos viver, dando proximidade e intimidade com o texto escrito. Temos uma leitura que nos faz refletir, nos diverte e seduz em palavras que foram escritas e aquelas que habitam as entrelinhas, que são lidas no silêncio do não escrito, mas que ganham vida quando experimentamos ir pouco a pouco respondendo às perguntas desde a do texto que deu título ao livro, que nos desafia a dizer: pra que título? 



Sobre a edição: a capa diz muito sobre esse livro que apenas cita a chuva, mas que brinca, desafia e de certa maneira exalta o sol e a liberdade. As folhas amarelas e diagramação com letra e espaçamento confortável para a leitura. Ilustrações lindíssimas que nos fazem parar um momento para, entre um texto e outro, “ler o texto na imagem”.

Espero que você leia, e permita-se caminhar com nossa personagem. Boa leitura.


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Título pra quê?
Sarah Camilo
Ano: 2019
Páginas: 80
Editora: Autografia
Sinopse:
Simplicidade: é o que descreve esse livro. Nascido em meio às adversidades, mas, ainda assim, o coração continua pulsante quando o assunto é literatura.
Encontre-se, encontre-se o outro. Quem sabe você não se torne uma pessoa melhor, não é mesmo? Vale muito à pena! Costumo dizer que para me conhecerem é preciso me ler, então fiquem à vontade para me conhecer um pouco.
Acredito que a simplicidade torna a vida um pouco mais leve. Voe com as corujas, fique – se quiser – seja livre! Viva os seus desertos, quando necessário.
Ame e também diga não. Seja humano.
Há uma parte de nós que, às vezes, nos esquecemos. Encontre-a.

21 agosto, 2019

Resenha :: Na Taverna do Bardo (Contos 1 e 2)

agosto 21, 2019 1 Comentários

Oi, leitores. Hoje venho compartilhar sobre as leituras de contos que podem ser lidos de forma independente, mas que farão parte de uma linda antologia chamada "Na Taverna do Bardo". Que vai certamente encantar leitores do gênero fantasia e também os apaixonados por romances. 

De forma delicada e graciosa, a autora Ida vai nos colocando dentro de um novo mundo, que nos leva a desbravar junto com ela enquanto o constrói. Nos permitindo, assim, perceber sua crescente na escrita e também a desenvoltura que a nova terra conquistada vai concedendo a autora.

De forma emocionante, sério, só consegui falar sobre o primeiro conto, após a leitura do segundo, as histórias trazem todo encantamento e tragédia próprios dos amores possíveis e impossíveis que tem seus destinos cruzados com seres encantados e míticos. Criando um paralelo com as barreiras e impedimentos próprios da vida, e também os finais que não estão em nossas mãos para os definir se serão finais felizes ou tristes.


 Sob a pele da Gazela

Nesse primeiro conto somos levados a nos perguntar sobre o que acontece quando o destino proporciona o encontro de uma jovem que vive na floresta, sob a pele de um animal, com um feroz guerreiro, afoito a caçadas e guerras? 

O embate claro entre forças opostas como vítima e caçador, presa e predador, são as portas para outras perguntas, que acontecem à medida que esse encontro se desenrola e, assim, vamos assistindo a trama e o questionamento inevitável que vem com o final desse primeiro conto. Nem mesmo o amor pode ser capaz de romper com o destino?


 Príncipe Arminho

Nesse conto de fadas temos um príncipe bem distante daqueles narrados nos contos recriados pela Disney. Aqui temos alguém sem responsabilidade, limites ou senso de dever e honra. Assim, ele acaba por colher os frutos da vida que vivia, e se vê sozinho vagando por uma terra encantada povoada por fadas um tanto arteiras. Essas, que nada lembram as madrinhas, rogam uma maldição que mudará o destino de um jovem rapaz.

Claro, que diferente da magia negra, essa é para que a vivência dessa provação traga ao jovem um aprendizado que, em um futuro, o faça por merecer a quebra do encantamento, porém não antes de descobrir o verdadeiro valor do amor, dos relacionamentos entre seres vivos e da magia, propriamente dita.

E esse dia parece próximo ao com que ele, em sua condição, encontra uma princesa de coração quebrado, vítima das regras infringidas a mulheres. em especial na condição de filhas do rei, que a faz optar por seguir o caminho da única alternativa que parece viável.


E assim, nesses dois contos curtinhos e deliciosos de ler, me deparei com personagens que, apesar de costumeiramente figurar os contos fantásticos, são de um ineditismo bem-vindo, com pontos que tocam o mundo real, e o bom clichê que faz do fantástico possível. Mesmo que esses contos não garantam o felizes para sempre, cada um traz o "gancho" para próxima história, que fica impossível não querer a próxima história para tornar a experiência de leitura completa e rica.

Termino assim dizendo que já estou aguardando a edição com todos os contos integrantes dessa série e, claro, pelo próximo conto que ainda está por ser escrito. A edição que li foi a em e-book que está disponível na Amazon.


Nota ::  4,5


Informações Técnicas do 1° conto

Sob a Pele da Gazela
Na Taverna do Bardo
Ano: 2017
Páginas: 4
Editora: Independente
Sinopse:
Este é um dos meus primeiros contos dentro da Literatura Fantástica. Uma amostra de um mundo que estou desbravando e construindo para vocês leitores
O que acontece quando o destino proporciona o encontro de uma jovem vive na floresta, sob a pele de um animal com um feroz guerreiro, afoito a caçadas e guerras?
Será o amor uma dádiva ou uma maldição quando a magia da floresta é a única companheira de uma donzela por toda sua vida?


Informações Técnicas do 2° conto

Príncipe Arminho
Na Taverna do Bardo
Ano: 2019
Páginas: 6
Editora: Independente
Sinopse:
Um príncipe sem responsabilidade. Uma terra encantada povoada por fadas um tanto arteiras. E uma princesa de coração quebrado e grande dor em si presa. 
Uma maldição que mudará o destino de um jovem rapaz que aprenderá o valor do amor, dos relacionamentos e da magia.


_____Sobre a Autora_____

Idayana Borchardt



Idayana Borchardt costuma se definir usando três palavras: aquariana, musicista e escritora. A jovem capixaba, nascida em 1990, escreve poesias e contos desde os 16 anos, mas só recentemente começou a divulgar seus textos.
Graduada em Pedagogia e aluna da Licenciatura em Música pela Universidade Federal do Espirito Santo, iniciou suas publicações no meio literário em 2014, quando publicou o poema “Insurgente” na antologia poética “Concurso Nacional de Novos Poetas – Poesia Livre”, pela editora Vivara. No ano seguinte, em 2015, participou das antologias “Além das Cruzadas” e “Outrora”, ambas publicadas pela editora Andross, com os contos “Do Despertar ao Desespero” e “Ambuletis”, respectivamente. 
Em 2016, com a narrativa “Sing for me”, fez parte da coletânea de contos “Pensamentos Eletrônicos”, pela editora Darda. Seu mais recente trabalho foi o poema “Aos pés do Moxuara”, selecionado no 4º concurso Semente Literária – João Bananeira 2016, e publicado em livro de mesmo nome.
Em março de 2017 a autora lançou seu primeiro livro, intitulado "O Som das estrelas caídas", no gênero poesia.

06 julho, 2019

Resenha :: O Futuro Que Nos Roubaram

julho 06, 2019 1 Comentários

Como começar, a falar de uma história que começou a ser contada e que conta com o DNA da autora, trazendo nesse conto a mais quebrada de suas personagens, que não traz nenhuma cicatriz que possa ser vista, mas sua alma tem todas as cicatrizes que uma mulher pode trazer?


Que desde o começo sabemos que tem a maior das dores de uma mãe que é enterrar o próprio filho, que tem segredos dos mais dolorosos em seu coração e que vê no melhor amigo do filho, tudo que o filho teve roubado e ainda mais daquilo que ela mesmo perdeu.

… lembro-me que o Andrew esteve o tempo inteiro de pé ao lado do caixão. No final, ficamos nós dois olhando para a terra que cobria o meu filho para a eternidade. Dias depois todos comentavam que ele tinha partido sem se despedir dos pais.


E ainda sim ser uma história sobre redenção, recomeço, esperança e. principalmente, sobre o efeito curativo do amor sobre nossas dores, nossas perdas, nossos medos e, principalmente, sobre nossos traumas mais profundos. Que com a sensibilidade de tocar a alma de quem lê, Sofia traz uma personagem com toda a sabedoria do tempo, também com seus aprendizados e que, trilhando seus últimos anos, se permite aquilo que seria impensável para muitas pessoas, que é viver plenamente e de todas as formas, se importando, amando e cuidado do que lhe é precioso.

Pela primeira vez eu percebi o quão jovem você é. E como, mesmo com tudo que viveu, eu olho para você e me faz bem. Me traz paz. Não é só a sua forma calma e meiga de ser, mas a sua aparência que reflete isso tudo.

Diz-se que quando o capítulo deixa algo por contar, deixa um gancho, nesse caso, esse “gancho” daria para pescar uma baleia, porque a sensação de urgência do que existe após o fim, é tão grande, tão urgente que faz o coração ficar ansiando tanto quanto a curiosidade por tudo que ainda pode ser contado, que precisa ser contato, que não pode simplesmente terminar ali.


Parto, quando só quero ficar. Deixo-a, quando só quero dizer que a amo.

E sobretudo, que todas as emoções pelas quais passamos, precisam de mais para finalmente ficarem em nosso coração, com mais uma história contada de amigos queridos, que conhecemos ao longo dessas páginas. Amigos esses que nos fizeram chorar, sorrir, suspirar e acreditar que o amor, todas as formas de amor, vale muito mais que o peso em ouro, que a opção de não amar e não se permitir seR amado. Que enquanto houver vida, o legado de quem amamos será honrado e mantido e que existira a chance de um começo, que vem com tudo de antes, porém melhor, pois traz a certeza de ser ainda melhor, porque tem o sabor de segunda chance.

Fico aqui na torcida, para que esse conto ganhe uma história completa e permita ao leitor saber o que acontece depois, e de preferência com o final digno de todas as histórias da Sofia Silva.


Esse conto está disponível em livro físico, numa coletânea com outros contos, publicado numa lindíssima edição em capa dura. E também em e-book pela Amazon, para leitura inclusive pelo Kindle Unlimited. Posso garantir que será uma leitura incrível seja como escolher, eu escolhi ambos e posso afirmar isso. Foi meu primeiro livro dessa editora e me surpreendi de maneira mega positiva, e já me animei para outros livros em um futuro próximo.


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

O Futuro Que Nos Roubaram
Para Você
Ano: 2019
Páginas: 233
Sinopse:
Uma promessa
Dois segredos
Três vidas devastadas

"Dois anos após a morte do seu filho, Mia Andersen refugiou-se ainda mais do mundo que sempre a tratou mal, até ao dia em que recebe uma visita inesperada.
Andrew Cooper correu para longe após a morte do seu melhor amigo, levando consigo um segredo devastador, contudo precisou voltar.
Uma promessa precisa ser cumprida.
Entre segredos dolorosos, mal entendidos devastadores e uma trágica morte, Mia e Andrew vão compreender que às vezes não conhecemos quem mais amamos.
O FUTURO QUE NOS ROUBARAM é um romance dramático sobre a cura de duas almas."


 _____Sobre a Autora_____

Sofia Silva


Sofia Silva nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal. É licenciada em Ensino Básico (1º Ciclo) pela Universidade de Aveiro.
Amante da literatura, em especial da poesia e, nela, de Pablo Neruda. Sempre gostou dos sentimentos contidos nas palavras e do poder que exercem sobre os leitores. Ávida devoradora de romances, com predileção pelos dramáticos de final feliz, desde jovem participa ativamente do meio literário.
Em dezembro de 2014, iniciou-se na ficção através da plataforma online Wattpad com a Série Quebrados, cujo foco são histórias sobre violência doméstica, deficiência física e abuso sexual.
Com mais de 1 milhão de leituras e o apoio fervoroso das leitoras brasileiras, publicou, dois anos depois, o seu primeiro livro na Amazon, Sorrisos Quebrados, atingindo o top 10 de vendas em ebook no Brasil.
Para o futuro, deseja continuar a dar voz aos problemas da sociedade através de personagens que ultrapassam inúmeros obstáculos e merecem ser felizes.

04 março, 2019

Resenha :: História de uma Lágrima (Conto)

março 04, 2019 0 Comentários

Acho que todos conhecem Joaquim Maria Machado de Assis, ou somente Machado de Assis, ou ainda “Machadão” como alguns leitores costumam brincar. O escritor nasceu no Rio de Janeiro em 21 de Junho de 1839 e faleceu na mesma cidade em 29 de Setembro de 1908. Como sabemos, ele é considerado por diversos críticos, estudiosos, escritores e leitores como um dos maiores nomes da Literatura Brasileira.  Além disso, influenciou outros nomes como: Olavo Bilac, Lima Barreto e Drummond de Andrade.

Machado alcançou, durante sua vida, relativo reconhecimento e prestígio no Brasil, entretanto, seus trabalhos ainda não haviam sido apreciados no exterior, coisa que só ocorreu após sua morte. Hoje em dia, o autor é tido como um dos grandes gênios da literatura mundial!

Portanto, após anos protelando dar mais uma chance ao autor, por ter tido experiências frustrantes com os clássicos da literatura brasileira nos tempos de escola, resolvi dar uma nova chance.

Escolhi o conto “História de uma Lágrima”. Nele um jovem fica curioso a respeito de um homem de trinta anos que tinha a aparência de um sexagenário, logo, por conta dos mexeriqueiros da cidade, ele acaba descobrindo que o homem chamava-se Daniel e simpatizou-se com ele, resolveu conhecer sua história e armou um pretexto para tal.

Os seus passeios ordinários, quando lhe acontecia passear, eram ao cemitério, onde se demorava habitualmente duas horas. Quando voltava e lhe perguntavam de onde vinha, respondia que fora ver casa para mudar-se.

A história chega até o leitor de uma forma envolvente, a leitura é bem fácil — o que foi uma agradável surpresa, os sentimentos dos personagens transcendem as páginas. É impressionante a habilidade do autor de emocionar e nos fazer refletir tanto com um conto tão curto, estou me perguntando ainda porque não havia dado uma chance antes, mas creio que tudo vem no tempo certo.

Isolei-me, procurei na solidão um descanso; tomam-me uns por doido; outros chamam-me excêntrico.

Atualmente, a obra completa do autor encontra-se em domínio público, caso tenha interesse, acesse o site: http://machado.mec.gov.br/ . Além disso, existem diversos trabalhos dele em formato e-book disponíveis para download de forma gratuita na Amazon

E você, já deu uma segunda chance a algum autor? Conte nos comentários, vou adorar saber!



Informações Técnicas do livro

História de uma Lágrima
Ano: 1867
Páginas: 12
“Que é uma lágrima? A ciência dar-nos-á uma explicação positiva; a poesia dirá que é o soro da alma, a linguagem do coração. Bem pouco avulta essa leve gota de humor que os olhos vertem por alguma causa física ou moral. É nada e é tudo; para os ânimos práticos é um sinal de fraqueza; para os corações sensíveis é um objeto de respeito, uma causa de simpatia.
Alexandre Dumas comparou eloquentemente o dilúvio a uma lágrima do Senhor, lágrima de dor, se a dor pode ser divina, que a impiedade arrancou dos olhos do autor das coisas.
Mas a lágrima cuja história empreendo nestas curtas e singelas páginas não foi tamanha como essa que produziu o grande cataclisma. Foi uma simples gota, derramada por olhos humanos, em hora de aflição e desespero. Quem tiver chorado achar-lhe-á algum interesse.”


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