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12 novembro, 2021

Resenha :: Sem Interrupções

novembro 12, 2021 1 Comentários



Ler crônicas é como reviver os tempos menos acelerados, onde existiam encontros de família ao redor de uma fogueira, seja para espantar o frio e os mosquitos da noite ou em celebração a algum festejo. O importante era o encontro, a troca de companhia por histórias e momentos que quem viveu guarda no coração e na lembrança como de posse de um tesouro.

20 abril, 2020

Resenha :: Fala Sério, Mãe!

abril 20, 2020 0 Comentários

Olá, leitor ou leitora do Clube, tudo bem? O livro de hoje é um que eu quis ler antes de ver o filme e, porque dei altas risadas no trailer, sabia que ler antes seria a decisão mais acertada. Não sei você, mas eu sou do tipo que se assistir ao filme acabo não lendo o livro depois, e se leio vejo o filme ou não. Então, melhor garantir.

Mesmo esse livro sendo um de uma série, não é preciso ler os outros antes para ler esse. Pode ler de forma independente. Outra coisa legal é que a história é uma ideia criativa de algo não tão original que é a relação entre mães e filhas... A parte da narrativa é algo legal de comentar, porque na primeira metade do livro, os textos mostram o ponto de vista da mãe. Mas depois do primeiro beijo, aos 12 anos, é Maria de Lourdes (ou Malu, como ela prefere) quem assume a narrativa.


Logo no primeiro mês descobri que grávida não tem dono, é do povo. É praticamente uma revista de sala de espera, todo mundo (todo mundo mesmo, inclusive gente com quem não tenho a menor intimidade) se sente tentado a passar a mão. (Trecho sobre a barriga na gravidez)

A história gira em torno da relação entre mãe e filha: amor, carinho, compreensão e, claro, muitas, muitas brigas. Brigas importantes, brigas bobas, brigas memoráveis. Só variam conforme a idade. Boletim, namorados, arrumação do quarto, legumes, viagens, festas, hora de chegar das festas... Tudo é motivo para essas pelejas domésticas. Que mudam à medida que a filha cresce. A linguagem do livro também muda de acordo com a narradora da história, deixando claro a diferença não apenas de idade, como também de gerações, porque afinal trazemos um pouco daquilo que ouvimos as mães e avós nos dizer, mesmo que isso seja algo que não seja usado em nenhuma conversa nos dias atuais. E os filhos trazem as novas gírias e cacoetes de linguagem da geração em que vivem.

Outra coisa que preciso destacar é que mesmo a história tendo uma linha do tempo como fio condutor (da barriga aos 21 anos de vida da Malu) são textos escritos em forma de crônicas, que é diferente do tipo de texto mais lido. As crônicas permitem que mesmo a leitura desse livro seja feita de forma aleatória ou como um romance em pílulas, em ordem cronológica.

Por essas e outras que uma amiga minha diz que aquela rede de proteção que botamos nas janelas não é para as crianças não caírem. É para as mães não se jogarem lá embaixo.


Não apenas a Ângela Cristina, a mãe, ou Malu, a filha, são personagens que merecem menção, todos na história têm um papel importante e bem marcado nas histórias. Afinal cada novo filho muda a dinâmica familiar, a passagem dos anos e a cada vez maior independência dos filhos e o maior destaque aos amigos são pontos que agregam muito tanto a nossas vidas, quanto a trama desse livro. A autora consegue mostrar como, mesmo na mesma criação ou desde os primeiros dias de vida, cada pessoa é única e distinta uma das outras, como cada um é único, mesmo na uniformidade que temos enquanto pessoas, queremos segurança, amor e aquele algo mais que poucas pessoas já nascem sabendo o que é, muitas conseguirão descobrir e tantas outras continuaram buscando por muito tempo.

Naquele momento, me emocionei e tive a gostosa surpresa de que ela não vai mudar nunca, por mais que eu cresça.

Vale voltar a mencionar que, como as narrativas são crônicas, o texto é leve, com capítulos curtos que deixam a leitura super-rápida e fluida. Nem percebi o tempo passar enquanto me divertia lendo. A grande vantagem de todos vivermos algo semelhante em algum momento é que elimina a necessidade de grandes descrições, deixando no ponto para ser algo que facilmente visualizamos durante a leitura, dando aquele ar de intimidade, lembrança, nostalgia mesmo a depender da idade em que você faça a leitura, experimentando as memórias de ser filha(o) ou ser mãe ou pai.

Como disse o sábio Vinicius de Moraes. Um belo dia, você acorda e se vê obrigada a cuidar um pouco de quem sempre cuidou de você.


A edição que li foi a primeira versão do livro, outras duas já foram lançadas e a última, com a capa do filme, ganhou extra com as aventuras da protagonista dos 21 aos 23 anos, um acréscimo que promete ainda mais emoções e risadas para os antigos fãs e para os leitores que estão descobrindo o livro agora. Falando da edição que li, a encadernação é ok, páginas brancas que não atrapalharam a leitura, graças a diagramação perfeita para a história e para a narrativa. Gosto dessa capa também, mas se tiver a oportunidade gostaria de ler os extras da nova edição. Afinal enquanto houver vida a história continua.


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Fala Sério, Mãe!
Coleção Fala sério!
Ano: 2004
Páginas: 172
Sinopse:
Mãe e filha. Que relação complicada essa! Amor, carinho, compreensão e, claro, muitas, muitas brigas. Brigas importantes, brigas bobas, brigas memoráveis. Só variam conforme a idade. Boletim, namorados, arrumação do quarto, legumes, viagens, festas, hora de chegar das festas... tudo é motivo para essas pelejas domésticas.
Para Angela Cristina, elas são apenas carinho e preocupação. Para Maria de Lourdes, são chateação materna mesmo. Na primeira metade do livro, os textos mostram o ponto de vista da mãe. Mas depois do primeiro beijo, aos 12 anos, é Maria de Lourdes (ou Malu, como ela prefere) quem assume a narrativa.
Fala sério, mãe! é uma coletânea de crônicas bem-humoradas do cotidiano dessas duas personagens, que pode ser lida aleatoriamente ou como um romance em pílulas, em ordem cronológica, da barriga aos 21 anos.


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08 outubro, 2019

Resenha :: Título pra quê?

outubro 08, 2019 0 Comentários

Olá, leitor (a), trago minhas impressões da leitura de Título pra quê?, da autora Sarah Camilo. Esse livro é um conjunto de poemas, contos e crônicas que te convidam a refletir, pensar e caminhar junto com a personagem que é o fio condutor dos textos.

Gostei da metáfora do deserto que é usada nesse livro nos textos “Os perigos do deserto” e “Surtei!”, para se referir a uma caminhada, em um momento da vida. Porque, por mais que não sejamos sozinhos, nossa vida é sempre decidida por unicamente nossas opções, escolhas e, claro, as consequências do que fazemos.


Nos primeiros textos, somos levados a um olhar sobre a solidão, em um primeiro momento de outrem, depois de nossa protagonista e pôr fim a nossa própria. E onde mais uma figura sozinha seria tão absurdamente solitária que em meios às terras áridas do deserto? Onde mais observaríamos e teceríamos suposições e teorias sobre aquela pessoa, que a observando ali?

Pois é! Agora você é só uma lembrança. Até que uma lembrança bonita. Tudo é passageiro, até mesmo a própria lembrança.

E assim nos deparamos com o silêncio, a ausência da voz que entoa palavras e dão vazão às sensações, emoções e pensamentos e, nesse mesmo contexto de solidão e silêncio, o convite a relembrar o passado, e ver nas areias do caminho as mesmas que marcam o tempo na ampulheta da vida. O passado, tão sedutor quando o presente não é belo e todo sorrisos. Que nos cativa com a memória do que perdemos e que relembra que o tempo é breve como a vida e quantas surpresas relembrar nos reserva, como em: “Se cair, Levanta!", "Terceira Série" e "Pai, Meu Pai".

Só eu. Só você e mais ninguém. Nenhum pedacinho de papel, nenhuma tinta, nenhuma palavra e nada para escrever. Só há o silêncio.

Nessa caminhada vemos em nós as mudanças, as transições e as passagens que sofremos ao longo dos dias, e nesse caminhar solitário observamos o nascer do dia, as manhãs, tardes e noites. Que mesmo a Terra é obrigada a se mover, mudar, transitar entre as mudanças da passagem do tempo. E no momento que as decisões são tomadas, as escolhas e renúncias feitas, construímos a forma de nosso presente. Levados a escolher pelo passado e moldando de forma definitiva nosso futuro, até mudarmos de decisão e fazermos novas renúncias.

Foi muito bom viver aquele momento, jamais esquecerei. Anseio por outros melhores. A vida é curta e nenhuma tecnologia acompanha a sua velocidade.

Foi marcante no texto o anseio, o desejo e o completo desespero pela liberdade. Mesmo em meio ao nada do deserto, entre a areia nos pés e o sol no céu, o desejo por ser livre é várias vezes trazido à tona nos textos. Mas sem dúvida me marcou o encontro de pensamento entre os textos “Vestida de liberdade” e a crônica em duas partes de “Para o dia Nascer Feliz / Escolhas”.


Assim em contos que trazem sentimentos, poemas de empoderamento, liberdade, feminismo, homofobia, violência, depressão, tristeza e amor; e crônicas sobre a vida em sociedade e política como pessoa que vive em meio a outras, fazemos a jornada através do deserto até nos encontrar as portas com a felicidade. Aquela que habita o viver e não apenas existir. Do dar sem esperar receber e ser grato pelo que se tem e não pelo que deixou de ter.

Cuidado com a palavra nunca é demais. Nunca. Assim como nós, a palavra é um organismo VIVO, ela também pode matar, mas também vivifica.

Durante a leitura vemos as influências da autora durante o texto, como Clarice Lispector, Legião Urbana, Cazuza, Engenheiros do Hawaii e um toque de Caetano Veloso, que comprovam que somos a soma do que vivemos e escolhemos viver, dando proximidade e intimidade com o texto escrito. Temos uma leitura que nos faz refletir, nos diverte e seduz em palavras que foram escritas e aquelas que habitam as entrelinhas, que são lidas no silêncio do não escrito, mas que ganham vida quando experimentamos ir pouco a pouco respondendo às perguntas desde a do texto que deu título ao livro, que nos desafia a dizer: pra que título? 



Sobre a edição: a capa diz muito sobre esse livro que apenas cita a chuva, mas que brinca, desafia e de certa maneira exalta o sol e a liberdade. As folhas amarelas e diagramação com letra e espaçamento confortável para a leitura. Ilustrações lindíssimas que nos fazem parar um momento para, entre um texto e outro, “ler o texto na imagem”.

Espero que você leia, e permita-se caminhar com nossa personagem. Boa leitura.


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Título pra quê?
Sarah Camilo
Ano: 2019
Páginas: 80
Editora: Autografia
Sinopse:
Simplicidade: é o que descreve esse livro. Nascido em meio às adversidades, mas, ainda assim, o coração continua pulsante quando o assunto é literatura.
Encontre-se, encontre-se o outro. Quem sabe você não se torne uma pessoa melhor, não é mesmo? Vale muito à pena! Costumo dizer que para me conhecerem é preciso me ler, então fiquem à vontade para me conhecer um pouco.
Acredito que a simplicidade torna a vida um pouco mais leve. Voe com as corujas, fique – se quiser – seja livre! Viva os seus desertos, quando necessário.
Ame e também diga não. Seja humano.
Há uma parte de nós que, às vezes, nos esquecemos. Encontre-a.