18 abril, 2017

Resenha :: Nós (Us)

abril 18, 2017 0 Comentários

Ganhei este livro em um sorteio promovido pela Livraria e Sebo Simonetti no final do ano passado e até então não havia o lido. Um título tão curto e a capa vermelha me chamaram a atenção, resolvi arriscar e dar uma chance, até porque nunca tinha lido nada deste autor.

Douglas Petersen é um bioquímico de 54 anos, é metódico, organizado, objetivo e, talvez, um pouco antiquado. Casado a 25 anos com Coonie Moore, uma artista de espírito livre, eles viviam uma vida feliz com seu filho adolescente Albie, um jovem rebelde e também artista.

Até que uma noite, Douglas é surpreendido por sua esposa, que diz querer se separar. E ele se vê sem chão, não entende, e aquilo martela na sua cabeça... Mas, como? Eles não eram tão felizes, não estavam bem?

"A conversa continuou por algum tempo, Connie, exultante com toda aquela sinceridade, eu, inseguro, incoerente, esforçando-me para assimilar o que ouvia. Há quanto tempo ela se sentia assim? Será que estava realmente tão infeliz, tão cansada? Eu entendia sua necessidade de ‘redescobrir a si mesma’, mas por que ela não poderia se redescobrir comigo por perto? Porque, como ela dissera, nosso trabalho estava concluído."

A separação não seria iminente, uma vez que eles já haviam programado as férias familiares “O Grand Tour dos Petersen!”, uma viagem pela Europa e seus principais pontos turísticos, seria essa a chance de Douglas reconquistar sua esposa ou deixar tudo ir por água a baixo?

Douglas, como todo bom metódico, havia planejado cuidadosamente e organizado o roteiro da viagem, mas Connie e Albie queriam que ele vivesse o momento, que se deixasse levar... A viagem continua seguindo relativamente bem, até que em um café da manhã, Albie se mete em uma confusão e tem uma discussão com Douglas, e foi a gota d’água. O caos estava instaurado.

Em meio a memórias do passado e o presente, David Nicholls constrói uma história que se mostra envolvente, complexa e sensível como todas as relações familiares são. Eu, particularmente, gostei muito do personagem Douglas e suas manias, seu jeito “certinho”, mas não posso dizer o mesmo de Connie e Albie. Será que vocês adivinham o motivo?

Gostei deste livro porque ele é REAL, mostra como as relações familiares são e traz reflexões e diversos aprendizados ao longo da narrativa. O autor soube descrever cada lugar por onde a família Petersen passou ao longo do Grand Tour, nos transportando para dentro do livro e fazendo com que pudéssemos nos sentir na Europa, além disso, no final do livro há um “esquema” dos locais visitados e as obras citadas, para ajudar os leitores.




O livro é dividido em partes, sendo cada uma delas uma parada da família Petersen ao longo do Grand Tour e marcada por uma frase, as páginas são amareladas e os capítulos são bem curtinhos (cerca de três páginas cada um). 

Nota :: 

Informações Técnicas do livro

Nós
Ano: 2015
Páginas: 384
Editora: Intrínseca
 
Sinopse (Skoob):
Certa noite, Douglas Petersen, um bioquímico de 54 anos apaixonado pela profissão, por organização e limpeza, é acordado por Connie, sua esposa há 25 anos, e ela lhe diz que quer o divórcio.
O momento não poderia ser pior. Com o objetivo de estimular os talentos artísticos do filho, Albie, que acabou de entrar para a faculdade de fotografia, Connie planejou uma viagem de um mês pela Europa, uma chance de conhecerem em família as grandes obras de arte do continente. Ela imagina se não seria o caso de desistirem da viagem. Douglas, porém, está secretamente convencido de que as férias vão reacender o romance no casamento e, quem sabe, também fortalecer os laços entre ele e o filho.
Com uma narrativa que intercala a odisseia da família pela Europa — das ruas de Amsterdã aos famosos museus de Paris, dos cafés de Veneza às praias da Barcelona — com flashbacks que revelam como Douglas e Connie se conheceram, se apaixonaram, superaram as dificuldades e, enfim, iniciaram a queda rumo ao fim do casamento, Nós é, acima de tudo, uma irresistível reflexão sobre a meia-idade, a criação dos filhos e sobre como sanar os danos que o tempo provoca nos relacionamentos. Sensível e divertido, com a sagacidade e a inteligência dos outros livros do autor, o romance analisa a intrincada relação entre razão e emoção.

12 abril, 2017

Resenha :: O Garoto dos Olhos Azuis (Trilogia Encantados #1)

abril 12, 2017 2 Comentários

“Você já teve um grande sonho? Um que você imaginou nos mínimos detalhes por uma vida inteira?”


Adivinhe quem resolveu resenhar outra releitura de contos de fadas? Siiiiiiiiim, euzinha!  Mas essa é um pouco especial, porque é uma obra nacional, que, tirando uma coisa ou outra, é realmente boa. E você deve querer perguntar: “Por que essa fixação toda por releituras, Danii?” Bom, eu amo releituras de contos de fadas, porque, bom, eu amo contos de fadas . E isso me faz ser uma romântica bem iludida. Maaaas diferente da maioria das gurias iludidas eu não acho que me apaixonaria fácil por alguém de carne e osso, porque crio expectativas em excesso, então não tenho esperanças de achar o meu príncipe encantado e tenho quase certeza que o meu cavalo branco passou e eu nem vi ele .
Eu quero sentir borboletas no estômago e não querer dar um soco no estômago do cara, sabe? Eu quero me sentir segura e em casa ao lado da criatura, e não querer sair correndo dela e me esconder até ela sumir de vista. E é isso que acontece desde que me entendo por gente, eu fujo, não me apaixono por guris reais, só por fictícios. E como me apaixono por fictícios! Praticamente eu encontro o amor da minha vida em cada livro que leio, porque é fácil, e, mesmo tendo defeitos, eles são tão maravilhosos... Mas infelizmente não existem no nosso mundo e é por isso que sou iludida ao mesmo tempo que sou desesperançada em termos de amor. E isso meio que explica o motivo de eu gostar de ler releituras, porque elas abastecem o meu lado romântico de ilusões que o mundo real não consegue suprir. Faz sentido? É, acho que não faz nenhum . Mas enfim, vamos ao livro...

 “Quando eu finalmente iria entender que, na vida real, a mocinha sofre o pão que o diabo amassou e nem sempre tem um final feliz?”

O Garoto dos Olhos Azuis é o primeiro livro da Trilogia Encantados da autora Raiza Varella e foi publicado pela Editora Pandorga já faz alguns anos e ano passado foi relançado com uma nova edição. Ele é um romance nacional que é uma releitura de A Bela Adormecida com uma pegada de chick-lit que te faz rir horrores e suspirar horrores também. Essa obra é narrada, principalmente (mas não unicamente, porque alguns capítulos são narrados por outro lindo, maravilhoso personagem também), pela protagonista Bárbara:
► Que é linda, loira, rica, e tem um ótimo emprego como advogada;
► Que foi perturbada pela avó desde sempre com histórias do cara perfeito e de não deixar o cavalo branco passar;
► Que sonha em se casar com o seu príncipe encantado desde criança, quando assistiu a cerimônia de um casamento pela primeira vez;
► E que, às vezes, ainda se lembra de um certo garoto de olhos azuis que a salvou de uma humilhação proporcionada por uma dessas vacas da vida, que mexeu muito com ela, com aqueles olhos da cor do céu, que por muito tempo ela acreditou ser seu príncipe encantado, mas o problema é que nunca mais o viu. Oh tristeza! 

“Na minha grande inocência, realmente não tinha como ficar pior, mas, como sempre demonstrava, o destino tinha algum problema pessoal comigo, e me provou como podia ser esperto e sacana quando queria.”

A Babi estava prestes a realizar o sonho de se casar, mas o cara, o Miguel, que ela achou que era o seu príncipe (já que o Garoto dos Olhos Azuis sumiu do mapa), na verdade era pior que um sapo, pois quando estavam no altar (sim, já estavam na frente do padre e tudo) ele resolveu abandoná-la e revelar que tem um caso com uma das melhores amigas dela. Traição dupla!  E desesperançada e com o coração partido ela resolve fugir de todo esse drama digno de novela mexicana e vai para a casa dos pais, com toda a família (mãe, pai, irmãos, avó...) tentando ajudá-la a superar essa decepção toda. Mas isso não ajudou tanto, então ela recebe um convite dos seus dois irmãos mais velhos e, depois de um tempo, vai morar com eles em seu apartamento para tentar colocar a cabeça no lugar e tal. Mas isso não deve ser fácil, porque os dois irmãos dela moram com outros dois caras. Imagine o desafio de morar com quatro caras! Imaginou errado, porque na verdade, não é um desafio muito grande, porque para um apartamento habitado só por homens é um lugar bem limpo e organizado. Surpresa!


“Só conquista a felicidade quem está disposto a arriscar.”

Os irmãos em questão são o Augusto, conhecido como Monstro e que é médico, e o Gustavo, vulgo Mala, que é engenheiro. E os outros dois caras que dividem o apartamento são o Bernardo, que é delegado, e o maravilhoso, lindo, apaixonante, amor da minha vida, Ian, que é o dono do apartamento e também é médico. Quando a Babi se encontra com o Ian, eles desenvolvem quase automaticamente uma relação de cão e gato, brigando até dizer chega. E como brinde a Bárbara ainda encontra uma nova melhor amiga, a Viviane, vulgo Barbie Malibu, que não mora no apartamento, mas é irmã do Ian, então sempre dá as caras por lá, principalmente agora que tem uma nova BFF .
Morando no apartamento, a Babi consegue aos poucos retomar a sua vida, com novos planos, com nossas amizades, com novas surpresas e talvez até com um novo amor... Mas para chegar ao seu “Felizes para Sempre”, ela vai ter que penar muito e ser forte para lidar com tudo que a espera, deixando as mágoas e desilusões de lado, sem deixar de ter o coração aberto e se permitir ser feliz.


“A questão é que toda mulher tem uma princesa dentro de si em algum lugar, tem algo de único e especial que apenas um homem vai enxergar.”

Eu amei os personagens desse livro, pelo menos a maior parte deles. A Bárbara é guerreira ao mesmo tempo que é covarde, é alegre, mas vive fazendo drama, fugindo, dando piti... Mas nenhuma mulher é perfeita, né? Então acabamos nos identificando muito com ela. Os irmãos da Babi, o Monstro (mais estressado e com um jeito todo bruto de ser) e o Mala (mais amigável e sensível), me deixaram um pouco triste pelo fato de não ter irmãos, eu amei a relação entre eles e a irmã mais nova, porque é do tipo que vão brigar, implicar um com um outro, mas sempre, SEMPRE, vão estar apoiando, protegendo... E eu sempre quis ter isso, mas nunca vou ter (vou chorar ali no canto ). A Vivi é uma melhor amiga que devia servir de exemplo para todas as melhores amigas do mundo, ela ilumina, ela encanta, ela alegra, ela apoia, ela consola, ela incentiva, ela aconselha... E ainda vem com um irmão maravilhoso a reboque! Preciso de uma Barbie Malibu, principalmente uma que venha acompanhada por um Ian, porque que ser apaixonante, meu bom Poseidon ! Lindo, loiro, médico, que toca violão e canta, com um sorriso capaz de derreter todas as geleiras da Antártida e com um olhar que faria qualquer uma tremer nas bases. Um ser fofo, protetor, carinhoso, cheio de amor ... Ah! Suspiros, suspiros e mais suspiros! 

  #AProcuradeumIan #IanEuTeAmo #CasaComigoIan  

“Nunca se ressinta, nunca desista. O cavalo branco só passa uma vez e não volta, mas não é tão fácil assim enxergá-lo.”

A Raiza Varella possui uma escrita bem fluída, que te faz grudar na história até te fazer esquecer que precisa dormir e que você tem uma vida. A narração é super envolvente, os personagens são encantadores... Mas eu não amei esse livro totalmente por um simples motivo: depois da metade do livro, algumas coisas eu senti que foram muito apressadas, pouco desenvolvidas, não vou dizer que foram totalmente desnecessárias, mas do jeito que estão trazem um excesso de drama que a obra não precisa, parecendo uma novela mexicana. Se o livro tivesse umas 700 páginas, melhorando o desenvolvimento dele como um todo, acho que ficaria muito melhor e não ficaríamos com a sensação de coisas jogadas na gente, sabe? Mas tirando isso, o livro é realmente muito bom .

“Quantas vezes um coração podia se partir?”

O Garoto dos Olhos Azuis é um livro sobre amor, perdão, amizade, família, superação e recomeços. Ele nos proporciona uma visão do amor nas mais diversas formas, nos fazendo rir, refletir, nos emocionar. Nos mostrando que o nosso príncipe encantado pode estar mais próximo do que imaginamos, e, mesmo se nunca o encontrarmos, ainda teremos o amor e carinho da nossa família e dos nossos amigos (de verdade) que podem ser tudo que precisamos para alcançarmos a felicidade, com o cavalo branco aparecendo ou não. Até! 


“Hoje eu percebo que é um grande erro criar as crianças para acreditarem no amor verdadeiro. A Disney deveria se envergonhar de vender a pobres almas ingênuas sonhos que não se concretizam na vida real. Hoje, eu mataria com minhas próprias mãos a Cinderela se tivesse a chance de encontrá-la passeando de abóbora; seguraria a cabeça da Ariel fora da água até ela sufocar, e riria até me dobrar se a Fera devorasse a Bela. Todos esses contos de fadas entorpeceram minha mente e me fizeram crer que, um dia, quando eu virasse a esquina, daria de cara com um príncipe montado em um cavalo branco. Se eu tivesse sorte, o cavalo teria asas e o cara me levaria para morar em seu castelo. Como hoje eu sei que as coisas mais inesperadas acontecem comigo, só posso rezar para não ser sequestrada e ser feita de refém por algum maluco que queira uma empregada doméstica que cobre pouco.”


Nota ::  

Informações Técnicas do livro

O Garoto dos Olhos Azuis
Trilogia Encantados # 1
Ano: 2016
Páginas: 376
Editora: Pandorga
Sinopse (Skoob):
O príncipe encantado existe?
Bárbara é linda, loira e bem-sucedida. Desde que assistiu a uma cerimônia de casamento pela primeira vez, ainda criança, seu sonho é apenas um: percorrer o tapete vermelho da igreja, vestida de noiva. Porém, contrariando todas as suas expectativas, ao ser abandonada no altar, a vida de Bárbara desmorona. Ela decide voltar à cidade natal e passa a viver com os irmãos e mais dois amigos. Todos homens. Com a ajuda de Vivian, uma espécie de Barbie Malibu, Bárbara tenta superar sua decepção amorosa recente e uma da adolescência, que volta com tudo à sua memória: o garoto dos olhos azuis. Será que o cavalo branco só passa uma vez? É isso que Bárbara vai descobrir com bom humor, jogo de cintura e uma pitada de neurose, em O Garoto dos Olhos Azuis, romance de estreia de Raiza Varella.

06 abril, 2017

Resenha :: Ozob - Vol.1: Protocolo Molotov

abril 06, 2017 0 Comentários

"Tudo que você mistura com vodca fica mais fraco que vodca."


Esse livro é baseado em um podcast de RPG de mesa, contando a história de um dos personagens, o Ozob, que resumindo, ele é um replicante (replicantes são humanos melhorados, mas com data de validade e que são proibidos na Terra), albino, palhaço (no sentido visual) e especialista em explosivos. E o livro tem dois autores: Leonel Caldela e Deive Pazos, também conhecido como Azaghal.

"Uma ideia é frágil. As corporações vão pisotear uma ideia até que morra. Ou até que se torne uma ideia completamente diferente, mais adequada aos interesses do mercado. Uma ideia não morre com um tiro, mas morre com indiferença."

O livro começa seis meses após o "nascimento" de Ozob, quando ele está fugindo de Blade Runners/Caçadores de Replicantes e pelo acaso acaba encontrando-se com uma banda punk enquanto a mesma está fazendo um show de guerrilha, os War Roadies, que são compostos por: Califórnia, especialista em computadores e a líder da banda; Johnny Molotov, o guitarrista e vocalista da banda; e Vivika, que é quem mantém todos eles vivos.

A história se desenrola entre o começo da vida de Ozob, com seus 3 "irmãos" e seu "pai" vivendo nas colônias, até o momento em que ele vem para a Terra e o presente, vivendo com os War Roadies.

“Você acha que me conhece? Tu não sabe a minha história e nunca olhou na minha cara, babaca!"

Agora é o momento em que você deve estar se perguntando: "Mas o que esse livro tem de mais?". 

Bom, vamos começar pela descrição. Pense em um autor que não poupa o leitor. Se você não pensou no Caldela, pensou errado. No livro temos: canibalismo, tortura, mutilação, pancadaria franca, uso de drogas, escravidão, cárcere privado, estupro, abuso mental e corporal, opressão capitalista a níveis inimagináveis e um sentimento de impotência. Isso é um resumo, as descrições são bem mais pesadas.

O livro é recheado de teorias das conspirações, como o McDonald's modificar a carne do hambúrguer para as pessoas ficarem viciadas nela e inchar os estômagos das pessoas para comerem cada vez mais lixo ou o Clube dos 27.

"Parecia estar chovendo, mas era só esgoto pingando do céu."

Existem várias referências à cultura punk rock, o nome de cada capítulo é o nome traduzido alguma música de bandas punks que fizeram sucesso, como Ramones, Sex Pistols, Bar Religion,  Dead Kennedys, L7 e mais uma porrada que não estou lembrando nesse momento.

Agora, a cereja do bolo, por favor leitor, inverta a palavra O-Z-O-B... É, Ozob, foi baseado no Bozo e seus irmãos também foram baseados em outros palhaços. Rizzo, um replicante que não sabe diferenciar a realidade de um jogo é baseado no Garoto Juca; Guzzo, Replicante trans, baseado na Vovó Mafalda, já que o sobre nome do ator que fazia a personagem, se chamava Guzzo; e Zatati Ratatá, gêmeos siameses, duas cabeças e três braços (imagine como preferir) grande vilão do passado de Ozob.

"Você estava sendo caçado só porque é pós-humano. A polícia corporativa matou e espancou aquelas pessoas porque estavam ouvindo e tocando música. Alguém tem que resistir a isso."

Se o livro vale a pena? É um dos meus livros favoritos, mas você precisa ter estômago para o que tem no livro, em vários momentos você sente um aperto no estômago, cada vez que o Ratatá aparece, ele consegue fazer você sentir tanta raiva que você começa a pensar com qual cabeça ia sofrer primeiro.

O Ozob é aquele tipo de herói (se é que podemos chamar ele assim) que se tiver um bloqueio em seu caminho, ele explode o caminho e segue pela cratera. Os personagens são todos incríveis. Vivika, apesar de não ter muito destaque, quando entra em ação, você sabe que vai vir cena boa (é uma ex-soldada geneticamente modificada que tem garras e moikano de mercúrio) e não tenho palavras para descrever Califórnia.

Então eu recomendo sim, ele tem uma ótima historia, personagens fortíssimos e para quem gosta de sofrer, vai amar ele.
"Beija meu nariz, desgraçado!"



P.S. Confira agora a playlist que os autores fizeram para o livro, apenas com músicas punk, que combina muito com os momentos de ação, ou seja, combina no livro todo.






Nota :: 

Informações Técnicas do livro

Ozob - Vol.1: Protocolo Molotov
Ozob # 1
Ano: 2015
Páginas: 420
Editora: Nerdbooks
Sinopse (Skoob):
O futuro chegou. E é pior do que os nossos pesadelos.
O século 22 é uma época escura, feita de cibernética, inteligências artificiais, megacorporações que controlam os governos, redes sociais onipresentes, gangues e violência. No centro de tudo, uma metrópole se ergue em plataformas sucessivas, com prédios que se elevam acima das nuvens.
Construída sobre o que já foi Nova York, Delta City abriga as maiores corporações e milhões de habitantes. Mas, nas ruas sob as plataformas, a Cidade Baixa é o lar de criminosos, miseráveis e escória. O lar de Ozob.
Ozob, um construto genético encomendado por uma corporação, feito à imagem da mente insana de seu criador. Perseguido por seus irmãos sanguinários, só tem mais dois anos de vida. Para ele, nenhum minuto pode ser desperdiçado.

04 abril, 2017

Resenha :: Os Pássaros (The Birds)

abril 04, 2017 23 Comentários

ATENÇÃO: Este livro não foi a inspiração para o filme de mesmo nome produzido por Alfred Hitchcock. Segundo o cineasta, sua inspiração para o filme veio de um conto de mesmo nome escrito por Daphne Du Maurier, embora existam semelhanças com o livro de Baker.

Publicado originalmente em 1936, teve uma tiragem pequena (cerca de 300 exemplares que são raros hoje em dia). Em 1964, aproveitando o sucesso do filme de mesmo nome de Alfred Hitchcock, o livro foi republicado pela editora Panther. Nesta nova edição, o texto foi revisado pelo autor que fez exclusões, correções e inserções no texto em seu livro original, entretanto, a Panther incorporou uma pequena porcentagem destas melhorias feitas por Baker. A edição da Valancourt Books foi a utilizada pela editora DarkSide Books para esta publicação, uma vez que esta contou com as melhorias feitas pelo autor (essas revisões não se referem a história do livro, mas sim à gramática, algumas passagens foram encurtadas e outras removidas de forma a tornar a leitura mais prazerosa).

No prefácio do livro temos Anna, a filha do protagonista, que conta como seu pai repetia por diversas vezes a frase “Antes da chegada dos pássaros” ela teve sua curiosidade incendiada para descobrir esse mundo em que ele viveu e ela não, e o pede por diversas vezes para que a conte a história, mas ele sempre se nega. Anos depois, Anna o pede para contar a história dos pássaros, e ele finalmente concorda desde que ela anote tudo o que ele tem a dizer.

Através da descrição detalhista de Baker conseguimos ter um retrato de Londres nos anos 30, com seus dias nublados, a correria de uma cidade grande, a certa facilidade em que as pessoas lidavam com a época pré-guerra, os preconceitos da sociedade, as angústias dos jovens, entre outros detalhes. A narrativa do livro é feita com as lembranças do personagem, a forma que a abordagem foi feita é interessante e o texto é rico, mas pela falta de acontecimentos em determinados pontos, o livro pode se tornar cansativo para alguns leitores.

Uma das coisas que me chamou a atenção foi o relacionamento do narrador, que nada mais é do que o alter ego do próprio autor, com sua mãe. Vemos o carinho, a delicadeza, a amizade, o amor e o afeto em todas as passagens referentes à mãe do personagem, como ela é luz na vida dele, mas que, por muitas vezes, todo esse afeto e admiração não eram ditos, como consta no trecho destacado abaixo. Essas passagens do livro me fizeram refletir diversas vezes, e me lembrar de dizer ás pessoas que as amo e me importo com elas, e demonstrar com mais frequência.

“Não acredito que houve uma única coisa que fiz, uma única emoção que senti, que ela não tenha sentido profundamente. E eu retribuí, muitas vezes, com aquele tratamento casual que os filhos são capazes de dar às suas mães, aceitando-a como parte de minha vida, mas raramente declarando minha gratidão com os lábios” (p.58)

Os pássaros são alegorias que aparecem durante o livro, a descrição feita pelo autor é detalhista e maravilhosa, foi realmente de tirar o fôlego, tive a curiosidade de pesquisar algumas espécies de aves citadas para ajudar na hora de criar uma imagem mental (um ponto positivo a meu ver, adoro livros que me fazem querer ir além do texto). Os pássaros são uma incógnita do início ao fim, assim como seu aparecimento, seu comportamento e suas mudanças ao longo das páginas. O clima de tensão paira sobre a cidade, tornando os personagens paranoicos e beirando a loucura em determinados momentos, tornando nestes pontos a leitura bem instigante.

Baker traz uma série de conflitos existenciais ao longo do livro, como por exemplo, o trabalho enfadonho, a solidão, a melancolia, o amor, a relação com sua mãe, a questão da sexualidade (tratada como um tabu até hoje), entre outros. Os pássaros nada mais são do que uma metáfora, sobre nossos conflitos internos, nossos medos, inseguranças. Cabe aqui uma reflexão: Será que sua vinda representaria um novo começo? 

“E, por um instante, eu não sabia se desejava viver; pensei que ser esmagado até a morte pudesse ter sido melhor para mim do que me encontrar vivendo neste mundo agonizante.” (p.270)

A leitura deste romance apocalíptico pode ser lenta em alguns pontos, como citado anteriormente, mas sua sequência final é instigante ao ponto de você não querer largar o livro! É muito interessante ver também como era a Londres de meados de 1930 e comparar com o mundo atual, a sociedade, nossos conflitos, etc.

Esta edição da Darkside Books é uma obra de arte, não somente pelo design da capa e sua diagramação, mas também pelos detalhes internos nas páginas do livro, as laterais negras das páginas que dão um charme a mais, e também algumas ilustrações que aparecem ao longo do livro. Um ponto negativo, em minha opinião, são os capítulos longos.

Ouvi um barulho... Serão os pássaros em minha janela? 

Nota ::  

Informações Técnicas do livro

Os Pássaros
Frank Baker
Ano: 2016
Páginas: 304
Editora: DarkSide® Books
 
Sinopse (Skoob):
Você conhece o filme. É um dos maiores clássicos de Alfred Hitchcock, de 1963. Nos créditos, consta que a história é baseada no conto “Os Pássaros”, de Daphne du Marier, escritora que o mestre do suspense já havia adaptado antes. Quase trinta anos após seu lançamento, o romance de Frank Baker ganharia repercussão quando o autor ameaçou processar Hitchcock e Daphne Du Maurier. Para deixar essa estranha coincidência com ares de plano macabro: Daphne era prima do antigo editor de Frank Baker, o inglês Peter Davies, e chegou a trabalhar com o parente.
Pássaros. Milhares, talvez milhões, sobrevoam Londres, de forma aparentemente inexplicável e sem sentido, onde parecem observar os habitantes da capital, que os consideram divertidos, se tanto um pouco estranhos. Enquanto as pessoas ainda tentavam entender o que faziam ali, eles começam a atacar, ferindo e até mesmo matando com tremenda brutalidade e violência. Seriam eles uma força da natureza ou uma manifestação sobrenatural? Ninguém sabe. A única certeza é que o objetivo dos pássaros é a destruição da humanidade e ninguém tem ideia de como impedi-los...
No ano em que se celebra os 80 anos da primeira edição, a DarkSide® Books orgulhosamente apresenta o livro Os Pássaros para todos os leitores e cinéfilos brasileiros apaixonados por um bom susto, um retrato sombrio e acurado de uma Londres pré-Guerra, como se Baker conseguisse vislumbrar o futuro próximo de terror e feitos inomináveis apresentado pela Segunda Guerra Mundial.

23 março, 2017

Resenha :: Lugar Nenhum (Neverwhere)

março 23, 2017 0 Comentários


“Mas não se pode nunca assumir... que só porque algo é engraçado, não vá ser perigoso também.”


Esse era um livro que eu estava querendo ler a muito tempo, por ser do Neil Gaiman e ter uma premissa que eu nunca tinha imaginado, que é uma pessoa comum, distraída e cheia de problemas. Acaba se encontrando em uma situação em que ela não existe mais, mas sempre apareceu alguma promoção e acabei deixando de lado, até que minha linda amiga devoradora de livros me deu de presente .

Quando falamos de fantasia nós sempre pensamos nos escolhidos e em personagens que no começo da história são fracos e de coração grande, no final fica extremamente fortes ,treinam com um ancião renegado ou o melhor mestre que já existiu e o protagonista acaba o superando e derrotando alguma entidade cósmica que trás o fim do tempos ou algum outro aprendiz rebelde. Mas isso não é algo que espero dos livros do Neil Gaiman, ele sempre coloca pessoas normais em situações extraordinárias ou malucas dependendo do ponto de vista.

“Mas talvez exista uma resposta para nossas questões, uma chave para nossos problemas.”

Richard Mayhew é um irlandês que está pra ir para Londres a trabalho e seus amigos estão dando uma festa de despedida, quando ele acaba encontrando uma senhora misteriosa que após ler sua mão faz uma profecia (aprendi nos meus pequenos estudos sobre mitologia que profecia nunca é coisa boa, sempre é o filho que vai matar o pai e só traz sofrimento e desgaste), ele não se importa muito e a vida segue. Em Londres ele conhece uma moça chamada Jessica, uma mulher de classe, refinada e MUITO exigente, que acaba virando sua noiva. 

Certa noite, Richard acaba ajudando uma moça que estava gravemente ferida que diz estar sendo perseguida por assassinos. A pedido dessa moça ele procura o maravilho golpista De Carábas, o vigarista mais carismático que existe, o que De Carábas não sabe ele pode descobrir com alguns favorzinhos e se precisar de sua ajuda dele, não de um favor como pagamento (ele vai cobrar). 

Depois que De Carábas vai embora com ela se desculpando ("desculpa qualquer coisa" é porque a pessoa aprontou um monte na sua casa, OPEN YOUR EYES).

Richard acaba deixando de existir para todas as pessoas ao seu redor transformando sua vida em uma loucura sem fim, onde ele descobre que existe uma cidade em baixo da cidade, escuridão sólida, vagões de trem gigantescos por dentro, uma feira onde se vende de tudo, ratos reis e muitas, MAS MUITAS, portas ou talvez nem tantas?

“Os problemas são covardes: nunca acontecem sozinhos, sempre andam em bandos e se jogam todos ao mesmo tempo em cima da vítima.”

O livro mostra um pouco da história de Londres e como sempre somos obrigados a escolher; escolher acreditar ou não; escolher aceitar ou recusar; escolher ficar ou escolher ir. Ele fala sobre a monotonia da vida, que nem tudo o que queremos é o que queremos de verdade e como a realidade é relativa para cada pessoa. Um livro excelente para quem AMA fantasia, gosta de algumas reflexões sobre a vida ou para quem gosta de Neil Gaiman é indispensável.

Quem aí tá a fim de ir comigo até o mercado flutuante pra comprar uns perdidos?


“Sempre fui da opinião de que a violência é o último recurso dos incompetentes e de que ameaças vazias são o santuário final dos ineptos.”

Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Lugar Nenhum
Ano: 2016
Páginas: 336
Editora: Intrínseca
Sinopse (Skoob)
Primeiro romance de Neil Gaiman é relançado no Brasil com conteúdo extra, em Edição Preferida do Autor.
Publicado pela primeira vez em 1997, a partir do roteiro para uma série de TV, o sombrio e hipnótico Lugar Nenhum, primeiro romance de Neil Gaiman, anunciou a chegada de um grande nome da literatura contemporânea e se tornou um marco da fantasia urbana. Ao longo dos anos, diferentes versões foram publicadas nos Estados Unidos e na Inglaterra, e Neil Gaiman elaborou, a partir desse material, um texto que viesse a ser definitivo: esta edição preferida do autor.
Em Lugar Nenhum, Richard Mayhew é um homem simples de coração bom que tem a vida transformada quando ajuda uma jovem que encontra ferida numa calçada. De um dia para o outro, Richard se torna invisível na Londres que sempre conheceu: não tem mais trabalho, não tem mais noiva, não tem mais casa. Para recuperar sua vida, ele se embrenha em um mundo que nunca sonhou existir, uma cidade que se abre nos esgotos e nos túneis subterrâneos: a chamada Londres de Baixo, em que personagens únicos e cenários mirabolantes fazem a Londres de Cima parecer uma mera paisagem cinza.
Com muita ação, um bom humor peculiar e evocações sombrias de um mundo fantástico, Lugar Nenhum é leitura indispensável para os fãs de Neil Gaiman e um rico prazer para os que ainda não conhecem o autor.