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08 agosto, 2017

Resenha :: O Ceifador (Scythe)

agosto 08, 2017 1 Comentários

“O Ceifador” foi um livro que me chamou a atenção pela sinopse desde quando o vi pela primeira vez, achei bem interessante a ideia e fiquei curiosa em ver como seria trabalhada, quando o Samuel propôs a leitura coletiva, me joguei hahaha.

A história do livro se passa em um mundo “utópico” onde não há velhice, corrupção, desemprego, fome, doenças e outras mazelas, e também não há a morte, na verdade esta existe mas não dá forma que conhecemos! A primeira pergunta que nos vem a cabeça ao ler isto é: “Mas se não há morte e a população cresce exponencialmente, como eles irão fazer para manter a qualidade de vida de todos com recursos escassos?”, e é por este motivo que existem os Ceifadores, eles funcionam como uma espécie de órgão regulador, recebem a quantidade de coletas que devem fazer e devem seguir alguns parâmetros para isso ou podem sofrer punições (as coletas são um eufemismo para matar, elas são a morte como conhecemos).

Os Ceifadores fazem parte da “Ceifa” que é comandada pelo Alto Punhal, o cargo mais alto entre eles. Como é de se esperar, onde não há a jurisdição da Nimbo-Cúmulo (Sim, a nuvem que temos hoje em nossos computadores evoluiu e regula a humanidade no futuro, pegaram a referência aqui?) teremos intrigas, corrupção, conspirações, jogos de poder e etc.

“Não há outro lugar para ir, os desastres nas colônias da Lua e de Marte são prova disso. Temos um mundo muito limitado e, embora a morte tenha sido derrotada tão completamente quanto a poliomielite, as pessoas ainda precisam morrer. Antes, o fim da vida humana ficava nas mãos da natureza. Mas nós a roubamos. Agora temos o monopólio da morte. Somos seu único fornecedor.” – Diário de coleta da Ceifadora Curie

Um dos ceifadores, o honorável Ceifador Faraday, em um determinado momento de sua vida decidiu ter dois aprendizes e, para tal cargo, escolheu os jovens Citra Terranova e Rowan Damisch. Entretanto, essa ação não passará despercebida pela Ceifa (o costume era de que cada Ceifador tivesse um aprendiz por vez) e terá algumas consequências...

O livro é narrado em terceira pessoa, mesclando capítulos com a visão de Rowan e Citra, aos poucos o vínculo entre os personagens vai sendo criado e é bem explorado, outros personagens são integrados a trama e isso aumenta sua densidade e complexidade, algo que me agradou (e muito). Ao final de cada capítulo há o trecho do diário de um dos Ceifadores, o que nos permite conhecer ainda mais os personagens, suas indagações, medos, reflexões e crenças.

“Longe de mim querer o retorno da criminalidade, mas me aborrece o fato de nós, Ceifadores, sermos os únicos provedores do medo. Seria bom ter concorrentes.” – Diário de coleta da Ceifadora Curie

“O Ceifador” não me cativou logo de cara, confesso que achei a primeira parte do livro um tanto chata, algumas pessoas compartilharam deste sentimento durante a leitura coletiva, mas seguimos em frente... E a partir da segunda parte, o ritmo do livro muda e a leitura se torna mais leve e fluida. Fiquei cativada pelos personagens, sobretudo Rowan e o Ceifador Faraday, gostei da forma que a história foi sendo conduzida ao longo do livro, suas reviravoltas, os questionamentos levantados e, claro, as críticas que o autor fez à sociedade atual. Como li o livro em e-Book, desta vez não terei como orientar em relação a diagramação, folha utilizada, tamanho de letra, entre outros aspectos.

Esta foi a primeira leitura coletiva que participei este ano, e gostei MUITO da experiência, quero deixar aqui meu agradecimento ao Samuel pelo convite e a Elisabete Finco pelo incentivo e apoio de sempre! ♥ 

E vocês, já participaram de alguma leitura coletiva? O que acharam? Contem um pouquinho das suas experiências!

Nota :: 

Informações Técnicas do livro

O Ceifador
Scythe # 1
Ano: 2017
Páginas: 448
Editora: Seguinte
 
Sinopse (Skoob):
Primeiro mandamento: matarás.
A humanidade venceu todas as barreiras: fome, doenças, guerras, miséria... Até mesmo a morte. Agora os ceifadores são os únicos que podem pôr fim a uma vida, impedindo que o crescimento populacional vá além do limite e a Terra deixe de comportar a população por toda a eternidade. Citra e Rowan são adolescentes escolhidos como aprendizes de ceifador - papel que nenhum dos dois quer desempenhar. Para receberem o anel e o manto da Ceifa, os adolescentes precisam dominar a arte da coleta, ou seja, precisam aprender a matar. Porém, se falharem em sua missão ou se a cumplicidade no treinamento se tornar algo mais, podem colocar a própria vida em risco.

14 junho, 2017

Resenha :: A Rainha de Tearling (The Queen of Tearling)

junho 14, 2017 2 Comentários

“Oh, Tearling, oh, Tearling. Os anos que presenciaste. Tua paciência, tua tristeza. Clamando por uma rainha.”

Antes de tudo, tenho que dizer que esse livro me perseguiu até eu o ler. Sem brincadeira, acredite em mim. Vou explicar .

Certo dia estava eu gastando meu tempo diário no Skoob (entro todos os dias mesmo não tendo nada para fazer lá), quando vi a capa de A Rainha de Tearling, gostei dela, mas nem li a sinopse e saí. Pouco tempo mais tarde estava eu no Instagram olhando fotos alheias, quando vi novamente a capa de A Rainha de Tearling, fiquei tentada a saber mais sobre esse livro dessa vez, mas me controlei. Nesse mesmo dia, estava eu no Facebook fazendo Deus sabe o que, quando vi a capa de A Rainha de Tearling DE NOVO. Considerei isso um sinal. Voltei no Skoob, li a sinopse, gostei, e adicionei a lista de livros a serem lidos em um futuro remoto, por ser o primeiro livro de uma trilogia e ter sido lançado só esse ano e os outros só existindo lá fora e, bom, tento evitar sagas incompletas (ok, quase nunca consigo, mas o que vale é a intenção ), e eu estava bem com isso. Mas aí, lá estava eu procurando promoções de livros em lojas online (não que fosse comprar algum, mas gosto de me torturar), quando... Adivinhe o que vejo? Sim, A Rainha de Tearling! E isso se repetiu em duas lojas diferentes. Era perseguição! Então, como ser fraco que sou, resolvi lê-lo assim que pude (faz algumas semanas). E ele me surpreendeu. Positivamente. 

“Apenas fazemos o melhor que podemos quando o fato já está consumado.”

A Rainha de Tearling é o primeiro livro de uma trilogia distópica, mas que ainda assim tem ares de fantasia medieval, da autora Erika Johansen e foi publicado recentemente na nossa terrinha pela Suma de Letras (acho que essa é a primeira trilogia/saga que eu leio dessa editora, espero que ela não me torture muito demorando para lançar os próximos livros ).

Como é uma distopia, a história se passa no futuro, em um Novo Mundo, mas muitos conhecimentos sobre medicina, tecnologia... se perderam. Então tudo no Reino de Tearling começou praticamente do zero, fazendo essa distopia lembrar uma saga de fantasia medieval, com magia e tudo. É bem legal ler sobre um mundo onde não existe tecnologia e nem nada, mas que alguns poucos livros na nossa época, como os da J. K. Rowling, ainda existem (mesmo sendo raros). É como se fosse um mundo novo, mas que tem coisas que conhecemos. E como é um livro bem introdutório para esse mundo, é um pouco maçante em algumas partes, mas ao decorrer do livro, a história vai evoluindo e vai nos prendendo.

“Pessoas que cometem erros não costumam sobreviver a eles.”

O livro é narrado em terceira pessoa por diversos pontos de vista, um deles, principalmente, é o da nossa (maravilhosa) protagonista Kelsea, que é uma princesa que foi escondida de tudo e praticamente todos após a morte da mãe, a Rainha Elyssa, para a sua proteção até ela ter idade para governar o seu reino, o Reino de Tearling. Ela foi criada no meio do nada, longe da civilização, perto de florestas, tendo como companhia apenas os seus “pais adotivos” e os livros da biblioteca de sua cabana, sendo treinada para ser uma rainha, mas não no quesito etiqueta, como usar roupas bonitas, como ser bonita. Ela não foi criada para ser uma rainha fútil, mas para ser uma rainha guerreira e justa.

Após fazer dezenove anos, alguns membros da antiga Guarda da Rainha aparecem no seu esconderijo para enfim leva-la para assumir o seu trono de direito, mas até conseguir colocar a coroa na cabeça, ela passa por dificuldades, pessoas que não querem que ela ascenda ao trono (inclusive, o seu tio, o regente) fazem de tudo para ela não chegue ao seu destino, a fortaleza real. Perseguições, lutas e mortes acontecem. E enquanto ela luta para assumir seu trono e quando finalmente chega à fortaleza real, Kelsea vai descobrindo que ser rainha vai exigir ainda mais do que aprendeu em suas aulas, principalmente porque ninguém conta a ela o que aconteceu no passado, não contam como sua mãe era como rainha, como anda o reino... E a cada segredo que vai desvendando por conta própria, ela percebe que os sonhos que tinha de herdar um reino lindo e feliz, podem não passar de sonhos. O seu reino sofre e mesmo se sentindo insegura e despreparada, a nossa protagonista tem que aprender como funciona a sua corte, tomar decisões que podem levar ou não seu reino a guerra, ao mesmo tempo em que precisa conquistar o amor e respeito de seu reino e de seus guardas, mostrando que não é a princesinha mimada e pamonha que acham que ela é, mas uma rainha forte que ama o seu reino e que fará de tudo para defendê-lo.

“E se a verdade não for algo que você queira ouvir?”

A Kelsea é uma das melhores protagonistas femininas de distopias que já li. Ela é uma personagem forte, corajosa, que não deixa as inseguranças dela a intimidarem. Ela tem garra, é madura para a pouca idade que tem e foge dos padrões normalmente encontrados em livros de fantasia e distopias. Ela não tem um corpo escultural, nem uma beleza que faz os caras quebrarem o pescoço enquanto passa, não é magrela e nem nada disso. Ela pode ser igual a resenhista aqui, na verdade . Ela é morena, gordinha, não enxerga muito bem, gosta de ler e de comer... Ela é comum. E mesmo sendo comum, ela é maravilhosa, mostrando que o que importa é o interior (frase clichê, eu sei). E mesmo sendo criada longe de tudo, ela não fica choramingando, ela vai lá e aprende. E o engraçado é que como ela não teve muito contato com homens durante a vida, ela acha todos lindos, aí enquanto eu lia, eu não sabia se era só impressão dela, ou os caras são todos maravilhosos naquele reino e eu devia fazer uma mala e mudar para lá.

E fora a Kelsea, A Rainha de Tearling conta com muitos outros personagens muito bons e marcantes, como os membros da Guarda da Rainha e alguns outros. Mas o mais chocante em relação aos personagens é que pela primeira vez em livros de distopia ou fantasia medieval eu não me apaixonei perdidamente por um guri do livro. Sério, eu sempre me apaixono por algum e nesse livro isso não aconteceu. Claro, que admiro alguns personagens e que alguns me cativaram, mas nenhum despertou um amor grande e tal, até porque quase não existe romance nessa obra. O amor desse livro, não é sobre uma guria e um guri, um amor de "amantes", na verdade é sobre o amor de uma Rainha por seu reino e do amor do reino pela rainha. E eu amei isso . 

“O mundo é um lugar perigoso demais para dormir.”

A Erika Johansen criou um mundo que nos surpreende e nos conquista, um mundo mágico que promete muito para os próximos livros, com uma escrita que te prende muito depois que a leitura engata, nos presenteando com uma protagonista feminina admirável, que nos mostra que podemos ter fraquezas e mesmo assim sermos fortes, que podemos ser justos sem deixar de ter compaixão e amor. E sim, eu mais que indico esse livro. E agora o que me resta, é esperar pelos próximos livros com as expectativas lá nas alturas. 

“A marca do verdadeiro herói é que a mais heroica de suas proezas é feita em segredo. Nunca ficamos sabendo dela. Contudo, meus amigos, de algum modo sabemos.”


Nota ::  

Informações Técnicas do livro

A Rainha de Tearling
A Rainha de Tearling # 1
Ano: 2017
Páginas: 352
Editora: Suma de Letras
 
Sinopse (Skoob):
Quando a rainha Elyssa morre, a princesa Kelsea é levada para um esconderijo, onde é criada em uma cabana isolada, longe das confusões políticas e da história infeliz de Tearling, o reino que está destinada a governar. Dezenove anos depois, os membros remanescentes da Guarda da Rainha aparecem para levar a princesa de volta ao trono – mas o que Kelsea descobre ao chegar é que a fortaleza real está cercada de inimigos e nobres corruptos que adorariam vê-la morta. Mesmo sendo a rainha de direito e estando de posse da safira Tear – uma joia de imenso poder –, Kelsea nunca se sentiu mais insegura e despreparada para governar. Em seu desespero para conseguir justiça para um povo oprimido há décadas, ela desperta a fúria da Rainha Vermelha, uma poderosa feiticeira que comanda o reino vizinho, Mortmesne. Mas Kelsea é determinada e se torna cada dia mais experiente em navegar as políticas perigosas da corte. Sua jornada para salvar o reino e se tornar a rainha que deseja ser está apenas começando. Muitos mistérios, intrigas e batalhas virão antes que seu governo se torne uma lenda... ou uma tragédia.

09 março, 2017

Resenha :: A Rainha Vermelha (Red Queen)

março 09, 2017 2 Comentários

"Este mundo é tão perigoso quanto belo. Quem não é útil, quem comete erros, pode ser descartado."

Torci o nariz pra este livro, não sei exatamente o porquê, talvez porque foi a minha amiga que já me recomendou livros que não curti muito, mas decidi dar uma chance, já que se tratava de uma distopia e um povo com poderes.

"Todo mundo pode trair todo mundo."

A sociedade do livro é dividida em duas classes: prateados e vermelhos. Os vermelhos são as pessoas comuns, geralmente operários ou buchas de canhão em guerras. Os prateados governam o país e respondem a um rei igualmente prateado, são super humanos e geralmente seus poderes são passados de geração em geração, seguindo o DNA do pai.

A História é narrada pela personagem principal Mare Barrow, uma vermelha que vive de bater carteira. A história começa com Mare sendo obrigada a ir com outros vermelhos para uma espécie de coliseu, no caminho ela encontra com seu amigo Kilorn Warren, outro vermelho, aprendiz de pescador (uma das maneiras de se salvar da guerra é arrumar um emprego). O coliseu é usado apenas por lutadores prateados e ele serve para mostrar sua superioridade aos vermelhos, onde eles podem se exibir enquanto destroem seu adversário e são glorificados por isso.

Após o coliseu, Mare volta para casa, onde mora com seu pai Daniel, sua mãe Ruth e sua irmã Gisa (que é aprendiz de costureira). Na mesma noite Kilorn pede ajuda a Mare para fugirem, eles acham uma pessoa que está disposta a ajudar por um preço um tanto alto. Mare acaba sendo pega roubando por uma pessoa que está disposta a ajudar dando-lhe um emprego e assim acaba descobrindo que tem um poder mesmo sendo uma vermelha.

Eu comecei gostando muito do livro, ele consegue passar bem a repressão dos prateados em cima dos vermelhos e até senti uma revolta pela impotência dos vermelhos, mas depois ele vai decaindo, a Mare vai se tornando hipócrita e acabei achando a história bem previsível.

Para quem gosta de distopia é uma boa escolha, para quem gosta de seres super poderosos é uma excelente escolha, mas para quem gosta de uma boa história, com reviravoltas e conflitos políticos, é uma escolha bem fraca.

"Você é a mudança controlada, do tipo em que as pessoas podem confiar. Você é a chama lenta que pode dissipar uma revolução com um punhado de discursos e sorrisos."


Nota :: 

Informações Técnicas do livro

A Rainha Vermelha
A Rainha Vermelha #1
Ano: 2015
Páginas: 422
Editora: Seguinte
 
Sinopse (Skoob):
O mundo de Mare Barrow é dividido pelo sangue: vermelho ou prateado. Mare e sua família são vermelhos: plebeus, humildes, destinados a servir uma elite prateada cujos poderes sobrenaturais os tornam quase deuses.
Mare rouba o que pode para ajudar sua família a sobreviver e não tem esperanças de escapar do vilarejo miserável onde mora. Entretanto, numa reviravolta do destino, ela consegue um emprego no palácio real, onde, em frente ao rei e a toda a nobreza, descobre que tem um poder misterioso Mas como isso seria possível, se seu sangue é vermelho?
Em meio às intrigas dos nobres prateados, as ações da garota vão desencadear uma dança violenta e fatal, que colocará príncipe contra príncipe - e Mare contra seu próprio coração.

15 novembro, 2016

Resenha :: Imperfeitos (Flawed # 1)

novembro 15, 2016 0 Comentários

... Entendo agora por que as pessoas leem, por que se perdem na vida de outra pessoa. Às vezes leio uma frase e ela me faz pular, me abala, porque é algo que senti recentemente, mas nunca disse em voz alta. Quero entrar na página e dizer aos personagens que os entendo, que eles não estão sozinhos, que eu não estou sozinha, que está tudo bem em se sentir assim.

Antes de tudo você precisa saber de três coisas sobre mim:
1) A Cecelia Ahern é uma das minhas autoras favoritas ;
2) Amo distopias (por mais que não tenha resenhado nenhuma antes); e
3) Costumo gostar mais de livros com uma pegada mais jovem, juvenil, do que adulta (porque mentalmente eu devo ser uma criança de 10 anos e não uma anciã de 21).

Por que você precisa saber disso? Porque Imperfeitos é uma distopia mais juvenil e foi escrito pela Cecelia Ahern. Consegue imaginar o quanto pirei ao saber que esse livro existiria? O quanto amei ter a chance de ler a mistura de três coisas que amo? Espero que sim, porque não consigo explicar mais do que isso. Eu queria ter lido logo quando que foi lançado, mas sabe como é, a vida nem sempre é sobre o que queremos, é sobre o que podemos.

Se você comete um erro, aprende com ele. Se nunca comete nenhum erro, jamais será uma pessoa sábia... Quanto mais erros você comete, mais você aprende.

Caso você não saiba, a Cecelia Ahern normalmente escreve drama e romance, porém ela resolveu se aventurar em terras distópicas e devo dizer que foi uma boa aventura, não vou dizer que é a melhor distopia que já li, mas ela começou bem, foi uma boa introdução para esse seu mundo “perfeito”. 

Imperfeitos não chega a ser do tipo “Nossaaaa que livro mais incrível”, porque não é, mas é um livro ok, com alguns clichês, porém com um bom enredo, uma boa narração, um bom contexto, boas lições, boas críticas. O problema é que sinto que podia ser melhor (ou talvez seja apenas a revolta de ter de esperar pela continuação, odeio esperar, mas a culpa foi minha que quis ler logo o primeiro livro, bem feito para mim). Acho que o fato de ser algo que envolve uma autora que amo escrevendo em um gênero que amo pela primeira vez, me fez esperar muito desse livro e como sempre me frustrei por criar expectativas demais. E não, o livro não é ruim, longe disso, eu só esperava mais .

A ignorância é uma bênção. O conhecimento é geralmente uma responsabilidade que ninguém quer.

A Cecelia criou uma sociedade que rejeita a “imperfeição”, uma sociedade onde você não pode tomar decisões erradas, não pode fazer escolhas erradas, onde não interessa se você erra de propósito ou não, se “errou” você será julgado como “imperfeito”.

É uma sociedade que não admite falhas, onde você não aprende com os seus erros, porque simplesmente nem pode chegar a cometê-los. Se chegar a cometer algum erro, seja ético, moral, ou algo que julguem como “errado” (não atos ilegais; crimes e “falhas” são coisas diferentes e são tratados como tal), será julgado como “imperfeito” (tem até um Tribunal próprio para isso, com juízes, advogados... que dita as regras para a “vida perfeita”). E se te considerarem imperfeito você será desvalorizado, punido, será tratado como lixo, será tratado como se tivesse uma doença contagiosa, será odiado e não será digno de compaixão.

E ainda terá que seguir muitas regras, como toque de recolher, ter uma alimentação mais simples, andar com uma braçadeira vermelha com a letra “I” no corpo mostrando para todos que é imperfeito... E você também é marcado na pele como se fosse um boi, uma vaca (sim, essa sociedade te marca como gado, como um animal). Você é marcado a ferro quente com a marca dos imperfeitos, o “I”. E a localização dessa marca depende do seu erro. Se você for considerado como desleal ao “Tribunal” (quem faz as regras e julga os imperfeitos) é marcado no peito, sobre o coração; se não seguir as regras da sociedade é marcado na sola do pé; se roubar algo da sociedade, se trapacear é marcado na palma da mão; se você mentir é marcado na língua; e se tomar decisões ruins é marcado na têmpora. Assim quem olhar para você saberá que tipo de erro cometeu e te julgará por ele.

Descobri que as pessoas não são cruéis. A maioria não é... Mas as pessoas têm um forte instinto de autopreservação. Se algo não as afeta diretamente, elas não se envolvem.

Imperfeitos é narrado pela jovem de 17 anos, Celestine North, que é uma garota de lógica, de preto no branco, de definições; é uma garota perfeita, é boa filha, boa aluna, boa namorada, boa cidadã, uma guria que segue as regras, que considera o sistema justo, e que julga, é preconceituosa com quem não é perfeito... Resumindo, ela “não erra”, é “perfeita” e não costuma questionar se a sociedade é justa ou não.

Até que um dia, após um acontecimento ela começa a questionar as decisões do sistema, ela age por impulso, movida por compaixão, e toma uma atitude que não é permitida, uma atitude que consideram um erro. E a partir daí a sua vida “perfeita” muda e ela começa a perceber que o sistema não é tão perfeito assim, que nem tudo é preto no branco, que muitas vezes é cinza ou colorido; que injustiças podem ser cometidas, que até pessoas consideradas “perfeitas” podem ser corruptas, movidas pelo próprio interesse.

Aquilo que você viu, está visto. Aquilo que você ouviu nunca mais poderá não ter sido ouvido. Eu sei, lá no fundo, que esta noite aprendi algo que não pode ser desaprendido. E esta parte do meu mundo que foi alterada nunca mais será a mesma.

O livro tem outros personagens importantes para a história, mas vou focar apenas na protagonista, para não sair falando tudo o que penso (já estou falando muito). E, no começo do livro, ela é meio chatinha com essa coisa de ser “perfeita”, mas cresce e evolui bastante durante a obra, meio que sendo forte e corajosa ao mesmo tempo em que é fraca e covarde, não sabendo exatamente o que fazer (ela é meio confusa até quando fala dos guris do livro, mas deixa isso para lá), ou sabia e eu que não previa o que ela ia fazer, sei lá, só sei que aguardo ansiosamente pela continuação para saber as suas próximas atitudes e decisões.

Quando se está no fundo do poço, as vitórias são pequenas. Mas existem, apesar de tudo. Você só tem que saber distingui-las, as porçõezinhas de luz e esperança ocultas na escuridão.

Imperfeitos por mais que seja ficção nos faz questionar a nossa realidade, porque vivemos em uma sociedade que vive apontando o dedo, que nos julga por qualquer falha, por qualquer erro que cometemos, por qualquer decisão contrária ao que maioria das pessoas acredita ser o certo. Uma sociedade que julga a nossa classe social, a nossa aparência, o que vestimos, o que comemos, o que fazemos para viver, o nosso modo de falar, a nossa educação... “Olha, fulano tem tatuagem, deve ser traficante”, “Aquele cara está comendo uma pizza inteira sozinho, por isso é gordo”, “A roupa daquela mulher está tão curta, depois reclama se ser estuprada”... Aí eu te pergunto, a vida é de quem? Antes de sair falando da vida dos outros, será que tentaram conhecer eles antes? Todos tem livre arbítrio para fazer as próprias escolhas, sair julgando quem não é igual a você não te faz melhor que ninguém, te faz ser uma pessoa ignorante, presunçosa...

Vivemos em uma sociedade que julga cada escolha que fazemos sem nem saber o motivo, o porquê dela, que não se interessa em saber tudo antes de atirar pedras, então, por favor, se questione: “Eu sou perfeito?”, “Alguém no mundo é?”, “Por que eu seria melhor do que os outros?”, “Eu nunca erro?”. Não busque ser perfeito, busque ser bom. Até! 

Aprendi que ser corajosa significa sentir medo o tempo todo. A coragem não nos domina, ela luta e enfrenta as dificuldades por meio das palavras e das atitudes que você toma. É uma batalha ou uma dança que vai se impregnando. É preciso coragem para vencer, mas é preciso muito medo para ser corajoso.


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Imperfeitos
(Flawed #1)
Ano: 2016
Páginas: 320
Editora: Novo Conceito
Sinopse:
Celestine North vive em uma sociedade que rejeita a imperfeição. Todos aqueles que praticam algum ato julgado como errado são marcados para sempre, rechaçados da comunidade, seres não merecedores de compaixão.
Por isso, Celestine procura viver uma vida perfeita. Ela é um exemplo de filha e de irmã, é uma aluna excepcional, bem quista por todos do colégio, além do mais, ela namora Art Crevan, filho da autoridade máxima da cidade, o juiz Crevan.
Em meio a essa vida perfeita, Celestine se encontra em uma situação incomum, que a faz tomar uma decisão instintiva. Ela faz uma escolha que pode mudar o futuro dela e das pessoas a seu redor.
Ela pode ser presa? Ela pode ser marcada? Ela poderá se tornar, do dia para a noite Imperfeita?
Nesta distopia deslumbrante, a autora best-seller Cecelia Ahern retrata uma sociedade em que a perfeição é primordial e quem cometer qualquer ato falho será punido. A história de uma jovem que decide tomar uma posição que poderá custar-lhe tudo.