06 agosto, 2020

Resenha :: 457 Milhas

agosto 06, 2020 0 Comentários
*recebido em parceria com o Grupo Editorial Coerência

Olá, pessoa!!!! Vou compartilhar uma leitura que me chamou atenção, em um primeiro momento, não pela capa ou sinopse e sim pelo título. Não sei vocês, mas eu estou louca por uma ótima viagem, que me tire de casa com a promessa de diversão e sem riscos à saúde. Enquanto a realidade não me permite, aproveito para viajar nas histórias e essa viagem com 700 e poucos quilômetros eu mega recomendo. Então, sente no banco do carona dessa caminhonete comigo e vamos viajar!!


A história começa já com o carro em movimento, então vamos descobrir durante o trajeto que o maior problema de Emílio Andolini não é a falta de organização ou seu chefe avoado, muito menos terem confundido os horários do ônibus que levaria a equipe do escritório a uma premiação de publicidade no Uruguai... Sério! Nem mesmo ter de dirigir os setecentos quilômetros de Porto Alegre a 'Punta del Este' por estradas até certa medida bem conservadas, ou sequer chegar moído à premiação que vai consagrá-lo como o maior e melhor publicitário da América Latina.

Dentro do carro, a percepção de tempo era diferente. Nada se alterava. Nem para frente, nem para trás. Era como estar preso nos onze mil dias de Saturno sem saber o que fazer.

Era, no entanto, dirigir até lá com a redatora mais desprezível da agência e sua maior rival desde os tempos de faculdade, encarar oito horas de viagem com a mulher que masca um chiclete atrás do outro, que tem o dom de irritá-lo e que age como a rainha de Sabá do mundo da criação é definitivamente um problema. Um grande problema.


Então, já deu para notar que Emílio fará a narrativa dessa história em primeira pessoa, e sim temos uma história em voz masculina!!! Não sei você, mas adoro e estava sentindo falta, porque mesmo alguém criativo como ele consegue ser mais objetivo nos pensamentos, deixando o texto na medida para essa história.

— (...) mas não foi o tipo legal de tirar o fôlego, o tipo legal que te faz querer confessar todos os teus segredos, sabe?

Já adiantei que a viagem começa em Porto Alegre, então algumas expressões características da região Sul aparecem, mas nada que te faça abrir o Google para entender, então é perfeito para a história te tirar do eixo Rio-São Paulo e te colocar ainda mais em clima de viagem.

Falando em linguagem, preciso dizer que amei os diálogos e também os silêncios dessa história, seja porque na realidade ninguém passa oito horas em um carro tagarelando como se não houvesse amanhã, ou porque o mesmo tempo todo em silêncio seria impossível. Existe o fato também que, junto com o passar das horas e cidades (senti falta de um mapa para ir marcando os pontos citados, mesmo sendo chamada de semi-idosa porque hoje existe GPS, não ligo, queria ver e brincar com a rota, mas enfim...), as situações e conversas levam a uma realidade deliciosa e aquele tipo de conversa mesmo de viagem.

Incomodava porque ela era de carne e osso, porque existia todos os dias. Todos os dados são de carne e osso para alguém.

Que remota a DR (discutir a relação) mais sem noção, confidências e segredos e, claro, tirar a limpo histórias que ficariam estranhas se trazidas à tona em qualquer outro lugar, senão em um carro durante um percurso com hora e local para terminar. Outra coisa que percebi durante os diálogos foi a presença de alguns pontos bem marcantes ligados a profissão de ambos, como a importância da palavra em letras maiúsculas ou minúsculas, na atenção não só à frase, mas ao contexto geral que ela pode representar e ao que não foi dito, mas que fica ali nas entrelinhas esperando ser descoberto. E, claro, que propaganda é a alma do negócio e parece que a senhorita Salles leva isso a sério na própria vida.


E assim, sem nem perceber, fiquei amiga dos ocupantes dos bancos da frente e meio irritada com a aparente indiferença da Pietra Salles, mas logo notei que, como diria o poeta, sorrir demais é desespero e fui descobrindo que existia muito, muito mais por trás daquela fachada de quem veio a mundo para viver em festa e ema uma maré de sorte eterna.

A escolha de cada palavra era o coração de sua profissão.

A narrativa feita por Andolini é tão envolvente que me vi vivendo com ele as emoções na estrada. Claro que em momento nenhum da leitura achei que iria ficar sabendo das revelações de ambos, que são a grande virada na trama e, sem dúvida, o ponto decisivo do relacionamento de ambos. Acho que mesmo sem querer acabamos julgando o próximo por nossas medidas e caímos no erro de achar que a grama dele é mais verde. Foi algo tocante ver o tratamento antes feito pelos sobrenomes ir mudando para mais pessoal e íntimo. Claro que você, como eu, vai logo dizer: “Hey, eu sei que todo esse ódio na verdade é amor no fundo no fundo, se acertem!”. Mas, assim como a estrada precisava ser percorrida, as coisas entre eles precisavam encontrar um rumo antes de seguirem ao destino, sendo esse qual fosse.

Por fim, me encantei com todos os significados das coisas, como a importância de Saturno, que acabou por me lembrar de que nós somos muito daquilo que faz parte de nossas vidas no todo: como trabalho, hobbies e, principalmente, do quem buscamos ser com nossas escolhas. Para ser perfeito, acho que deveria ter a explicação psicológica do porquê daquele ato de puxar a borrachinha no braço que, de tanto atrito com a pele, coloria Saturno. Mas ainda sim, nada que tire o brilho e diminua a história... Só me deixou com esse gostinho de curiosidade não satisfeita.


Vale muito dizer que essa história foi vencedora do SweekStars 2018, da plataforma online Sweek. E posso dizer, depois de ler, que foi super merecido! Então leia, divirta-se e concorde comigo... rs. 

A edição está encantadora, ótima encadernação e impressão, papel e fonte confortáveis para leitura. Diagramação linda e uma revisão impecável, sem erros de ortografia ou digitação.

Boa leitura.


Nota ::  4,5


Informações Técnicas do livro

457 Milhas
Ano: 2019
Páginas: 152
Editora: Coerência
Sinopse:
O maior problema de Emílio Andolini não é a falta de organização ou seu chefe avoado. Não é um problema terem  confundido os horários do ônibus que os levariam a uma premiação de publicidade no Uruguai ou ter de dirigir os setecentos quilômetros de Porto Alegre a Punta del Este por estradas até certa medida bem conservadas. O problema não é chegar moído à premiação que vai consagrá-lo como o maior e melhor publicitário da América Latina.
No entanto, dirigir até Punta del Este com a redatora mais desprezível da agência e sua maior rival desde os tempos de faculdade definitivamente é um problema. Encarar oito horas de viagem com a mulher que masca um chiclete atrás do outro, que tem o dom de irritá-lo e que age como a rainha de Sabá do mundo da criação é um problema. Um grande problema.
O maior problema de Emílio Andolini não é a falta de organização ou seu chefe avoado. O maior problema de Emílio Andolini é Pietra Salles.
Simples e delicado assim.


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Dinâmica, inovadora, eclética e arrojada, a Editora Coerência já chega ao mercado revelando seu diferencial: a divulgação dos autores nacionais, que têm tanta dificuldade em se fazerem notar.
Criada não apenas para viabilizar a publicação de autores (ainda) não renomados, a Coerência conta com toda uma equipe de revisores, diagramadores, ilustradores, capistas e assessores, que preparam a obra para que esta chegue com qualidade à casa de milhares de leitores em todo o Brasil.
Foi pensando em fazer com que sonhos tivessem vida que a editora-chefe, Lilian Vaccaro, formulou a Coerência, para que se tornasse não mais do mesmo, e sim um lugar onde o autor pode, acima de tudo, se realizar e ganhar experiência no mercado editorial.


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04 agosto, 2020

Resenha :: Vale do Arco-íris (Anne de Green Gables #7)

agosto 04, 2020 5 Comentários

  Pode conter spoiler dos livros anteriores.

Confira as resenhas dos primeiros livros da série!


Oi, faroleiros. Chegamos ao sétimo livro da série Anne. A série continua a narrar o transcorrer da vida de nossa ruiva mais querida, porém agora o foco são seus filhos e os outros moradores do porto de Four Winds e do povoado Glen St. Mary. Foi um sentimento agradável e feliz pegar este livro para ler e me senti retornando para o lar. Uma leitura certa de tirar qualquer estresse ou ressaca literária. É interessante também ver como a fofoca movimenta uma sociedade em qualquer lugar. A diferença é se a fofoca é apenas um relato de coisas que aconteceram ou o aumento de um fato ocorrido ao extremo de se inventar uma história e repassá-la como verdade.


Mas, para as aventuras noturnas não havia nenhum lugar como o pequeno vale atrás do bosque de bordos. Era um reino mágico de sonhos para eles. Uma vez, olhando das janelas do sótão de Ingleside, através da névoa e dos resultados de uma tempestade de verão, as crianças tinham visto o adorado lugar sendo atravessado por um glorioso arco-íris, e um dos extremos parecia afundar-se em um ponto onde o rincão do riacho penetrando no vale.
– Vamos chama-lo de Vale do Arco-íris – disse Walter, encantado, e o lugar ficou conhecido por este nome daí em diante.

Nesta história temos a alegria de ver o desenvolvimento dos filhos de Anne, as particularidades de cada um, bem como também a lição de que a beleza está nos olhos de quem a vê, que com imaginação e bons sentimentos a diversão é garantida e a alegria certa. Estas são coisas que não faltam na mente e no coração das crianças e os filhos da Anne criam em um pequeno recanto da natureza o seu paraíso particular ao qual nomearam de Vale do Arco-íris e com prazer compartilham este lugar especial com seus novos amigos, os filhos do novo pastor Presbiteriano. Outra questão bastante divertida de se observar em toda a série de Anne é a meio que disputa entre os membros da igreja Presbiteriana e Metodistas. É raro a autora citar outra denominação religiosa.


Temos várias aventuras protagonizadas principalmente pelas crianças do clã Meredith, algumas em parceria com os filhos da Anne, estes que por sinal tem suas cotas de aventuras também. E de todos os fatos narrados podemos tirar várias lições para a vida de maneira impressionante. Esta série é uma leitura riquíssima em todos os sentidos. Não podíamos ficar sem aqueles momentos que rimos muito, mas há também aqueles momentos de nos levar às lágrimas. Todos os livros da série possuem um enredo muito rico, pois a história não fica presa a Anne e sua família, na realidade neste livro o foco fica na família dos Meredith, tanto nas crianças, com no seu pai que é viúvo e, segundo o consenso geral das matronas de sua igreja, precisa se casar.


É maravilhosa a maneira que a Lucy narra todos os fatos, principalmente o modo de vida daquela época, nos levando a nos sentir dentro da história e também a refletir e comparar com tantas maneiras que temos vivido atualmente. Eu acredito que teria gostado muito de viver no mesmo lugar que a Anne e ser amiga de toda a sua família. Se tornou um sonho conhecer a Ilha de Príncipe Edward.

Não existe momento, em nossa vivência, em que seja prudente pensar que a vida terminou. Quando imaginamos que a nossa história está finalizada, o destino tem a habilidade de virar a página e nos mostrar que há ainda mais um capítulo.


A quantidade de citações literárias em Anne é maravilhosa e mais especial ainda todas as notas de rodapé que a editora sempre põe em cada livro. A capa é linda e combina perfeitamente com uma cena do livro, a tradução é perfeita. A cada novo livro eu amo mais esta série e a família Blythe. Este é um clássico atemporal com certeza e para qualquer idade.

Boa leitura,

Carol Finco


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Vale do Arco-íris
Anne de Green Gables #7
Ano: 2020
Páginas: 232
Editora: Pedrazul
Sinopse:
O Vale do Arco-Íris é o sétimo livro da série de Anne. O título revela o nome do esconderijo dos seis filhos de Anne Shirley. Após 15 anos casada com Gilbert Blythe, a mãe suspeita do comportamento de seus filhos. A localização do esconderijo Vale do Arco-Íris está ameaçada por uma família que acaba de chegar na comunidade, o clã Meredith. É a família do novo pastor presbiteriano que se mudou para trabalhar na casa paroquial próximo a Ingleside. Ele tem dois filhos e duas filhas e uma tia velha. Os Meredith vão dar o que falar na região.
As surpresas não acabam aí! Uma garota órfã chamada Mary Vance é encontrada em um velho celeiro. Os filhos de Anne, a órfã e os filhos do pastor se juntam no Vale do Arco-Íris. A missão é clara: salvar Mary do orfanato. Enquanto as crianças vivem suas aventuras, o pastor do clã Meredith quer encontrar um amor e um galo de estimação pode acabar na panela.


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Livro Físico

31 julho, 2020

Resenha :: Filho da Noite

julho 31, 2020 0 Comentários
*recebido em parceria com a Editora Valentina

Olá, pessoa!! Eu me encantei com a sinopse e as apresentações do livro durante a pré-venda da editora e fiquei curiosa sobre ele. Então, após a leitura, posso contar como foi minha experiência e, quem sabe, abrir o caminho para que você tenha a sua.

Logo no início me senti como alguém sendo convidada ao palco. Com uma narração quase onírica, vamos lendo e cada detalhe é praticamente impresso na imaginação, criando o cenário. O convite é irresistível,  porque não existe melhor palco que o da própria vida, para se contar uma história. E alerto que, desde o começo, fica marcante a cultura da cena, dos ambientes e das marcações que fazem deste autor, tão brilhante e premiado ator.


A vida é uma fantasia muito pesada.

A trama é dividida em dois atos. O primeiro fala sobre Agenor, um senhor já velho e viúvo, com antigos hábitos e uma rigorosa rotina. Durante o dia, tem a companhia de Cinira, empregada e amante, que se submete ao patrão em troca de sonhos, em especial o de se casar com seu noivo. Porém, na velha casa existe um segredo e, como é sabido, a existência de um implica em alguém, neste caso Agenor, tentando escondê-lo e noutro alguém buscando revelá-lo. Assim, vamos entendendo um pouco do que motiva a existência do segredo, porque Agenor se mantém preso ao passado que virá em busca do ajuste de contas.

Por vezes, a história traz do cotidiano, do corpo e da vida, algo vulgar, cru e ainda sim natural. Em algumas passagens o desconforto é inevitável, mas, ainda sim, proposital. Ao meu ver, deixando a trama visceral, humana, real. Impossível não lidar com o racismo que nossa sociedade diz não existir, entregando assim tudo que a sinopse prometeu, sem em momento nenhum dizer que iria agradar. E talvez o brilhantismo da obra esteja nessa não entrega do agradável e sim o olhar de quem saiu da caixa, do conforto. 

Agenor — como é próprio e óbvio para esse tipo de personagem — não tem amigos, seus clientes são praticamente vozes.

A narrativa, com certeza, é fora da zona de conforto de muitos leitores, e devo dizer que de modo algum desanima, pelo contrário, instiga a leitura. Que tem o narrador em terceira pessoa, “O dramaturgo”, que rege as cenas e os destinos dos personagens, com  uma ironia fina, refinada, alternando a linguagem, ora formal e na norma culta e noutro momento o popular, corriqueiro e cotidiano das periferias, fazendo assim um jogo de contrastes, de quase antagonismo de universos que se encontram e se repelem por serem distintos, coexistindo na mesma história. Esse destaque fica evidente nos diálogos e também na ausência deles, quando existe aceitação de que algumas coisas simplesmente são como são.

Qual o contexto? Não sei. Querem mais personagens, mais tramas em suas vidas... ridículo, eu acho, desnecessário. Querem a objetividade, querem multidão, sentimento, histórias de amor, aventura... querem entender o que é real, o que é sonho, o que é vida.


O primeiro ato termina com um final que poderia encerrar o livro, se não tão habilmente abrisse caminho para o segundo, deixando a sensação quase de alívio por não ser exatamente um fim. E, preciso dizer, que é surpreende a gama de emoções e pensamentos que me acompanharam nessa breve pausa. Quantas referências culturais e também históricas eu pude observar, a dura realidade de quem precisa lutar para sobreviver e, ainda sim, não faz mais que existir e não viver.

Nesse momento, entendo como somos imprescindíveis, como cada gesto nosso é fundamental para saúde do universo, como podemos destruir ou criar com uma palavra dita, mesmo que em segredo ou apenas pensada.

Nessa segunda parte temos o fruto da primeira. Antônio com a mente abençoada pela linhagem do pai e avós e a libido recebida como herança materna. Investigador da polícia civil, mostra-se dúbio todo o tempo, vivendo a vida na zona cinza entre o bem e o mal. Afinal, mais uma vez o passado vem receber a dívida, que sempre vence no tempo presente. Ambas as partes se contrastam em seus momentos, mostrando diferentes sentimentos e atitudes durante as mesmas situações que fazem parte da vida, da morte.

A natureza acontece com sua matemática surpreendente, sem preocupação em dar satisfação a ninguém.

A leitura é densa e cheia de nuanças, não é uma história para ser lida de uma vez, requer tempo e reflexão, uma pausa para absorver o que fica subtendido. Assim me vi fascinada por tantas emoções. Espero que você viva a experiência dessa leitura, que termina com o quase apagar das luzes, fechar das cortinas e a espera para que os atores voltem ao palco e recebam do público o merecido aplauso.


O livro em si é um espetáculo à parte. A encadernação perfeita, papel amarelo e impressão para uma leitura muito confortável. Diagramação excelente e cheia de detalhes, informações não tão óbvias. A revisão está impecável sem erros de digitação ou ortografia. Enfim, a marca Valentina de qualidade no projeto gráfico.


Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Filho da Noite
Ano: 2020
Páginas: 136
Editora: Valentina
Sinopse:
Caro Leitor, você deve estar, neste momento, se perguntando sobre Filho da Noite, certo? Então... vamos lá:
Desconfio que eu seja sombrio, vulgar (como sempre), lírico, erótico, engraçado, romântico(?). Desconfio que eu namore com o terror, com o suspense, com a loucura, com o estranho. Desconfio que eu tenha um final feliz. Sou um romance em duas partes que talvez se comuniquem.
Filho da Noite traz uma perturbadora narrativa, cheia de detalhes, um verdadeiro delírio, ou não? O filho, o pai. O segredo, o casarão, as mãos sujas de culpa e nenhum arrependimento. Sua narrativa tem elementos de terror psicológico. Disponha-se a devorar dois livros que facilmente poderiam desmembrar-se em muitos.
“Como aperitivo, adianto que a segunda parte do livro começa em clima de soft-pornô ou de romance noir. Nela, o novo protagonista parece ser dono de sua história, até cair num labirinto metafísico, espécie de looping do eterno retorno. E não me atrevo a revelar o final para não estragar a surpresa e a alegria do leitor.
Toda vez que sê lê um novo livro, temos a tentação de imaginar a sua genealogia. Para ajudar a decifrá-lo, por um lado, mas também para despi-lo de sua dissonância, de sua diferença. Dentro dessa procura pela semelhança, digamos que Calloni parecia cultivar a desordem de Clarice e a liberdade linguística de Guimarães Rosa.” – Geraldo Carneiro.


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Para a Editora Valentina, leitura é, acima de tudo, entretenimento.
Olho vivo e faro fino.
Esse é, na verdade, o lema de todo grande editor. E a pinscher dessa editora encarna esse lema como ninguém.


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29 julho, 2020

Resenha :: Adorável Cretino

julho 29, 2020 0 Comentários

Clichês não me incomodam, pelo contrário, gosto muito, mas este, além de tudo, foi uma grata e bela surpresa. Coloque em um contexto a cidade que nunca dorme, um rico empresário pegador, uma loira que não leva desaforo para casa e um bom desafio. Pronto, temos o enredo de Adorável Cretino.

Jason é dono das melhores redes de hotéis de Las Vegas e, apesar de ser muito bom no que faz, não perde a oportunidade de passar suas noites com uma mulher diferente. Quando está de saída de uma festa em um bar com o seu melhor amigo, se depara com uma loira linda. E ele logo dá em cima dela, mesmo que a garota com que ele acabara de estar esteja do lado da loira. Mas enfim, ele parte para o ataque.

Jason disse que não fazia sentido estar dormindo em sua casa todos os dias e não ter minhas coisas por lá. Bom, aqui estou eu, tendo uma relação de marido e mulher sem ao menos ter me casado de fato. E o mais louco disso tudo é que estamos exatamente na cidade onde os casamentos são rápidos e práticos...

Hellen é uma jovem que acabou de se formar na faculdade e está em Las Vegas por causa de um estágio muito concorrido que ela conseguiu junto com sua melhor amiga. Ela detesta badalação, e se sente deslocada em certos ambientes (como este, por exemplo). Ela não entende como as mulheres podem se desvalorizar tanto, se envolvendo com caras que só querem levá-las para a cama, sem nem saber o seu nome. Como essa idiota que está dando um escândalo por um cara que está, descaradamente, dando em cima dela, sem ela estar a fim dele. Mas ela tem um plano!

Ela se mostra interessada e aceita a bebida. Enquanto Jason já estava se achando "O CARA", Hellen do nada se vira , o empurra para dentro da piscina e quando Jason se dá conta, completamente furioso, a loira desapareceu.

É claro que Hellen não contava que o rapaz que ela quase afogara na piscina, completamente fulo da vida, era o neto/dono do hotel em que irá estagiar. E aí a confusão está armada. Pois quando Jason percebe a feliz coincidência tenta, como quem não quer nada, insinuar que com favores sexuais ele poderia esquecer o ocorrido e Hellen, mais do que de pressa, lhe dá um bom e merecido chute entre as pernas e, é claro, sai em disparada, certa de que dessa vez ela estará desempregada.

Apesar de muito furioso, Jason vê em Hellen um delicioso desafio.

A história é cheia de confusões hilárias, que só esses dois podem se meter.

Na verdade eu a amo exatamente por ela não ser previsível. Hellen é uma surpresa a cada dia. Ela me fascina e me faz querer agrada-la o tempo todo, não o contrario. Conversamos sobre negócios, sobre todos os assuntos e não vejo outra pessoa com pensamentos tão parecidos com os meus. Sempre que a encontro, sinto vontade de contar a ela sobre o meu dia. Tenho interesse em saber sobre como foi o seu dia e apenas conversar.

Não tem aquele livro que te conquista na primeira página, então é muito raro isso acontecer comigo, geralmente o livro me ganha no decorrer da história. A impressão que eu tive é que a Camila pegou o cara mais cretino que ela conhece, abriu sua cabeça, tirou tudo que ela achava interessante e, a partir daí, ela criou uma história incrível, hilária, fofa e sensual sem ser erótica.

Sim, eu não posso considerar este um livro erótico, tem insinuação, eles falam bastante no assunto, mas a autora é tão sutil nas partes picantes que, mesmo sem ser dito o que aconteceu, você tem a plena certeza de que foi perfeito. O fato dela não entrar muito no assunto não faz falta para a história se tornar interessante. E, gente, é sério, como eu ri com este livro, como eu disse, foi uma grata surpresa e super recomendo.

Jason é cheio de regras e, a cada dia, ele acaba quebrando várias delas com Hellen, e o mesmo acontece com ela. O livro é narrado pelos dois personagens, mas com o Jason é como se ele estivesse se desabafando, conversando com o leitor. E ôôôôôô homem para falar verdades besteiras.

Desculpem mulheres, mas preciso ser sincero agora; por que diabos vocês colocam cintas, cílios, lentes e cabelos falsos, se tem a intenção de dar? Vocês realmente acham que isso é um fator positivo para suas noites à procura de um macho alfa como eu? Acho que não!

Nós mulheres, somos confrontadas todos os meses com a maldita TPM. E, é por esse motivo, nesse momento me sinto irritada além do normal. Minha língua se transforma em uma arma, e durante esses cinco dias que acontecem... nós, mulheres, deveríamos ficar em casa, nos entupindo de chocolate, em vez de massacrar pessoas que não tem nada a ver com nossos malditos hormônios...
— Desculpe "Sr. Ego Ferido", não estou acostumada a conviver com pessoas do seu nível social. Seu avô, entretanto, é um homem encantador diferente de você — Ele realmente se sentiu ofendido.
— Você já namorou alguma vez? Deve ser complicado para um homem aguentar esse seu mau humor contínuo.
— Sim, namorei, e os homens que namorei, acredite você ou não, são mais humanos e tratam as mulheres com muito mais respeito que você — Agora seu rosto é indescritível. Acho que feri seu ego novamente...




Nota :: 


Informações Técnicas do livro

Adorável Cretino
Ano: 2015
Páginas: 256
Sinopse:
Jason Hoffman é um empresário bem-sucedido do ramo hoteleiro em Las Vegas. Sua vida se divide entre reuniões de trabalho e festas luxuosas à caça de belas mulheres que possam lhe proporcionar inebriantes noites de prazer. Com uma personalidade envolvente e sedutora, ele sabe exatamente o efeito que causa nas mulheres e, por isso, consegue seguir à risca uma de suas regras primordiais: jamais ficar com a mesma mulher por muito tempo. 
E, apesar de ser um grande cretino, Jason terá de reconsiderar suas regras, visto que uma única mulher parece não ceder a elas. Hellen Jayne é inteligente, segura de si e sabe se valorizar no que diz respeito ao seu trabalho no meio turístico e aos homens, por isso não se deixa inebriar pelos jogos de sedução de homens como Jason Hoffman. Após se conhecerem em uma festa e o flerte terminar no fundo da piscina, ambos terão de lidar com uma ironia do destino ao se reencontrarem no ambiente corporativo.